sexta-feira, 17 de julho de 2015

ESPECIAL


AGRICULTURA

A SAÍDA ESTÁ NO CAMPO

A produção de alimentos é uma das prioridades do Governo do Amapá.


O governador Waldez Góes tem visto na agricultura um dos pilares para fortalecer a economia do Amapá. Além dos grandes investimentos do agronegócio, a agricultura familiar tem sido tratada em primeiro plano pela atual gestão que já anunciou ao pequeno agricultor a retomada do Programa de Produção Integrada, praticamente esquecido na gestão passada. O PPI pretende incentivar e ajudar o homem do campo desde o plantio até a colheita, com investimento em maquinário e compra de boa parte da produção.    


A agricultura familiar é hoje um dos focos da gestão de Waldez Góes, que em seu primeiro mandato (2003 a 2010) criou o PPI, o Programa de Produção Integrada para incentivar e beneficiar pequenos agricultores do Estado. Depois de quatro anos de estagnação e "maquiagem" com a mudança de nome da ação, a retomada do programa foi anunciada pelo próprio governador aos agricultores.
A mandiocaé um dos produtos agrícolas do Amapá com maior produção, daí a necessidade de tecnologias que auxiliem o agricultor

A primeira comunidade a receber a informação dessa reativação foi Nossa Senhora do Carmo do Maruanum, distrito quilombola localizado a 80 quilômetros de Macapá. O povoado é apenas um, de outros tantos que retomarão a produção agrícola com a ajuda do governo, o que manterá o homem no campo garantindo seu sustento e a produção que chega à mesa do amapaense na capital. Hoje, as comunidades ainda se queixam do trato recebido pela gestão passada onde o programa de agricultura familiar existia praticamente só na teoria. Eles dizem que os agricultores ficaram à míngua sem ter como produzir e escoar os produtos de forma eficaz. O anúncio da retomada do programa deixou todos com expectativa. A prática já começou a ser vista com ações do atual governo.

OS NÚMEROS DO CAMPO



De acordo com o mais recente censo agropecuário publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda em 2006, existem no Amapá nada menos que 2.863 estabelecimentos da agricultura familiar. O total corresponde a 81% dos estabelecimentos rurais do Estado. A pesquisa ainda revela que este setor é responsável por 79% das pessoas (10.371) ocupadas no meio rural e 37% do valor bruto da produção agropecuária do Amapá. As famílias agricultoras correspondem a 93% do feijão, 89% da mandioca e 78% do café produzidos nas terras do Amapá.

Já em 2014, o IBGE divulgou novos dados dando conta que a mandioca ocupa o primeiro lugar entre os gêneros agrícolas produzidos no Amapá, com uma produção de 160 mil toneladas. O volume é colhido em uma área de aproximadamente 15 mil hectares. Neste caso, os incentivos para aquisição de máquinas são mais que necessários.

A retomada do programa de produção caminha em passos largos com a gestão ouvindo os agricultores, maioria representados por cooperativas. Em um desses recentes encontros, membros da OCB (Organização das Cooperativas do Estado do Amapá trataram de projetos de incentivo. Mais uma vez o
governador Waldez Góes falou das potencialidades do Amapá dizendo que investir na agroindústria é fortalecer a economia. Ainda segundo ele, o Estado já pode hoje financiar o produtor e ainda comprar o que ele produz. "Tudo que falta para isso é organização", acrescentou o governador.
Pelo lado das cooperativas o presidente Gilcimar Barros disse que a potencialidade da agricultura amapaense vem sendo tratada por um total de cinco cooperativas que reúnem 500 famílias que trabalham desde o plantio,  colheita até o produto que chega ao consumidor. Barros destacou a produção da polpa do açaí, biscoitos de castanha, derivados da mandioca e até a filetagem de peixe e camarão.

O governo acenou com a modernização do mercado que será possível com a retomada do Programa de Aquisição de Alimentos e o Plano Safra, do governo Federal que pode captar recursos e aplicá-los no campo. 

UMA GRANDE REDE...






A retomada do Programa de Produção Integrada e a seriedade no tratar com o agricultor familiar acaba por projetar uma rede que envolve muito mais do que a relação produtor, comerciante e consumidor. Dentro desse contexto está inserido até o social em duas situações. A primeira é garantir a permanência do homem do campo em seu local de origem lhe dando a condição necessária de trabalho e renda necessários para que ele garanta o sustento da família. Ficando no campo com as devidas condições o agricultor não sente a necessidade de procurar "uma vida melhor" na cidade. Maioria dos casos desta migração social em massa resultaram no agravamento de problemas já enfrentados pelas capitais Brasil afora, no que a Sociologia batizou de êxodo rural.  

A outra questão social é o número de beneficiados a partir do momento que o Estado entra para incentivar o produtor tanto na produção quanto na compra desta. Nessa política a secretaria de Estado da Educação fez a garantia de que vai comprar 30% do que for produzido pela agricultura familiar e usar os produtos na merenda escolar. A prática é lei e só faltava ser cumprida. A gestão passada não comprou sequer 1% desses produtos.

PRODUTO INTERNO
Dados da economia revelaram que no ano passado o Amapá representou 0,2% do Produto Interno Bruto do País, o PIB. Em nível de região Norte este percentual chegou a 4,5. Os números, segundo especialistas, apontam que o Estado tem todas as condições para desenvolver o setor primário, considerando que o Estado tem clima e solo apropriados para cultivo de diversas culturas, além de rodovias, ferrovia e um porto. O que falta, segundo os técnicos, é resolver gargalos que impedem o desenvolvimento de setores. O governador disse saber exatamente quais são e que pretende em primeiro plano resolvê-los. Dois setores também foram citados pelo governador como essenciais neste aquecimento, o madeireiro e o agronegócio. Para Góes, são dois setores capazes de produzir muita riqueza desde que certos problemas sejam solucionados. Waldez deixou claro para os agricultores que não foi eleito para se intimidar com crise, mas sim para colocar em prática políticas de desenvolvimento.

PESQUISAS...

Um dos aliados na retomada da produção agrícola do Amapá que envolve práticas alternativas e tecnologia é a Embrapa. A Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias vem desenvolvendo uma série de pesquisas
no contexto da agricultura familiar. A mecanização da cultura da mandioca é um desses estudos apresentado ao governador no Campo Experimental do Cerrado, que fica no KM 44 da BR-156. Góes reforçou que desenvolvimento econômico é tido como carro chefe de seu governo tendo na produção de alimentos a principal atividade para retorno de forma imediata.
O papel da Embrapa é dar suporte para os futuros investimentos. Pelas pesquisas é possível saber o que de fato vai dar certo. Nesse processo estão as pesquisas de modernização. No Estado, as mesmas práticas rústicas vêm sendo utilizadas há anos. A partir da modernização aplicada inicialmente ao processo de plantio será possível aumentar a produção.
A realidade do Amapá hoje, no campo, é atender duas linhas produtivas. A primeira é a agricultura de larga escala, que reúne um volume maior de produção com grandes investidores aptos economicamente a adquirir maquinário. Na outra ponta está o pequeno agricultor inserido na agricultura familiar. Para esta, o Estado elaborou toda uma política de investimentos para que o produtor não fique somente no plantio e na colheita de subsistência.
Entram aí as pesquisas da Embrapa que já desenvolveu uma máquina para plantio e outra para colher a mandioca, principal atividade do pequeno produtor. Ambas tornam mecânico o trabalho que era feito manualmente e aumentam a produção além de diminuir o tempo no campo e o esforço humano.
Para se ter uma ideia, a plantadora executa as funções de preparar o solo, aplicar o adubo e fazer o plantio. A máquina consegue plantar cinco hectares em um dia. Para estas funções seriam necessárias nada menos que 12 pessoas e dois dias de muito trabalho. 
Já a colhedora ou afofador, como chamam os pesquisadores, tem a função de ajudar na colheita com uma redução de tempo estimada em 1/3. O valor das foi orçado em R$ 45 mil. Segundo o GEA, oito plantadoras e seis semeadoras foram adquiridas e já darão resultados na safra de 2016.
  

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