NEGÓCIO MAL FEITO II
Rodolfo
Juarez
A
população amapaense tem muitos motivos para estar descontente com o que vem
acontecendo com o fornecimento de energia elétrica tanto para o consumidor
doméstico como para o não doméstico, devido a constantes “quedas” de energia e
os repetidos cortes no fornecimento protagonizado pela empresa concessionária.
Tanto
a Eletrobrás, como a Eletronorte e, o próprio Governo do Amapá afirmaram, em
passado recente, que a federalização da empresa era a solução para os problemas
que a companhia de energia vinha enfrentando.
Não
falaram, entretanto, que no universo de problemas que haviam selecionado não
tinham colocado o consumidor, a não ser na parte que ficaria responsável pelo
pagamento de uma dívida dita “impagável”, tanto os vinculados ao Governo
Federal como aqueles vinculados ao Governo Estadual.
A
agenda de procedimentos foi preparada, os representantes da população – os
deputados estaduais – autorizaram o Executivo Estadual a tomar o empréstimo de
um bilhão e quatrocentos milhões, para “resolver o problema da CEA”.
Cumprida
a agenda e contratado o empréstimo, começaram os problemas para a população.
Primeiro diretamente com os funcionários da empresa, depois com os consumidores
atendidos pela empresa.
Não
avisaram que as “quedas” de energia e suas consequências, viriam junto com a
federalização e as interrupções passariam a fazer parte do cotidiano, além
disso, com novos critérios para cortes de fornecimento e para cobranças das
contas atrasadas.
Negócio
mal feito!
E
por que o negócio foi mal feito?
Exatamente
porque foram atendidas todas as exigências de um lado, deixando o contrato de
federalização da companhia completamente desequilibrado e, pelo menos até
agora, ninguém quer se responsabilizar pelo mal feito e, muito menos, aquele
que fez o mal feito, se apresentar para dizer que “era bem assim...”.
Pelo
visto estamos no “mato sem cachorro”, ou melhor, “na casa do sem jeito”,
ficando com a responsabilidade de tudo o que não é bom para cada um dos
consumidores e o que é bom para a Eletrobrás, pois devemos pagar as contas com
todos os acréscimos procedidos sem qualquer discussão e ainda tem que pagar a
conta do empréstimo bilionário feito para pagar aquele mesmo que ficou com a
“faca e o queijo na mão”.
Foi
ou não foi um negócio mal feito?
Agora,
como compensar isso pelas anunciadas vantagens do “Linhão do Tucuruí” tão
festejado pelos embusteiros que não sabiam o que diziam e não queriam saber
como estava sendo conduzida a federalização da companhia que detinha a
concessão do fornecimento de energia?
No
interior os sistemas moto-geradores estão parando por vários motivos, entre
eles: falta de manutenção, falta de combustível e falta de pessoal para cuidar
das máquinas e dos equipamentos que há muito tempo serviam as pequenas comunidades
aonde os fios da CEA não chegavam.
A
lógica atual é exclusivamente empresarial, ou seja: tem que dar lucro, mesmo
que tenha que tirar o “couro” do consumidor.
Além
disso, a ideia que se tem, é de que está fora dos planos do comando da empresa
concessionária de energia elétrica para o Estado do Amapá, que nada será feito,
com relação ao fornecimento de energia, onde o arrecadado não dê para cobrir os
custos gerais, isto é, acabaram-se as vertentes sociais da concessionária, o
que, por definição, deve fazer parte da política de qualquer empresa instalada
em qualquer comunidade que esteja em solo brasileiro.
É
preciso cuidar dessa lógica equivocada e restabelecer o princípio geral do
fornecimento de energia.
A
situação é grave e urgente!
Não
é possível que um negócio mal feito não possa ser desfeito.
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