domingo, 5 de fevereiro de 2017

SAÚDE EM FOCO



ISRAEL KRISTAL: O “HOMEM MAIS VELHO” DRIBLOU AS DOENÇAS DO ENVELHECIMENTO

KRISTAL RECEBENDO O CERTIFICADO DO GUINNESS COMO O HOMEM MAIS VELHO DO MUNDO.



Sou intrigado com os fatores do envelhecimento e um estudioso dos aspectos indutores da longevidade e prevenção das doenças da senescência. Não aceito o homem, com todos os recursos da tecnologia e do desenvolvimento da ciência, ter uma vida curta e, quando longevo, ser acompanhado de doenças debilitantes. Intrigou-me também um artigo da revista Scientific American, de outubro/2016, sobre a vida do homem “mais velho do mundo”: Israel Kristal (1903-...), com 112 anos.

A busca do “elixir da juventude” e as fórmulas mágicas existem desde a Idade Média. Mas até hoje não se sabe qual é exatamente o “gatilho” ou mecanismo do metabolismo que retarda o envelhecimento e prolonga a vida. As pesquisas nesse sentido precisam ser comprovadas. O exemplo de Kristal é intrigante e desafiador para os pesquisadores, inclusive para o diretor de recordes do Guinness, Marco Frigatti: “as realizações do Sr. Kristal são notáveis”.

Considero que aos mecanismos e fatores que interferem no processo de envelhecer estão além das dietas, dos exercícios, dos suplementos, das formulas mirabolantes e da própria genética. Em pessoas como Kristal, não houve apenas um retardamento do envelhecer, a que todos passamos, mas houve certa resistência às doenças fatais, como câncer, doenças cardiovasculares, Alzheimer e diabetes, “que são responsáveis por 50% da mortalidade no mundo desenvolvido” (Scientific American, 2016).

Pesquisas recentes e promissoras tentam descobrir drogas e medicamentos que desacelerem ou reduzam o envelhecer. A rapamicina, obtida de bactérias, interfere na via intracelular mTOR, descoberta por Valter Longo (2001), que prolongou a vida de fungos não alimentados por longo período. Essa é uma hipótese: a da restrição calórica. Outra droga promissora, usada na Diabetes II, é a metformina (descoberta em 1950), cujo FDA dos USA aprovou um estudo clínico para avaliar o efeito antienvelhecimento da droga.
A metformina “amplia a sensibilidade das células à insulina, hormônio que lhes sinaliza para absorver açúcar (glicose) do sangue”. Segundo dados de James I. Kirkland, da Clínica Mayo, “ a metformina afeta diversos males o que, tudo somado, nos leva  a crer que ela mira nos processos fundamentais de envelhecimento”. Mas em outro aspecto, “a expectativa de saúde (tempo de duração de uma vida saudável) não cresceu tão rápido, colocando as pessoas que vivem mais a adquirirem diferentes enfermidades, como o Mal de Alzheimer”, que aparece aos 70/80 anos.

A rapamicina, usada em cães, melhorou a função cardíaca, fazendo com que o coração se contraia melhor, o que mostra que a “má circulação sanguínea é um fator no declínio de outros tecidos corporais”, processo esse chamado de aterosclerose. (Kaeberlein & Promislow).

Israel Kristal, judeu que passou por duas guerras mundiais e sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz, trabalhou com confeitaria artesanal, mas não se deixou levar pelas guloseimas e nem sofreu os efeitos do estresse do holocausto e da perda familiar. Somente duas em 10 mil pessoas chegam aos 100 anos. Kristal é uma prova viva da resiliência, pois superou o sofrimento da tortura e da dor da perda e aos 112 anos está superando o limite máximo de longevidade em homens. Ninguém superou a francesa Jeanne Calment (1875-1997), que morreu aos 122 anos.


Muitos estudiosos e até o Pai da Medicina, Hipócrates, atribuiuram aos alimentos a condição de remédios. Jesus e Buda colocaram o jejum e a oração (meditação) como formas de fortalecer o espírito. E ao ser perguntado Kristal respondeu que os episódios de fome que passou após a 2ª Guerra Mundial, podem ter contribuído para sua longevidade. Em entrevista ao jornal israelense Haaretz, ele respondeu: “ Como para viver, e não vivo para comer. Você não precisa de muita coisa. Tudo o que é demais não é bom”. (Fonte: Scientific American Brasil, Out/2016).JARBAS ATAÍDE, 29.01.2017

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