sexta-feira, 28 de agosto de 2015

VIAJANDO PO AÍ...



Por dentro do coletivo


Quando eu entro no ônibus, me deparo com uma cena tanto surpreendente quanto tristonha. Não importa se na ida ou vinda do trabalho, a maioria das pessoas lá dentro estão... dormindo.
Fico pensando nos motivos. Um e o primeiro que vem a mente: não dormiram direito. Bem normal que numa cidade grande, agitada e que "nunca dorme", as pessoas tenham noites mal dormidas. Dois e o que também me parece óbvio: o balanço do ônibus induz ao sono. Eu posso falar isso certificado por vivência própria: desde os meus oito, nove anos, quando no ensino fundamental ia e voltava pra casa de ônibus, na volta principalmente, eu cambaleava e adormecia em grande parte do trajeto. É incrível o poder hipnotizador que o mexe-remexe do ônibus possui e exerce sobre os passageiros!
Ao ver todas aquelas pessoas dormirem, me vem a mente uma infinidade de outras coisas. Como e qual será o trabalho de cada uma delas? Serviços gerais ou atendente? Garçom ou gerente? Deve haver algum chefe por ali, com certeza. Uma dona de casa, uma mãe. Um pai solteiro. E começo a pensar nos desafios que essas pessoas tem passado. Será que já estão enjoadas do emprego atual? Ou o emprego novo não é como imaginavam ser, mas a crise tá feia e não tá dando pra escolher? Penso que levaram uma bronca do "superior imediato", e estão cansadas de só trabalhar, trabalhar e não ter quase nunca uma folga no orçamento.
Tem algumas pessoas que estão tão cansadas, pensem, tão cansadas, que o pescoço parece de borracha. Explico. Imagine a cena, é simples: o pescoço está curvado de tal forma que o queixo afunda no peito. E no zig-zag do ônibus os pescoços de muitas delas rola de lá pra cá, e de cá pra lá. Dói de ver.
Penso que, de certa forma, o caminho entre a casa e o trabalho numa cidade grande e com trânsito apocalíptico, dormir seja uma ideia inteligente. Você se encosta ali e, quando o sono vem, dá pra tentar recuperar alguma coisa. O cérebro hiberna, os músculos relaxam... afinal, a média de tempo da viagem é de 45 minutos, uma hora.
Tudo bem que os assentos dos ônibus não são aquela coisa mais confortável do mundo, especialmente na parte pra se encostar a cabeça. Aliás, essa é a coisa mais mal projetada num ônibus, penso eu.
Apesar das buzinas, cochichos e apitos do sinal de parada solicitada que é recorrente dentro do ônibus, seja na ida ou volta do trabalho, muitas pessoas conseguem dormir bem.
Só as sentadas, porque as que vão em pé, e eu sempre estou nesse meio – por opção mesmo –, bem, aí não tem sossego.

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