sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

SAÚDE EM FOCO

 O Brasilsofre o ressurgimento de doenças infeto-contagiosas seculares, transmitidas por insetos hematófagos (mosquitos), como Malária, Dengue, Febre Amarela, Chikugunya e Zica, requer medidas conjuntas, como ocorreu há um século no Rio de Janeiro, na época capital federal.
No início do ´seculo XX, acusam o Médico Oswaldo Cruz e se revoltaram contra medidas higiênicas e vacinação proposta por ele. Mas essa tentativa de imputar aos médicos a culpa por deficiências nos serviços de saúde permanece hoje. Contrariando a legislação trabalhista, contratou médicos estrangeiros, dizendo que os brasileiros não querem trabalhar nos interiores(Programa Mais Médicos).Mas os dados doCFM, as estatísticas da demografia médica e a própria história e avanços da saúde pública no Brasil desde 1900, provam o contrário.
Não fosse a sagacidade, empenho, sacrifício e conhecimento científico de vários nomes da Médicina brasileira do final do século XIX, como Adolfo Lutz(1855-1940), Vital Brasil, Oswaldo Cruz (1872-1917) e Carlos Chagas (1879-1934), várias epidemias não teriam sido debeladas em cidades como São Paulo, Santos (Peste bubônica) e na capital federal, Rio de Janeiro (Febre Amarela).
Era a época da efervescência na Ciência e na Medicina mundial com a Teoria da Evolução (1859) e a Teoria Sobre os Germes de Louis Pasteur (1879), gerando expectativas e incentivando o surgimento da Microbiologia, da Parasitologia e Anatomia Patológica. A Medicina seguiu as inovaçõdes da pesquisa clínica e recebeu a contribuição de ilustres e corajosos médicos brasileiros.
A pandemia de peste bubônica, originária do Oriente (1894), onde matou 100.000 em Hong Kong e 1.300.000 na Índia, chega ao Brasil, no Porto de Santos (1899). Em 1900 o controle da peste era feita com uso de vacinas, soros e da matança de ratos, entretanto, os “serviços de saúde pública federal e municipal do Rio de Janeiro não estavam preparadas e equipadas para enfrentar uma epidemia”.
 A ocorrência de Febre Amarela na capital federal (Rio de Janeiro), acometendo os imigrantes europeus, em 1900, deu ao Brasil a reputação de ser uma das áreas mais insalubres dos trópicos.
Nessa época, desacertos entre o Governo Federal e o municípal do Rio de Janeiro, gerou uma crise na saúde, que ameaçava os interesses econômicos e forçou as autoridades a procurar soluções em novas instituições da ciência médica, o que incentivou a criação do Instituto Butantâ, Manguinhos , Instituto Bacteriológico,  Instituto Soroterápico, que tiveram a participação marcante de médicos e cientístas arrojados, como o Dr. Vital Brasil, Adolfo Lutz e Oswaldo Cruz.
Assim como está acontecendo hoje nocombate do mosquito Aedes, teve muita confusão entre os gestores  federais e municipais. Enquanto a Prefeitura era responsável pelo saneamento e condições sanitárias, os recursos financeiros e pessoal repassado pelo Governo Federal eram insuficientes na busca de soluções para debelar as doenças.
Foi nessa conturbada relação de poder que entra em cena a figura do eminente bacteriologista Oswaldo Cruz, recém chegado de Paris, onde fez curso de Microbiologia. Em função de sua atuação foi nomeado para estudar e combater a peste em Santos, onde através de necrópsias de vítimas, confirmou ocorrência da doença. Suas medidas preventivas e sanitárias causaram revoltas e protestos populares, na chamada “Revolta da Vacina”.
Na atualidade a revolta continua, com o povo indo às ruas se manifestar contra o descaso e as péssimas condições sanitárias e falta de saneamento, que ensejam o surgimento de doenças de veiculação hídrica (diarreias), onde os vetores (mosquitos) se proliferam  nos esgotos à céu aberto, nos domicílios e nos criadouros naturais.
O Aedes, que em 1900 transmitia a febre amarela, é o mesmo vetor da Dengue, Chikugunya e Zica, ou seja, o mesmo transmissor de um século atrás. Isso mostra que nossas autoridades, embora aperfeiçoando as instituições e avançando na legislação, se omitiram dos cuidados de prevenção e higiene coletiva, extinguiram órgãos (SUCAM), descumprindo o SUS e pouco valorizando os alertas feitos pelos médicos.
As medidas higiênicas propostas pelos Médicos e pela Ciência no século XIX foram negligenciadas pelas autoridades agora no ´seculoXXI, tanto que 50% da população atual não dispõe de saneamento básico, água tratata e esgoto sanitário.








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