Sua história tem vários episódios, e uma
grande frequência, tanto na vida esportiva, cultural, educacional, política...
e, humana, porque o Chefe Humberto foi uma das grandes e extraordinárias
figuras da vida amapaense, desde os períodos pioneiros do ex-Território.
Chefe escoteiro, desportista e
vereador
CHEFE HUMBERTO (1922-1997)
CHEFE HUMBERTO (1922-1997)
O Amapá sempre teve a sorte
de receber pessoas que somaram e muito com a sabedoria popular, cultura, desporto,
arte, teatro, educação, comércio, enfim, com todos os segmentos da sociedade
que em começava a surgir com a estruturação politica e social a partir da
criação do Território Federal do Amapá. Muitos dos nossos pioneiros escolheram
as terras amapaenses, muito antes do advento da decisão política de Getúlio
Vargas, em 1945. Os que aqui chegaram com o novo governo territorial,
completaram o organograma de uma nova comunidade na demografia brasileira. Um
deles que hoje homenageamos foi o que se utilizou de todos os predicados para
ajudar o Amapá a crescer, Chefe Humberto Dias Santos.
Seu nome completo era Humberto
Álvaro Dias Santos. Nasceu em Bragança (Pará), em 2 de agosto de 1922, e
faleceu em Macapá, em 2 de setembro de 1997, filho de Álvaro de Oliveira Santos
e Amélia Dias Santos. O seu amor pelo escotismo já se configurava entre a
infância e adolescência, na sua cidade natal. Desde cedo já praticava esportes,
principalmente o futebol, sempre com a orientação de seu pai, grande
desportista de Bragança, e pelos seus professores e chefes escoteiros.
Quando completou 12 anos, a
família transferiu-se para Belém, e ele se formou em guarda-livros
(correspondente ao curso de Contabilidade, nível médio), na antiga Escola de
Ciências e Letras de Belém. Seu primeiro emprego foi na Companhia das Docas do
Pará, em Belém, como despachante. Teve contatos com o pessoal do Clube do Remo,
e foi aceito como aspirante, passando também pelo Paysandu Esporte Clube.
Em 1947 recebeu convite do
presidente do Esporte Clube Macapá, Acésio Guedes, para jogar em Macapá, e
Humberto aceita o convite com a condição de conseguir um emprego, o que
prontamente o governador do Território do Amapá, Janary Nunes, conseguiu pela
Legião Brasileira de Assistência (LBA). O azulão da Avenida FAB estava em seus
melhores momentos de glória, e com reforço do jovem atleta, ficou melhor ainda,
ganhando vários campeonatos. Também ele foi um dos fundadores do Juventus
Esporte Clube, reestruturou o São José (Sociedade Esportiva e Recreativa São
José). Também foi um dos fundadores do Trem Desportivo Clube em 1947.
Como escoteiro Humberto
participou da fundação da Associação de Escoteiros Veiga Cabral. Apoiando os
dirigentes Glicério Marques, Clodoaldo Nascimento e José Raimundo Barata,
presidiu a solenidade de juramento à Bandeira, do primeiro grupo de escoteiros
composto pelos então jovens Adélio Rodrigues, Altair Lemos, Edival Trindade,
Eduardo Campos, Expedito Cunha Ferro (futuro 91), Lourenço Almeida, Lourival
Fernandes, Luciano Pantoja, Mair Bemerguy, Pedro Monteiro, Raimundo Nonato
Filho e Ubiracy Picanço. Com o apoio do Governo e dos chefes escoteiros,
Humberto integrou a formação da primeira “Ala de Pioneiros”. Em 1953 juntou-se
ao padre Vitório Galliano e Expedito Cunha Ferro para a fundação da Tropa São
Jorge, com a participação de jovens do Oratório São Luiz, da Paroquia de São
José (Casa dos Padres). Também participou da construção do Grupo de Escoteiros
Veiga Cabral, que passou a ser denominado de Centro Cultural do Laguinho.
Educador
Na Educação, Chefe Humberto
coordenou a primeira Colônia de Férias para os alunos que tiraram as melhores
notas no período escolar de 1946, de um total de 94 escolas, sob orientação dos
chefes Clodoaldo Nascimento, “91”, Raimundo Barata, e orientação espiritual do
padre Vitório Galliani. Também o primeiro campeonato estudantil de 1950, com a
participação de escolas municipais, teve a coordenação do Chefe Humberto. Em
1947 participou na organização e documentação e fundação do Grupo de Escoteiros
do Mar Marcilio Dias.
Grupo Escoteiro Veiga Cabral |
Cultura
Amante do Teatro, encenou no
Barracão dos Padres e no Centro Cultural do Laguinho, com a participação da
então jovem carnavalesca Alice Gorda, peças teatrais como “Dona Baratinha”,
“João e Maria”, “O Cordão do Papagaio”, “O Cordão do Urso”, “Boi Pai da
Malhada”, “Cordão do Uirapuru”, “Cordão do Japim”, “Martim Pescador” e outras
de cunho folclórico.
Golpe
Militar
Mas o Golpe Militar de 1964,
que muitos insistem em denominar “Revolução” (o que é um verdadeiro
contrassenso), colocou os chefes escoteiros, no Amapá, como corruptores de
menores. Para não ser preso, chefe Humberto refugiou-se no Colégio Diocesano,
sob a proteção do bispo d. Aristides Piróvano.
Seu ingresso na política foi
como candidato a vereador de Macapá, fazendo sua campanha junto ao eleitor
jovem, recebendo muito apoio. Tomou posse no dia 1 de janeiro de 1970, tendo
como companheiros, Antonio Carlos Cavalcante, Laurindo dos Santos Banha,
Lucimar Amoras Del Castillos, Orlando Alves Pinto, Paulo Uchoa, Pedro Petcov,
Stephan Houat e Walter Banhos de Araújo. Seu trabalho no legislativo provocou
uma série de reeleições, permanecendo até 1988, somando-se 18 anos de trabalhos
voltados às comunidades carentes distantes de Macapá, como o Bailique, e as
regiões da Pedreira e do Pacuí.
Família
Casou-se com Gilberta Araújo
dos Santos. Aposentou-se pela LBA e, até sua morte (1997), dividindo seu tempo
entre Macapá e uma propriedade rural no Curralinho. As façanhas de Chefe
Humberto estão sendo coletadas, com a ajuda do seu filho David Santos, para que
façam parte de uma obra sobre a história da Câmara Municipal de Macapá.
Sua história tem vários
episódios, e uma grande frequência, tanto na vida esportiva, cultural,
educacional, política... e, humana, porque Chefe Humberto foi uma das grandes e
extraordinárias figuras da vida amapaense, desde os períodos pioneiros do ex-Território.
Texto de
Edgard Rodrigues
Simplesmente, espetacular!... Só faltou falar que também foi técnico do ypiranga Clube. O chefe Humberto, foi um grande ser humano. Um ótimo educador e pessoa muito respeitada.
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