sexta-feira, 19 de junho de 2015

PIONEIRISMO



“Estudar, pois a educação é um tesouro que ninguém pode roubar!”


Maria do Céu Alves Torres Khoury – Educadora


Mais uma vez fomos ao Pará, para começar a escrever a trajetória de uma pioneira da educação. Esta semana estamos escrevendo sobre Maria do Céu Alves Torres Khoury, com a ajuda de suas filhas, Ilka, Eliana e Hilma Khoury. Ao verificar que a mestra Maria do Céu, como era conhecida no magistério, era natural de Marapanim, tomamos a certeza dos motivos da alegria eterna dessa família. Carimbó.



Maria do Céu nasceu em Cafezal, município de Marapanim (PA), em 04/06/1929. Penúltima filha do comerciante Pedro dos Santos Torres, nordestino nascido em Vila de Touros, Rio Grande do Norte, e de Dona Blandina Alves Torres, natural de Marapanim. Tinha oito irmãos e quatro meios-irmãos. A nossa pioneira teve uma infância como a maioria das crianças amazônidas, a beira da praia e igarapés, convivendo com a natureza exuberante da Amazônia, coisa exclusivamente nossa. Passou a infância em Cafezal e, aos 11 anos mudou-se com a família para Belém.

O motivo é o tradicional, dar continuidade aos estudos, que infelizmente naquela época acontecia nos principais centros urbanos. Estudou inicialmente na Escola Isolada Mista de Cafezal. Com a mudança para Belém, estudou no Grupo Escolar Vilhena Alves.  Formou-se Professora Normalista, em 1947, pela Escola Normal, atual Instituto de Educação do Pará (IEP), e diplomou-se com distinção em contabilidade pela Escola Técnica de Comércio Fenix Caixeiral Paraense, em 1951.
 
Última foto da família com Edmundo, que viria a falecer
menos de 15 dias depois, já estava bastante debilitado,
Da esquerda para a direita em pé


Vinda para Macapá
Em 1952, a professora normalista e técnica em contabilidade, foi convidada para trabalhar como professora no recém-criado Território Federal do Amapá, deslocando-se por via fluvial após assinar o contrato na representação do Amapá, em Belém. Já em Macapá, deu continuidade a seus estudos e realizou capacitações tais como: Curso da CADES, habilitando-se em Português e Educação Moral e Cívica; Curso Polivalente da Universidade Federal do Pará, diplomando-se em Letras, com habilitação em Língua Portuguesa, em 1973.

Após o curso de férias, metodologia utilizada na época pelo sistema do então Território para capacitar os professores que atuavam nas regiões interioranas do Amapá. Maria do Céu foi destacada pelo diretor de educação, senhor Marcílio Filgueira Viana, para trabalhar na Escola Rural de Macacoari, hospedando-se na casa do fazendeiro Eugênio Machado.

A professora Maria do Céu trabalhou com várias professoras, pelas escolas onde lecionou, que também estão entre as pioneiras da Educação no Território do Amapá, entre elas: Deuzuite Cavalcante, Carmelita do Carmo, Osmarina Nunes da Silva, Nely Redig, Risalva Freitas do Amaral, Corila Reis da Costa, Ana Alves de Oliveira, Josefa Santos, Josefa Lobo, Lucimar Brabo Alves, Dulce Castro de Moraes, Maria Helena Amoras, Carlinda Barreto, Maria Dorothy, entre outras.

Casamento
No Macacoari, conheceu Edmundo Limeira Khoury, comerciante de Clevelândia, no município do Oiapoque, que estava a passeio na localidade. Após o noivado, no final de 1952, a professora Maria do Céu conseguiu sua transferência para o Grupo Escolar do Oiapoque.
Edmundo e Maria do Céu casaram-se em 24 de dezembro de 1953, na Catedral da Sé, em Belém. Casamento que duraria 47 anos, até o falecimento de Edmundo, em 11/01/2001.

Da fronteira para a capital
Após o casamento, o casal mudou-se para Macapá. A professora Maria do Céu foi lecionar no Grupo Escolar Barão do Rio Branco e Edmundo continuou trabalhando como comerciante em Macapá, depois passou um período trabalhando na gerência da companhia Aérea Real e, em 1958, foi trabalhar na Companhia de Eletricidade do Amapá - CEA, onde exerceu o cargo de tesoureiro até a sua aposentadoria, em final de 1981.
 
Em frente ao Alexandre Vaz Tavares no início dos anos 60

Residiram inicialmente na Rua São José e, em 1955, a família mudou-se para a casa própria, na Av. Ataíde Teive, Bairro do Trem, onde residiu durante quase 30 anos, até a mudança para Belém, após a aposentadoria do casal e por necessidade de estudo dos filhos.

O casal teve oito filhos: Hilma, Eliana, Ilka, Faek Neto, Eliene, Edmundo Filho, Paulo e Olga, que foram criados na tranquilidade do antigo Bairro do Trem. A família, com formação cristã, frequentava a Igreja de N. Sª. da Conceição, onde Maria do Céu participava do Apostolado da Oração e, seu esposo, da Congregação Mariana.

A professora Maria do Céu alfabetizou todos os seus filhos, que quando iam para a escola já estavam iniciados na leitura. Os estudos eram meta prioritária do casal para a vida de seus filhos e, nesse sentido, não mediam esforços para alcançar o objetivo de chegar ao ensino superior, o que foi alcançado pelos oito filhos, todos formados pela Universidade Federal do Pará, coroando de êxito o empenho e esforço do casal.

Tiveram além dos oito filhos, dez netos e três bisnetos, aposentou-se em março de 1982, após quase 30 anos de magistério. Atualmente mora em Belém, onde reside a maioria dos seus filhos, apenas duas de suas filhas não estão em Belém, Eliana Khoury, que reside em Macapá (médica neurologista), e a filha mais nova, Olga, também médica, que reside na Inglaterra.

Uma dica para a juventude
"Estudar, pois a educação é um tesouro que ninguém pode roubar!" (Ela costumava utilizar essa frase para incentivar os filhos a estudar).






ESCOLAS EM QUE TRABALHOU E
CARGOS QUE EXERCEU
Trabalhou como professora do curso primário nas seguintes escolas:
Escola Rural do Macacoari, em 1952;
Grupo Escolar do Oiapoque, em 1953;
Grupo Escolar Barão do Rio Branco, 1954 e 1955;
Grupo Escolar Alexandre Vaz Tavares, do final de 1955 a 1964;
Grupo Escolar Paroquial Padre Dário, de 1965 a 1968.

LECIONOU LÍNGUA PORTUGUESA NOS
CURSOS GINASIAL E FUNDAMENTAL:
Instituto de Educação do Território do Amapá - IETA - 1969
Ginásio Feminino de Macapá - 1970 a 1971
Colégio Castelo Branco - 1972 a 1973
Ginásio Feminino de Macapá/Escola Irmã Santina Rioli - 1974 a 1978


Nos últimos anos de sua atividade profissional trabalhou no Departamento de Ações                                  Culturais da Secretaria de Educação do Território Federal do Amapá.

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