sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Embrapa/Amapá

Embrapa/Amapá
Extrativistas do Bailique participam de curso de manejo de açaizais





Da Editoria




Como parte da cooperação técnica entre a Embrapa e o Protocolo Comunitário do Bailique, distrito localizado no município de Macapá (AP), foi realizado na comunidade Arraiol do Bailique um curso de manejo de açaizais nativos de mínimo impacto, com a participação de extrativistas locais. Bailique é um arquipélago formado por oito ilhas onde residem cerca de 7 mil pessoas distribuídas em cerca de 40 comunidades.
 O conteúdo abordado incluiu legislação e políticas públicas para o extrativismo e agricultura familiar; distribuição geográfica, mercado e preço do açaí, princípios do manejo florestal, equipamentos, insumos e segurança no trabalho, etapas do manejo de mínimo impacto e boas práticas de colheita e pós-colheita. Durante a parte prática da capacitação, um mutirão ficou responsável pelas seguintes etapas do manejo de açaizais nativos: demarcação da unidade de manejo, limpeza da área, inventário florestal, avaliação do inventário e tratos silviculturais.
Todos os participantes receberam a publicação “Guia Prático de Manejo de Açaizais para Produção de Frutos ”, editado pela Embrapa Amapá.  

Realização

O curso foi organizado pelo Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Associação das Comunidades Tradicionais do Bailique (ACTB) e Embrapa Amapá. Segundo Edimauro Lopes, presidente da Associação dos Moradores e Produtores da Comunidade do Arraiol, o manejo de açaizais nativos já é tradição nas comunidades. Mas iniciativas como essa, voltadas para aprimorar o conhecimento deles, são bem-vindas. "Há muito tempo praticamos o manejo de açaizais, mas há sempre coisas novas, porque aprender é muito importante e também temos um maior envolvimento dos jovens", observou o líder comunitário.
 A pesquisadora da Embrapa Amapá, Ana Euler, destacou que “é gratificante vivenciar o grau de mobilização e interesse das comunidades do Bailique em manejar seus recursos naturais, principal fonte de renda das famílias desta região”. Esse foi o terceiro curso realizado em 2015, pelo Protocolo Comunitário do Bailique. Mais três capacitações estão sendo planejadas para dezembro deste ano, incluindo além do açaí o tema mapeamento participativo e manejo de andirobeiras e pracaxi.

Protocolo comunitário
 O projeto do Protocolo Comunitário do Bailique tem como objetivo apoiar as comunidades do Bailique nas ações de acesso às políticas públicas de desenvolvimento sustentável. A equipe da Embrapa faz análise das demandas e do potencial de cooperação com o GTA e instituições parceiras que atuam no Bailique, para firmar parcerias técnico-científicas. Várias tecnologias de melhoria de produção agropecuária são mapeadas pela Embrapa para serem incluídas nos treinamentos técnicos realizados no Bailique, com destaque para manejo de camarão, manejo de açaizais nativos, técnicas de cultivo de peixes, manejo de regeneração do pau mulato, manejo de andirobeiras, cultivo de variedades de bananas resistentes a doenças.
O projeto de construção do Protocolo Comunitário do Bailique surgiu a partir da parceria entre o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e o Fundo Vale, que destinou R$ 5 milhões para ações de fortalecimento das organizações da sociedade civil do Amapá no período de 2014 a 2016. A participação in loco da Embrapa no Encontrão III realizado no Bailique em fevereiro deste ano, deu continuidade à articulação entre o presidente do GTA e o chefe geral da Embrapa Amapá, Jorge Yared, quando foram apresentados detalhes do projeto Protocolo Comunitário do Bailique e os resultados alcançados até aquele momento, entre eles a publicação da metodologia de construção do protocolo e um diagnóstico socioeconômico das 34 comunidades que participam do projeto.
Açaizais

 Com relação à produção dos açaizeiros do arquipélago, a contribuição da Embrapa Amapá remete ao período de 2001 a 2003, quando o centro de pesquisa atuou com as comunidades do Bailique por meio de um projeto coordenado pela Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (Setec), e parceria do Rurap e do IEPA, financiado pelo Probem, do Ministério do Meio Ambiente. Por meio deste projeto foram realizadas ações de transferência de tecnologias, especialmente de manejo de açaizais nativos (capacitação de manejo e estabelecimento de unidades demonstrativas), sistemas agroflorestais para recuperação de áreas alteradas com açaizeiros e fornecimento de sementes selecionadas de açaizeiros com características superiores quanto a produção de frutos e época da safra. “Estes trabalhos beneficiaram diretamente cerca de 300 produtores no Bailique", recorda o pesquisador Silas Mochiutti. Ele acrescenta que os resultados deste trabalho podem ser observados atualmente na economia do arquipélago. "O Bailique tornou-se um importante fornecedor de frutos de açaí para os mercados de Macapá e Belém, com um substancial aumento da renda daquela população ribeirinha. Quando iniciamos o trabalho lá, a produção era muito baixa, inclusive em algumas comunidades não havia produção nem para o abastecimento local em alguns períodos do ano (aí polpa de açaí de Macapá), devido a intensa exploração do palmito desta espécie", compara o pesquisador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...