O Brasilsofre o ressurgimento de doenças
infeto-contagiosas seculares, transmitidas por insetos hematófagos (mosquitos),
como Malária, Dengue, Febre Amarela, Chikugunya e Zica, requer medidas
conjuntas, como ocorreu há um século no Rio de Janeiro, na época capital
federal.
No
início do ´seculo XX, acusam o Médico Oswaldo Cruz e se revoltaram contra
medidas higiênicas e vacinação proposta por ele. Mas essa tentativa de imputar
aos médicos a culpa por deficiências nos serviços de saúde permanece hoje. Contrariando
a legislação trabalhista, contratou médicos estrangeiros, dizendo que os
brasileiros não querem trabalhar nos interiores(Programa Mais Médicos).Mas os
dados doCFM, as estatísticas da demografia médica e a própria história e
avanços da saúde pública no Brasil desde 1900, provam o contrário.
Não
fosse a sagacidade, empenho, sacrifício e conhecimento científico de vários
nomes da Médicina brasileira do final do século XIX, como Adolfo
Lutz(1855-1940), Vital Brasil, Oswaldo Cruz (1872-1917) e Carlos Chagas
(1879-1934), várias epidemias não teriam sido debeladas em cidades como São
Paulo, Santos (Peste bubônica) e na capital federal, Rio de Janeiro (Febre
Amarela).
Era
a época da efervescência na Ciência e na Medicina mundial com a Teoria da
Evolução (1859) e a Teoria Sobre os Germes de Louis Pasteur (1879), gerando
expectativas e incentivando o surgimento da Microbiologia, da Parasitologia e
Anatomia Patológica. A Medicina seguiu as inovaçõdes da pesquisa clínica e
recebeu a contribuição de ilustres e corajosos médicos brasileiros.
A
pandemia de peste bubônica, originária do Oriente (1894), onde matou 100.000 em
Hong Kong e 1.300.000 na Índia, chega ao Brasil, no Porto de Santos (1899). Em
1900 o controle da peste era feita com uso de vacinas, soros e da matança de
ratos, entretanto, os “serviços de saúde pública federal e municipal do Rio de
Janeiro não estavam preparadas e equipadas para enfrentar uma epidemia”.
A ocorrência de Febre Amarela na capital
federal (Rio de Janeiro), acometendo os imigrantes europeus, em 1900, deu ao
Brasil a reputação de ser uma das áreas mais insalubres dos trópicos.
Nessa
época, desacertos entre o Governo Federal e o municípal do Rio de Janeiro,
gerou uma crise na saúde, que ameaçava os interesses econômicos e forçou as
autoridades a procurar soluções em novas instituições da ciência médica, o que
incentivou a criação do Instituto Butantâ, Manguinhos , Instituto
Bacteriológico, Instituto Soroterápico, que
tiveram a participação marcante de médicos e cientístas arrojados, como o Dr.
Vital Brasil, Adolfo Lutz e Oswaldo Cruz.
Assim
como está acontecendo hoje nocombate do mosquito Aedes, teve muita confusão entre os gestores federais e municipais. Enquanto a Prefeitura
era responsável pelo saneamento e condições sanitárias, os recursos financeiros
e pessoal repassado pelo Governo Federal eram insuficientes na busca de
soluções para debelar as doenças.
Foi
nessa conturbada relação de poder que entra em cena a figura do eminente
bacteriologista Oswaldo Cruz, recém chegado de Paris, onde fez curso de
Microbiologia. Em função de sua atuação foi nomeado para estudar e combater a
peste em Santos, onde através de necrópsias de vítimas, confirmou ocorrência da
doença. Suas medidas preventivas e sanitárias causaram revoltas e protestos
populares, na chamada “Revolta da Vacina”.
Na
atualidade a revolta continua, com o povo indo às ruas se manifestar contra o
descaso e as péssimas condições sanitárias e falta de saneamento, que ensejam o
surgimento de doenças de veiculação hídrica (diarreias), onde os vetores
(mosquitos) se proliferam nos esgotos à céu aberto, nos domicílios e nos criadouros naturais.
O Aedes, que em 1900 transmitia a febre
amarela, é o mesmo vetor da Dengue, Chikugunya e Zica, ou seja, o mesmo
transmissor de um século atrás. Isso mostra que nossas autoridades, embora
aperfeiçoando as instituições e avançando na legislação, se omitiram dos
cuidados de prevenção e higiene coletiva, extinguiram órgãos (SUCAM),
descumprindo o SUS e pouco valorizando os alertas feitos pelos médicos.
As
medidas higiênicas propostas pelos Médicos e pela Ciência no século XIX foram
negligenciadas pelas autoridades agora no ´seculoXXI, tanto que 50% da
população atual não dispõe de saneamento básico, água tratata e esgoto
sanitário.
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