quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Materia - Suicídios um grito silencioso

Suicídio no Amapá
Uma “surdez” emocional da problemática

O Amapá é o segundo na região Norte, em números de suicídios, com 6,87 casos para cada 100 mil habitantes, ocupando o quinto lugar nacionalmente, ou seja, um número acima das médias internacional, nacional e regional.

Nando Costa
Especial para o TA

Na Revista Eletrônica de Humanidades do Curso de Ciências Sociais da Unifap, vol. 3, nº 3 de 2010 o acadêmico Miguel Gil Pinheiro Borges publicou um Artigo sobre a problemática do suicídio no Brasil e principalmente no Amapá. No referido material ele demonstra sua preocupação com a escassez de informações que inibi a intervenção de profissionais da área, da participação esclarecida da sociedade civil no tratamento da questão e, dos líderes públicos na tomada de decisão para a formulação de políticas de saúde pública que contemplem a problemática do suicídio.


Enquanto isso o Estado do Amapá, até este período do ano já foram registrados 28 suicídios, dos quais 16 somente na capital. No mesmo período do ano passado, o número de suicidas chegou a 32.
Na semana passada, quatro pessoas tiraram a própria vida, sendo dois casos envolvendo adolescentes. Estudos realizados pelo Banco de Dados do Sistema Único de Saúde, (DATASUS) e o Sistema de Informação Estatística da Organização Mundial da Saúde, ( OMS), o Estado do Amapá possui uma média de 10 a 12 suicídios a cada 100 mil pessoas por ano.


No Brasil acontecem 26 suicídio por dia, pontuando um aumento de 30% nos últimos 25 anos. Regionalmente, o Norte tem uma média de 3,17 suicídios para cada 100 mil habitantes, sendo a região brasileira com o menor número de suicídios registrados, encontrando-se em seu oposto as regiões Sul e Centro-Oeste com, respectivamente, 8,16 e 6,25 suicídios para cada 100 mil habitantes.
Porém, quando se observam os números referentes a cada Estado e o Distrito Federal, o Amapá é o segundo, na região Norte, em números de suicídios com 6,87 casos para cada 100 mil habitantes, ocupando o quinto lugar nacionalmente, ou seja, um número acima das médias internacional, nacional e regional.

O que está sendo feito

O Ministério da Saúde brasileiro publicou a portaria Nº  1.876, de 14 de agosto de 2006 que instituiu Diretrizes Nacionais para a Prevenção do Suicídio para ser implantadas em todas as unidades federadas, respeitando as competências das três esferas de gestão. Esta portaria elenca vários itens legais, epidemiológicos, financeiros, e inclusive uma recomendação da OMS de que os Estados Membros desenvolvam diretrizes e estratégias nacionais de prevenção do suicídio. A portaria 1.876 faz alusão, também, à portaria 2.542/GM de 22 de dezembro de 2005 que instituiu Grupo de Trabalho com o objetivo de elaborar e implantar a Estratégia Nacional de Prevenção ao Suicídio.

Aqui no Amapá apenas uma Organização não governamental, o Centro de Valorização da Vida (CVV), que está há mais de 14 anos no Estado vem trabalhando no sentido de ouvir as pessoas que precisam desabafar quando chegam ao ponto de acreditar que a única saída é desistir de viver.

No parlamento amapaense, foi apresentado o projeto de lei 182/15 instituindo a Semana Estadual de Valorização da Vida e Prevenção ao Suicídio. A ideia é trocar informações sobre o suicídio. “Em muitos casos, de acordo com a OMS, dá para prevenir 90% das mortes se houver condições para oferta da ajuda. Os serviços de saúde têm que incorporar a prevenção como componente central. Os transtornos mentais e consumo nocivo de álcool contribuem para mais casos de suicídio. A identificação precoce e eficaz são fundamentais para conseguir que as pessoas recebam a atenção que necessitam”, explicou Pedro Da Lua.

Em 2004, o sociólogo Renivaldo Costa criou um grupo de trabalho para discutir o suicídio enquanto fenômeno social e organizou a I Semana Sobre Suicídio no Amapá. Do evento, surgiu a Carta da Vida, que propõe políticas voltadas à melhoria da qualidade de vida, prestação adequada de serviços de saúde e geração de emprego e renda para famílias carentes. É que o GT chegou à conclusão que 90% dos suicídios decorrem de problemas financeiros ou passionais, como desemprego, separação ou traição conjugal.

Este ano a Secretaria de Estado da Saúde promoveu uma miniconferência para estudantes e profissionais de saúde com o objetivo de melhorar o atendimento ao paciente de saúde mental em risco.
São atendidas pessoas com casos graves de sofrimento mental, e que tentaram o suicídio, prestando assistência psicoterapêutica e psiquiátrica nas unidades de Psiquiatria do Hospital de Clínicas Alberto Lima e no Centro de Atendimento Psicossocial (Caps).

Motivos e meios
O suicídio é considerado um transtorno multidimensional, resultado de uma complexa interação entre fatores ambientais, sociais, fisiológicos, genéticos, biológicos. Esse fenômeno configura-se como problema de saúde pública de difícil prevenção e controle, pois nos remete a considerar a uma série de requisitos como: melhores condições de vida possíveis para a criação das crianças e dos jovens; um efetivo tratamento dos transtornos mentais; controle dos fatores de risco ambientais, dentre outros (OMS, 2000).

São muitas as tentativas de suicídios em todo Brasil, anualmente acontecem em média 26 mortes por dia, entre as causas que levam ao descontentamento de viver, estão álcool, drogas, relacionamentos frustrados, traições entre outras situações, que fazem com que algumas pessoas cheguem ao ponto de tentar resolver um sentimento indesejado com a morte.

As mortes por suicídios, em sua maioria, são por enforcamentos, estrangulamento ou sufocação (63,1% entre homens e 42,9% entre mulheres), disparo de arma de fogo (21,4% entre homens e 9,2% entre mulheres) e pesticidas (17,6% entre mulheres e 3,3% entre homens).


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