A madrinha das parteiras do Amapá é Mãe Luzia uma
ex-escrava Bantô que pegava criança. Mãe Luzia é a ‘Mãe do Amapá’, aonde viveu
por 109 anos e pegou a milhares de cidadãos até a metade século passado, dizem
que largava o serviço doméstico pegava sua trouxinha com unguentos de andiroba,
pracaxi, copaíba e saia para partejar.
Francisca Luzia da
Silva, a Mãe Luzia.
Nesta data, 23 de setembro de 1957, portanto
há 58 anos, falecia em Macapá, Mãe Luzia, considerada a ‘Mãe do Amapá’ e patrona
das parteiras amapaenses. A longevidade de Mãe Luzia, possibilitou que muitos
pioneiros que aqui nasceram chegassem por suas mãos. A história da cidade velha
de Macapá foi vista e escrita por essa pequena grande mulher, que se mantém até
hoje na memória das gerações de filhos dessa Terra Tucuju. A família Lino que
tem o DNA dessa progenitora amapaense é a continuação dessa rica historia da
cultura negra e do amor pelo ser humano. Mãe Luzia recebeu uma homenagem
característica de suas habilidades, denomina a Maternidade “Mãe Luzia” em
Macapá. (Reinaldo Coelho).
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Maternidade Mãe Luzia, homenagem a essa parteira histórica do Amapá |
Texto do historiador Nilson Montoril
Estava alquebrada e tinha os cabelos brancos
como um nicho de algodão. Sua morte deixou os moradores de Macapá imersos em
profunda tristeza.
O enterro ocorreu no Cemitério Nossa Senhora
da Conceição, a direita de quem ingressa naquele campo santo, junto ao passeio
que leva ao Cruzeiro e à capela.
A morte de Mãe Luzia encerrou o ciclo das renomadas
parteiras e mulheres de múltiplos conhecimentos com plantas medicinais.
Mãe Luzia, se devotou aos desvalidos,
ministrando-lhes remédios caseiros, benzendo crianças, curando espinhela caída,
cobreiro, carne rasgada, erisipela e problemas da cabeça. Nasceu com o divino
dom de “aparar” crianças e nenhuma delas pereceu em suas mãos.
Mesmo quando o médico obstetra e cirurgião,
Cláudio Pastor Darcier Lobato, veio para Macapá, em 1944, e passou a chefiar a
Unidade Mista de Saúde (que ocupava a
área onde foi construída a Biblioteca Pública), Mãe Luzia não foi relegada.
Em várias oportunidades o ilustre médico recorreu aos conhecimentos práticos da
Mãe Preta da Cidade de Macapá. O mesmo fez o médico Moisés Salomão Levy, que
era pediatra.
A primeira casa de Mãe Luzia era localizada na
esquina da Rua dos Inocentes (depois Coronel José Serafim Gomes Coelho) com a
Travessa Floriano Peixoto (depois Presidente Getúlio Vargas). Ela deixou o
imóvel sob a responsabilidade do filho Cláudio Lino e foi se estabelecer no
Largo dos Inocentes.
A segunda casa tinha estrutura em taipa de
mão, com vários quartos que ela alugava para caixeiros viajantes e romeiros.
Era um casarão de telhado alto situado na esquina da Avenida Mendonça Furtado
com a Travessa Francisco Caldeira Castelo Branco (depois Coronel José Serafim Gomes Coelho e atualmente Tiradentes),
com frente para o Largo dos Inocentes, também denominado Formigueiro.
Na foto
2, observe a casa localizada ao fundo da passagem entre a velha sede do
Senado da Câmara e a Igreja de São José. Ela demorava à margem da Travessa
Castelo Branco, de frente para o Largo dos Inocentes e pertinho da casa da Mãe
Luzia. A foto é bem antiga, mostrando como era a Igreja.
O imóvel que ela ocupou até morrer foi
desapropriado em 1970, para o alargamento da Rua Tiradentes. Na parte do
terreno que não virou leito de rua foi erguido um prédio em alvenaria onde
funcionou o Cartório Jucá.
Mãe Luzia foi casada com Francisco Secundino
da Silva, próspero lavrador e político macapaense que chegou a exercer o cargo
de prefeito de Segurança (Delegado de Polícia) e obter a patente de capitão da
Guarda Nacional. O casal teve duas filhas e quatro filhos: Miquilina Epifânia
da Silva (Milica), Cláudio Lino dos Passos da Silva (pai do Francisco Lino da
Silva, o Lino da Universidade de Samba Boêmios do Laguinho), Àguida Chavier da
Silva, Francisco Lino da Silva, Raimundo Lino da Silva (Bucú) e José Lino da
Silva.
Ela costumava lavar roupas sem usar a parte
superior de sua vestimenta e quem a via assim jamais lhe faltou com respeito. O
quintal de sua residência era paralelo a Rua Tiradentes e não tinha cerca.
Quando se debruçada sobre a gamela, esfregando as roupas, seus seios flácidos
se misturavam a elas.
Post original publicado no blog Arambaé – de Nilson Montoril
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