“Estudar, pois a
educação é um tesouro que ninguém pode roubar!”
Maria
do Céu Alves Torres Khoury – Educadora
Mais uma vez fomos ao
Pará, para começar a escrever a trajetória de uma pioneira da educação. Esta
semana estamos escrevendo sobre Maria do Céu Alves Torres Khoury, com a ajuda
de suas filhas, Ilka, Eliana e Hilma Khoury. Ao verificar que a mestra Maria do
Céu, como era conhecida no magistério, era natural de Marapanim, tomamos a
certeza dos motivos da alegria eterna dessa família. Carimbó.
Maria do Céu nasceu em Cafezal,
município de Marapanim (PA), em 04/06/1929. Penúltima filha do comerciante
Pedro dos Santos Torres, nordestino nascido em Vila de Touros, Rio Grande do
Norte, e de Dona Blandina Alves Torres, natural de Marapanim. Tinha oito irmãos
e quatro meios-irmãos. A nossa pioneira teve uma infância como a maioria das
crianças amazônidas, a beira da praia e igarapés, convivendo com a natureza
exuberante da Amazônia, coisa exclusivamente nossa. Passou a infância em
Cafezal e, aos 11 anos mudou-se com a família para Belém.
O motivo é o tradicional, dar
continuidade aos estudos, que infelizmente naquela época acontecia nos
principais centros urbanos. Estudou inicialmente na Escola Isolada Mista de
Cafezal. Com a mudança para Belém, estudou no Grupo Escolar Vilhena Alves. Formou-se Professora Normalista, em 1947,
pela Escola Normal, atual Instituto de Educação do Pará (IEP), e diplomou-se
com distinção em contabilidade pela Escola Técnica de Comércio Fenix Caixeiral
Paraense, em 1951.
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Última foto da família com Edmundo, que viria a falecer menos de 15 dias depois, já estava bastante debilitado, Da esquerda para a direita em pé |
Vinda para Macapá
Em 1952, a professora normalista e
técnica em contabilidade, foi convidada para trabalhar como professora no
recém-criado Território Federal do Amapá, deslocando-se por via fluvial após
assinar o contrato na representação do Amapá, em Belém. Já em Macapá, deu
continuidade a seus estudos e realizou capacitações tais como: Curso da CADES,
habilitando-se em Português e Educação Moral e Cívica; Curso Polivalente da
Universidade Federal do Pará, diplomando-se em Letras, com habilitação em
Língua Portuguesa, em 1973.
Após o curso de férias, metodologia
utilizada na época pelo sistema do então Território para capacitar os
professores que atuavam nas regiões interioranas do Amapá. Maria do Céu foi
destacada pelo diretor de educação, senhor Marcílio Filgueira Viana, para
trabalhar na Escola Rural de Macacoari, hospedando-se na casa do fazendeiro
Eugênio Machado.
A professora Maria do Céu trabalhou com
várias professoras, pelas escolas onde lecionou, que também estão entre as
pioneiras da Educação no Território do Amapá, entre elas: Deuzuite Cavalcante,
Carmelita do Carmo, Osmarina Nunes da Silva, Nely Redig, Risalva Freitas do
Amaral, Corila Reis da Costa, Ana Alves de Oliveira, Josefa Santos, Josefa
Lobo, Lucimar Brabo Alves, Dulce Castro de Moraes, Maria Helena Amoras,
Carlinda Barreto, Maria Dorothy, entre outras.
Casamento
No Macacoari, conheceu Edmundo Limeira
Khoury, comerciante de Clevelândia, no município do Oiapoque, que estava a
passeio na localidade. Após o noivado, no final de 1952, a professora Maria do
Céu conseguiu sua transferência para o Grupo Escolar do Oiapoque.
Edmundo e Maria do Céu casaram-se em 24
de dezembro de 1953, na Catedral da Sé, em Belém. Casamento que duraria 47
anos, até o falecimento de Edmundo, em 11/01/2001.
Da fronteira para a capital
Após o casamento, o casal mudou-se para
Macapá. A professora Maria do Céu foi lecionar no Grupo Escolar Barão do Rio
Branco e Edmundo continuou trabalhando como comerciante em Macapá, depois
passou um período trabalhando na gerência da companhia Aérea Real e, em 1958,
foi trabalhar na Companhia de Eletricidade do Amapá - CEA, onde exerceu o cargo
de tesoureiro até a sua aposentadoria, em final de 1981.
Residiram inicialmente na Rua São José
e, em 1955, a família mudou-se para a casa própria, na Av. Ataíde Teive, Bairro
do Trem, onde residiu durante quase 30 anos, até a mudança para Belém, após a
aposentadoria do casal e por necessidade de estudo dos filhos.
O casal teve oito filhos: Hilma, Eliana,
Ilka, Faek Neto, Eliene, Edmundo Filho, Paulo e Olga, que foram criados na
tranquilidade do antigo Bairro do Trem. A família, com formação cristã,
frequentava a Igreja de N. Sª. da Conceição, onde Maria do Céu participava do
Apostolado da Oração e, seu esposo, da Congregação Mariana.
A professora Maria do Céu alfabetizou
todos os seus filhos, que quando iam para a escola já estavam iniciados na
leitura. Os estudos eram meta prioritária do casal para a vida de seus filhos
e, nesse sentido, não mediam esforços para alcançar o objetivo de chegar ao
ensino superior, o que foi alcançado pelos oito filhos, todos formados pela
Universidade Federal do Pará, coroando de êxito o empenho e esforço do casal.
Tiveram além dos oito filhos, dez netos
e três bisnetos, aposentou-se em março de 1982, após quase 30 anos de
magistério. Atualmente mora em Belém, onde reside a maioria dos seus filhos,
apenas duas de suas filhas não estão em Belém, Eliana Khoury, que reside em
Macapá (médica neurologista), e a filha mais nova, Olga, também médica, que
reside na Inglaterra.
Uma dica para a juventude
"Estudar,
pois a educação é um tesouro que ninguém pode roubar!" (Ela costumava
utilizar essa frase para incentivar os filhos a estudar).
ESCOLAS
EM QUE TRABALHOU E
CARGOS
QUE EXERCEU
Trabalhou
como professora do curso primário nas seguintes escolas:
Escola
Rural do Macacoari, em 1952;
Grupo
Escolar do Oiapoque, em 1953;
Grupo
Escolar Barão do Rio Branco, 1954 e 1955;
Grupo
Escolar Alexandre Vaz Tavares, do final de 1955 a 1964;
Grupo
Escolar Paroquial Padre Dário, de 1965 a 1968.
LECIONOU
LÍNGUA PORTUGUESA NOS
CURSOS
GINASIAL E FUNDAMENTAL:
Instituto
de Educação do Território do Amapá - IETA - 1969
Ginásio
Feminino de Macapá - 1970 a 1971
Colégio
Castelo Branco - 1972 a 1973
Ginásio
Feminino de Macapá/Escola Irmã Santina Rioli - 1974 a 1978
Nos
últimos anos de sua atividade profissional trabalhou no Departamento de Ações Culturais da
Secretaria de Educação do Território Federal do Amapá.
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