A VERDADE DEVE SER DITA
Rodolfo
Juarez
Em tempos de crise tudo o
que poderia ser encarado com normalidade e como erro eventual passa a
constituir-se resultado superavaliados e, especialmente, cheio de penduricalhos
prontos para serem colocados no pescoço de um e de outro, conforme a preferência
daqueles que ficam encarregados de dar as desculpas.
O envolvimento emocional,
principalmente dos dependentes diretos – ou quase –, é construído de forma a
dar a nítida impressão de que o responsável pelo resultado não é o responsável
e aquele nada tinha a ver com o caso para ser o principal reflexo do que
poderia ter sido e que não foi.
O episódio da liberação do
recurso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que
consta do plano de desembolso atual do banco para pagamento futuro do Estado do
Amapá se transformou em um mistério, cheio de hipóteses, cada uma mais
escabrosa, mas funcionando sempre como cortina para a inapetência daqueles que já
tinham avisado aos chefes e, principalmente, aos diretamente favorecidos, de
que tudo estava devidamente resolvido.
Que nada!
Em tempos de crise as
questões são tão instáveis que não dão trégua para nenhum gestor negligenciar
quando às providências, mesmo as mais primárias e obvias, no sentido da
classificação do que realmente está resolvido.
A gestão financeira das
organizações públicas caminha no caminho crítico dos gráficos de desembolso
tocando, de vez em quando, nas barreiras que são criadas como garantia para a
informação correta e a minimização da taxa de erro.
Então, para garantir a
confirmação de todas as informações, é preciso que sejam levados em
consideração os elementos próprios do tempo de crise. O exemplo do desembolso
do BNDES é apenas mais um e que precisa ser analisado, principalmente quando
não há espaço para qualquer tipo de manobra ou retardamento.
A frustração daqueles que
estavam certos de que tudo o que sabiam era confiável, foi trucidada pela
cadeia de compromissos formados a partir da informação dita sem as ressalvas
necessárias e sem levar em consideração todos os fatores, inclusive aqueles
considerados irrelevantes.
Não adianta mais administrar
com desejos ou vontades exclusivamente. É preciso que se reserve um espaço
considerável para as decorrências da crise que afeta a todas as instituições e,
como reflexo, em todos os cidadãos.
É bom considerar que a
estabilidade será sempre buscada de cima para baixo, sem espaço para erros e
sem centrar as atenções nos reflexos eleitorais. Os problemas precisam ser
encarados com realidade e, principalmente, ditos com essa mesma honestidade,
sem procurar ‘chifre em cabeça de cavalo’.
Muito embora se compreenda
alguns comportamentos, nada pode superar os limites da coerência e do
entendimento da realidade atual. De pouco está interessando para os executivos,
o como era. Agora vale muito mais o “como é” e o “como será”.
Confiança no que faz e o
exercício da verdade devem prevalecer para que os problemas não sejam
dificultados ainda mais, por ação ou inação de um gestor que teria apenas que
dizer a verdade, inclusive àquela que não agrada.
Tomara que as etapas desse
episódio sirvam como lição e que a lição decorrente seja aprendida para que não
seja aumentado, ainda mais, o desespero daqueles que estão convivendo com as
suas próprias dificuldades e as dificuldades dos outros.
A verdade deve ser dita. A
mentira precisa ser eliminada. E quem errar a escolha deve ser dispensado para
que a população não seja, mais uma vez, a depositária dos maus resultados que
estão expostos por ai.
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