Pense um pouco...
A alegria como experiência de religiosidade é
um valor que não tem preço. Essa sensação da alma, mais do que qualquer outra
coisa, contagia e abranda o coração dos homens. É muito bom vivenciar a alegria
de encontrar o "tesouro escondido no campo da própria alma", isto é,
reconhecer o "Si - mesmo", a mais profunda realidade — a
"vontade de Deus", que sustenta, resguarda e inspira o ser humano a
progredir de modo natural e sensato.
Desapegue-se, pois não adianta
"fecharmos as cortinas da janela da alma" a fim de levarmos uma vida
de sonhos – repleta de pensamentos e vazia de experiências, atenuando ou
impedindo os estímulos externos. Isso é um "desapego defensivo", ou
resignação neurótica, e não uma virtude genuína. A mente apegada a fatos,
acontecimentos e pessoas, é incapaz de perceber a sua essência. Aquele que está
agarrado ao "ego" está vazio do "sagrado"; aquele que se
liberta do "ego" descobre que sempre esteve repleto do
"sagrado".
Não esqueça que ter sabedoria consiste em
possuir uma "leitura de mundo" voltada para o senso íntimo –
capacidade de receber informações sobre as mudanças no meio (externo ou
interno) e de a elas interagir, exprimindo atos e atitudes únicos e originais.
O saber implica a facilidade de elaborar ideias simples para explicar coisas
aparentemente complexas, utilizando-se os recursos fecundos e inspirativos do
universo interior.
Há, de nada vai adiantar seu empenho se não
tiveres paciência. A nossa impaciência desequilibra os processos internos e
externos da Natureza em nós. Atos e atitudes pacienciosas podem mudar nosso
modo de ver e enfrentar conflitos. Lembremo-nos de que todo problema contém em
si mesmo a "semente da solução". O despertar da religiosidade proporciona
a paz de espírito. Paciência é um estado de alma em que a criatura não é
atingida pelas inquietações ou irritabilidades, visto que se libertou do
desassossego e da agitação do ego. Amar não significa esperar que alguém nos
satisfaça todos os anseios e necessidades que cabe só a nós satisfazer. No
futuro, a religião superior ou natural só será fundamentada na mais afetuosa
fraternidade e professada individualmente pela criatura que superou o "ser
religioso" e desenvolveu em si o "ser religiosidade". Tudo o que
existe tem sua origem no amor — essência fundamental de todas as coisas que
vivem sobre a Terra. A busca do amor é o principal anseio de todo ser humano.
Mas é preciso conhecer-se, pois o
autoconhecimento é a capacidade inata que nos permite perceber, de forma
gradativa, tudo que necessitamos transformar. Ao mesmo tempo, amplia a
consciência sobre nossos potenciais adormecidos, a fim de que possamos vir a
ser aquilo que somos em essência. Só tememos o que desconhecemos. O
autoconhecimento requer um constante exercício, no reino do pensamento
reflexivo, sobre as sensações externas e internas. Viver uma vida sem reflexão
é como escutar uma música sem melodia. Respeito. Somente optando pelo
autorrespeito é que conseguiremos o respeito alheio. Encontraremos nos outros a
mesma dignidade que damos a nós mesmos. Num futuro breve, quando a mulher se
legitimar pelo que é e por onde quer chegar, adquirirá o respeito — dos outros
e de si mesma. Precisamos um pouco mais de lucidez, pois enquanto vivermos de
forma mecânica, irrefletida e sem a intervenção consciente da lucidez e do
discernimento, nos privaremos de possuir uma mente tranquila e um coração
pacificado. Quem possui lucidez não exalta o talento, nem evidencia a
inabilidade; simplesmente analisa os fatos na sua totalidade, utilizando os
"olhos da equanimidade", ou seja, do entendimento, da imparcialidade
e da moderação. E, claro, tem que ter humildade, pois os humildes aprenderam,
com a introspecção, a fazer de si mesmos um "canal ou espaço transcendente",
por onde flui silenciosamente a inteligência universal. Vocação é uma
"marca de nascença" que Deus nos faz em segredo e, um dia, sem nos
darmos conta, ela se revelará simples e espontânea.
Está faltando compaixão nas pessoas, aquele
entendimento maior das fragilidades humanas. E quando nos tornamos mais
realistas, menos exigentes e mais flexíveis com as dificuldades alheias. Quanto
mais compaixão tivermos pelos outros, mais nossa visão de mundo se expandirá.
Toda criatura digna tem como característica comum a compaixão.
Agora, tem que ter coragem, pois não
poderemos ser autênticos se não formos corajosos. Não poderemos ser originais
se não lançarmos mão do destemor. Não poderemos amar se não corrermos riscos.
Não poderemos pesquisar ou perceber a realidade se não fizermos uso da ousadia.
A autorreflexão, ou a atitude de mantermos um constante intercâmbio com a
"voz da alma", nos daria suficiente liberdade, segurança e coragem
para nos guiar por nós mesmos. E bom lembrar que nos podem forçar a "ser
escravos", mas não nos podem obrigar a "ser livres".
O mundo carece de mais compreensão, porque
quando se trata da "compreensão em Deus", não neguemos nada, não
afirmemos nada, apenas esperemos confiantes. O estado luminoso é a mão
misteriosa que nos aproxima daquilo que nos é útil e nos afasta daquilo que não
nos serve. A compreensão da "natura" (palavra latina) — a natureza
personificada ou essência das coisas — deve ser vista como uma soberana que se
dedica a esclarecer constantemente os conflitos pessoais e os enigmas da
humanidade. A individualidade está associada a uma ampliação de consciência e a
um amadurecimento pessoal. Individualizar-se é reconhecer a própria maneira de
desenvolver-se física, emocional e espiritualmente.
Por fim, acredito que as pessoas estão precisando
de um pouco mais de criatividade, pois criar é a capacidade inata de
desestruturar algo e reestruturá-lo em forma totalmente diferente e original.
Deus não está afastado no espaço incomensurável e desconhecido do homem, mas,
imanente na própria Natureza. Ele é, de modo geral, a Luz eterna e
transcendente no processo evolutivo e criativo de tudo o que existe no
Universo.
As pessoas também estão precisando exercitar
o perdão, pois perdoar ou desculpar alguém é bom e saudável, mas viver
desculpando indefinidamente os erros alheios pode ser muito perigoso. As
emoções enterradas e não verbalizadas se manifestarão de forma negativa em
outras situações e com diferentes pessoas em nosso dia-a-dia. O julgamento
precipitado pode vir a ser o "fracasso da compreensão", porque
perdoar é, acima de tudo, a habilidade de compreender dificuldades.
Hammediando... "A ignorância de nós
mesmos nos leva a uma multiplicidade de comportamentos e por consequência, a um
emaranhado de "eus" desconexos".
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