ISRAEL KRISTAL: O “HOMEM
MAIS VELHO” DRIBLOU AS DOENÇAS DO ENVELHECIMENTO
KRISTAL RECEBENDO
O CERTIFICADO DO GUINNESS COMO O HOMEM MAIS VELHO DO MUNDO.
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Sou intrigado com os fatores do
envelhecimento e um estudioso dos aspectos indutores da longevidade e prevenção
das doenças da senescência. Não aceito o homem, com todos os recursos da
tecnologia e do desenvolvimento da ciência, ter uma vida curta e, quando
longevo, ser acompanhado de doenças debilitantes. Intrigou-me também um artigo
da revista Scientific American, de
outubro/2016, sobre a vida do homem “mais velho do mundo”: Israel Kristal (1903-...), com 112 anos.
A busca do “elixir da juventude” e as
fórmulas mágicas existem desde a Idade Média. Mas até hoje não se sabe qual é
exatamente o “gatilho” ou mecanismo do metabolismo que retarda o envelhecimento
e prolonga a vida. As pesquisas nesse sentido precisam ser comprovadas. O
exemplo de Kristal é intrigante e desafiador para os pesquisadores, inclusive
para o diretor de recordes do Guinness, Marco
Frigatti: “as realizações do Sr. Kristal são notáveis”.
Considero que aos mecanismos e
fatores que interferem no processo de envelhecer estão além das dietas, dos exercícios,
dos suplementos, das formulas mirabolantes e da própria genética. Em pessoas
como Kristal, não houve apenas um retardamento do envelhecer, a que todos
passamos, mas houve certa resistência às doenças fatais, como câncer, doenças cardiovasculares,
Alzheimer e diabetes, “que são
responsáveis por 50% da mortalidade no mundo desenvolvido” (Scientific American, 2016).
Pesquisas recentes e promissoras
tentam descobrir drogas e medicamentos que desacelerem ou reduzam o envelhecer.
A rapamicina, obtida de bactérias, interfere na via intracelular mTOR,
descoberta por Valter Longo (2001), que prolongou a vida de fungos não
alimentados por longo período. Essa é uma hipótese: a da restrição calórica.
Outra droga promissora, usada na Diabetes II, é a metformina (descoberta em
1950), cujo FDA dos USA aprovou um estudo clínico para avaliar o efeito
antienvelhecimento da droga.
A metformina “amplia a sensibilidade
das células à insulina, hormônio que lhes sinaliza para absorver açúcar (glicose)
do sangue”. Segundo dados de James I.
Kirkland, da Clínica Mayo, “ a metformina afeta diversos males o que, tudo
somado, nos leva a crer que ela mira nos
processos fundamentais de envelhecimento”. Mas em outro aspecto, “a expectativa
de saúde (tempo de duração de uma vida saudável) não cresceu tão rápido,
colocando as pessoas que vivem mais a adquirirem diferentes enfermidades, como
o Mal de Alzheimer”, que aparece aos 70/80 anos.
A rapamicina, usada em cães, melhorou
a função cardíaca, fazendo com que o coração se contraia melhor, o que mostra
que a “má circulação sanguínea é um fator no declínio de outros tecidos
corporais”, processo esse chamado de aterosclerose.
(Kaeberlein & Promislow).
Israel Kristal,
judeu que passou por duas guerras mundiais e sobreviveu ao campo de
concentração de Auschwitz, trabalhou
com confeitaria artesanal, mas não se deixou levar pelas guloseimas e nem
sofreu os efeitos do estresse do holocausto e da perda familiar. Somente duas
em 10 mil pessoas chegam aos 100 anos.
Kristal é uma prova viva da resiliência, pois superou o sofrimento da
tortura e da dor da perda e aos 112 anos está superando o limite máximo de
longevidade em homens. Ninguém superou a francesa Jeanne Calment (1875-1997), que morreu aos 122 anos.
Muitos estudiosos e até o Pai da
Medicina, Hipócrates, atribuiuram aos alimentos a condição de remédios. Jesus e
Buda colocaram o jejum e a oração (meditação) como formas de fortalecer o espírito.
E ao ser perguntado Kristal respondeu
que os episódios de fome que passou após a 2ª Guerra Mundial, podem ter
contribuído para sua longevidade. Em entrevista ao jornal israelense Haaretz, ele respondeu: “ Como para viver, e não vivo para comer.
Você não precisa de muita coisa.
Tudo o que é demais não é bom”. (Fonte: Scientific
American Brasil, Out/2016).JARBAS
ATAÍDE, 29.01.2017
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