quinta-feira, 23 de julho de 2015

ARTIGO DO TOSTES


A versão 2015: afinal, quanto custa tapar um buraco?


José Alberto Tostes

Este artigo foi escrito pela primeira vez em julho de 2012, com a clara finalidade de contribuir para o debate sobre a situação da cidade de Macapá. Naquele momento a cidade estava em condições precárias na administração municipal anterior. O que mudou de lá para cá? É fato, que o prefeito atual recebeu uma "herança maldita" sobre a situação da cidade de Macapá, porém, se passaram dois anos e meio, e quais as medidas adotadas para solucionar em definitivo este problema?
Em 2015, pouca coisa mudou, continuam as mesmas práticas arcaicas entre os governos, seja estadual ou municipal, o pior a sociedade continua legitimando através do voto representantes descomprometidos com a melhoria da cidade e do estado. Quando se percebe que a capital do Amapá tem um cenário desanimador, alguém tem culpa.
O estágio atual da cidade de Macapá é simplesmente lamentável, a malha viária está destruída, falta meio fio e todo o suporte relacionado à infraestrutura da via. Até quando? Os gestores, prefeito e governador vão submeter a população a conviver com uma cidade que apresenta vias com capeamento de má qualidade e frágil, prejudicando a toda a sociedade.
Todos os anos no primeiro semestre a cidade de Macapá apresenta um cenário caótico das vias públicas. São inúmeros os fatores que determinam a grande quantidade de “crateras” que aparecem nas ruas e avenidas, vamos destacar alguns: pavimentação de má qualidade; ausência de sistema de drenagem superficial nas laterais das vias; falta de definição de meio fio; áreas pavimentadas entre as calçadas e a via.
Portanto, quanto custa tapar um buraco? Para tapar buracos, é preciso produzir massa asfáltica, ter pessoal no trabalho de campo, transportes, e toda uma equipe de logística para viabilizar a operação. Do outro lado, pedestres, ciclistas e condutores de veículos são os personagens que utilizam todos os dias as vias. O excessivo número de buracos gera todo tipo de transtorno, quebra de equipamentos e danos físicos, podendo ocasionar ferimentos leves ou graves.
Do ponto de vista da saúde pública ocorrem todos os tipos de dificuldades: proliferação do mosquito da dengue; aumento de pessoas contaminadas; aparecimento de roedores; acumulação de lixo e resíduos sólidos.
A operação tapa buraco resolve o problema da cidade? Não, apenas ameniza as dificuldades durante o período invernoso, as vias em Macapá são conhecidas como “couro de Jacaré”, a trepidação é intensa. São anos e anos de remendo, não há mais vida útil da pavimentação, apenas a recomposição de algo que não oferece mais nenhuma qualidade.
Sobre esta discussão, o Amapá está na contramão do processo evolutivo nesta área. Inúmeros estudos tecnológicos e econômicos têm sido realizados para colocar em prática projetos que tem apresentado resultados satisfatórios. A aplicação de novos pavimentos tem dado resultado em diversas cidades do Brasil com o uso adequado de pavimentações alternativas.
Parte da população afirma que os pisos alternativos como o blokret articulado e sextavado ocasionam trepidação intensa. Na realidade, isso é puro empirismo, estudos técnicos têm comprovado que o uso deste tipo de pavimento tem vários fatores positivos: fácil manutenção; relação custo-benefício; matéria prima utilizada; não é impermeável; tem boas condições de atrito, favorecendo amplamente o sistema de trânsito com redução de velocidade. Há casos de cidades amapaenses que por pressão e falta de esclarecimento da população se colocou massa asfáltica sobre a pavimentação de blokret articulado, um crime contra a sustentabilidade.
É preciso comparar todos estes fatores, o problema não é a trepidação de pavimentações alternativas, e sim a trepidação gerada pelas vias com excessos de remendos. O que era no passado para ser algo temporário tornou-se solução definitiva.  Pavimentação asfáltica só deve ser usada para vias estruturantes e coletoras, as demais vias, secundárias e locais devem ser usadas pavimentações que possam respeitar a peculiaridade de uma cidade que tem um elevado índice de chuvas no período invernoso. Se continuarmos somente utilizando asfalto, e sem drenagem adequada, em breve, não teremos uma via sequer com condições adequadas de tráfego.
Existem vias públicas em Macapá que oferecem extremo perigo, caso da São José no centro comercial, os grandes manchões provocam situações de alto risco. É preciso pensar sobre isso. Cabe ao poder público realizar estudos técnicos e montar e estruturar um laboratório de solos, viabilizar em curto prazo, alternativas visando à melhoria da estrutura urbana da cidade de Macapá.
É preciso tapar os buracos, por conta de que a cidade não pode ficar do jeito que está, porém, não pode ser a solução permanente, não pode ocorrer o provisório definitivo. Um grande número de cidades no Brasil utilizam pavimentações sustentáveis, precisamos evoluir nesta matéria. Macapá tem vias em estado lastimável, gera um quadro de abandono. Então, quanto custa tapar um buraco? Custa uma fortuna, pois atinge todos os setores da economia, prejudica sensivelmente a qualidade de vida de todos os cidadãos. Os únicos beneficiados de forma negativa é a indústria de autopeças e as oficinas mecânicas com a quebra geral de veículos.
Então, caros leitores, o tempo passa e o que muda? É preciso analisar também, a participação do Governo do estado na recuperação da cidade de Macapá, se a cidade tem a mais de 60% da população do estado do Amapá, então, os recursos existentes na Prefeitura de Macapá nunca serão suficientes para atender a imensa pressão urbana ocasionada por múltiplos problemas. Isso é serio e urgente, precisa acabar essa picuinha entre os gestores e pensar no desenvolvimento da capital. Portanto, esse é um "crime" de responsabilidade.
As pessoas que visitam Macapá ficam decepcionadas de ver como a capital do estado do Amapá, as condições das vias são péssimas. Soluções existem, criatividade é para ser colocada em prática, o que não pode, é continuar do jeito que está. Quando se aproxima o período eleitoral, todos que se candidatam, “vendem” a alma prometendo que o amanhã será melhor, entretanto, o que se vê, é um “abismo” entre o programa de cada postulante ao cargo de prefeito e as ações materializadas. A versão 2015, de como tapar um buraco, evidencia que as palavras não envelhecem, continuam valendo, pois as atitudes dos gestores que deveria mudar acabam por se transformar em um muro de eternas lamentações. Quanto custa tapar um buraco? Pratica-se esta ação por décadas, sem nenhum resultado efetivo.                 


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