sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Pioneirismo





A madrinha das parteiras do Amapá é Mãe Luzia uma ex-escrava Bantô que pegava criança. Mãe Luzia é a ‘Mãe do Amapá’, aonde viveu por 109 anos e pegou a milhares de cidadãos até a metade século passado, dizem que largava o serviço doméstico pegava sua trouxinha com unguentos de andiroba, pracaxi, copaíba e saia para partejar.

Francisca Luzia da Silva, a Mãe Luzia.

Nesta data, 23 de setembro de 1957, portanto há 58 anos, falecia em Macapá, Mãe Luzia, considerada a ‘Mãe do Amapá’ e patrona das parteiras amapaenses. A longevidade de Mãe Luzia, possibilitou que muitos pioneiros que aqui nasceram chegassem por suas mãos. A história da cidade velha de Macapá foi vista e escrita por essa pequena grande mulher, que se mantém até hoje na memória das gerações de filhos dessa Terra Tucuju. A família Lino que tem o DNA dessa progenitora amapaense é a continuação dessa rica historia da cultura negra e do amor pelo ser humano. Mãe Luzia recebeu uma homenagem característica de suas habilidades, denomina a Maternidade “Mãe Luzia” em Macapá. (Reinaldo Coelho).

Maternidade Mãe Luzia, homenagem a essa parteira histórica do Amapá


Texto do historiador Nilson Montoril

Estava alquebrada e tinha os cabelos brancos como um nicho de algodão. Sua morte deixou os moradores de Macapá imersos em profunda tristeza.
O enterro ocorreu no Cemitério Nossa Senhora da Conceição, a direita de quem ingressa naquele campo santo, junto ao passeio que leva ao Cruzeiro e à capela.
A morte de Mãe Luzia encerrou o ciclo das renomadas parteiras e mulheres de múltiplos conhecimentos com plantas medicinais.
Mãe Luzia, se devotou aos desvalidos, ministrando-lhes remédios caseiros, benzendo crianças, curando espinhela caída, cobreiro, carne rasgada, erisipela e problemas da cabeça. Nasceu com o divino dom de “aparar” crianças e nenhuma delas pereceu em suas mãos.

Mesmo quando o médico obstetra e cirurgião, Cláudio Pastor Darcier Lobato, veio para Macapá, em 1944, e passou a chefiar a Unidade Mista de Saúde (que ocupava a área onde foi construída a Biblioteca Pública), Mãe Luzia não foi relegada. Em várias oportunidades o ilustre médico recorreu aos conhecimentos práticos da Mãe Preta da Cidade de Macapá. O mesmo fez o médico Moisés Salomão Levy, que era pediatra.

A primeira casa de Mãe Luzia era localizada na esquina da Rua dos Inocentes (depois Coronel José Serafim Gomes Coelho) com a Travessa Floriano Peixoto (depois Presidente Getúlio Vargas). Ela deixou o imóvel sob a responsabilidade do filho Cláudio Lino e foi se estabelecer no Largo dos Inocentes.

A segunda casa tinha estrutura em taipa de mão, com vários quartos que ela alugava para caixeiros viajantes e romeiros. Era um casarão de telhado alto situado na esquina da Avenida Mendonça Furtado com a Travessa Francisco Caldeira Castelo Branco (depois Coronel José Serafim Gomes Coelho e atualmente Tiradentes), com frente para o Largo dos Inocentes, também denominado Formigueiro.

Na foto 2, observe a casa localizada ao fundo da passagem entre a velha sede do Senado da Câmara e a Igreja de São José. Ela demorava à margem da Travessa Castelo Branco, de frente para o Largo dos Inocentes e pertinho da casa da Mãe Luzia. A foto é bem antiga, mostrando como era a Igreja.
O imóvel que ela ocupou até morrer foi desapropriado em 1970, para o alargamento da Rua Tiradentes. Na parte do terreno que não virou leito de rua foi erguido um prédio em alvenaria onde funcionou o Cartório Jucá.

Mãe Luzia foi casada com Francisco Secundino da Silva, próspero lavrador e político macapaense que chegou a exercer o cargo de prefeito de Segurança (Delegado de Polícia) e obter a patente de capitão da Guarda Nacional. O casal teve duas filhas e quatro filhos: Miquilina Epifânia da Silva (Milica), Cláudio Lino dos Passos da Silva (pai do Francisco Lino da Silva, o Lino da Universidade de Samba Boêmios do Laguinho), Àguida Chavier da Silva, Francisco Lino da Silva, Raimundo Lino da Silva (Bucú) e José Lino da Silva.
Ela costumava lavar roupas sem usar a parte superior de sua vestimenta e quem a via assim jamais lhe faltou com respeito. O quintal de sua residência era paralelo a Rua Tiradentes e não tinha cerca. Quando se debruçada sobre a gamela, esfregando as roupas, seus seios flácidos se misturavam a elas.


Post original publicado no blog Arambaé – de Nilson Montoril

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...