“ Poucas palavras, no decorrer da
História da humanidade, tiveram ( e ainda têm )um significado tão amplo quando símbolo,
derivada do grego sumballein, que
significa ligar ou atar junto.
Neste início de novo ano pautei-me com
o compromisso interior de relatar experiências vividas por mim e por pessoas a
mim ligadas, como também discorrer sobre fatos e estórias do cotidiano urbano,
rural, naturais e ambientais, bem como compartilhar lições de filosofia,
esoterismo, exoterismo, sociológicos e tudo o mais que possa despertar em todos
nós sentimentos de “ encontro interior “.
Trago-vos, para deleite, um relato escrito em fevereiro de
2000, que subtraí da revista Kalunga, nº 109.
SINAL DOS TEMPOS.
Um
sumballon era um sinal de
reconhecimento, originalmente usado entre os gregos para indicar as duas
metades de uma tabuinha, que eles dividiam entre si. Era um sinal de
compromisso, à expressão de nossos formulários comerciais. Posteriormente, o
termo “ símbolo “ ganhou conotação religiosa, passando a ser representado por conchas esculpidas, por meio das quais os
iniciados nos mistérios se reconheciam.
Como consequência, o significado
cresceu e passou a incluir ao mesmo tempo oráculos, presságios e fenômenos
extraordinários que eram interpretados como advertência dos deuses, e também senhas militares, emblemas de
corporações, e outros sinais de compromisso. Então, eles variavam de um anel de
núpcias até o anel depositado antes de um banquete, como garantia de que aquele
que compartilhava pagava sua parte.
Hoje em dia, o termo “ símbolo “ é utilizado para definir
uma representação e não uma reprodução, pois esta implicaria no mínimo em
semelhança. O simbolismo permite que objetos simples e comuns sejam transformados , adquirindo um valor novo. Por
exemplo, a aliança e o casamento; os
pratos de uma balança e a ideia de Justiça; o ato der ajoelhar-se e o sentimento de submissão. “ Vivemos em
meio a representações simbólicas. Escrevemos, assim como falamos, por meio de
símbolos “, explica Mário Bruno
Proviero, da Universidade de São Paulo – USP.
Embora a variedade de símbolos pareça
tão limitada quanto as combinações da imaginação humana, é comum descobrir-se
as mesmas figuras simbólicas entre culturas diferentes. Exemplo disso está na gammadion ou swastika ( suástica ). Este
foi um dos símbolos que mais migrou no decorrer da História. Está presente em
documentos da Antiguidade e, a partir do nono século d.C, surgiu no Tibete, no
Japão, na China, Pérsia, África do Norte, França e Alemanha, além de países
escandinavos. “ A suástica é um símbolo hindu, a princípio atribuído à Hidra (
criatura mítica grega que simbolizava os muitos obstáculos no caminho da
virtude ). Mais tarde, com outra conotação, ele foi assimilado pelo budismo,
ressalta Proviero.
De acordo com o professor, na cultura
oriental a relação do individuo com o símbolo é atávica, sendo que eles se
caracterizam por serem vivenciais, práticos e apresentarem uma grande carga
emotiva. É possível encontrar o mesmo símbolo com transformações históricas.
Por exemplo, no caso específico da Fa lún gong – seita religiosa que vem sendo
perseguida pelo governo chinês -, o ideograma que simboliza o gong tem a
conotação de ativar a mente do indivíduo. “ Esses ideogramas são antiguíssimos,
remetem a 200 a.C, e no caso específico do Fa lún gong , apresentam sentido
diferente. É como se fosse um budismo ativista e político “.
Há culturas que mantem seus símbolos de
forma a perpetuar sua identidade, como é o caso da judaica. De acordo com Henri
I. Sobel, presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista, existem
alguns símbolos de fundamental importância no judaísmo. “ Cada um deles tem
algo a ver com a particularidade e singularidade judaicas. Embora alguns sejam
pós-bíblicos, todos são populares e reconhecidos em qualquer lugar do mundo “.
A estrela de Davi, por exemplo, é
considerada o símbolo judaico por excelência. Consiste de dois triângulos
superpostos em direção opostas. Os vértices do primeiro triângulo representam
os três pilares : Deus, Homem e Povo. O segundo triangulo corresponde aos três
grandes momentos da História : Criação ( passado ), Renovação ( passado que
prossegue no presente ) e Redenção ( futuro ). Para o povo judeu esse símbolo representa
importância similar à Cruz para o cristão. “.
Trazendo para o mundo profano, a
trilogia : sinal – símbolo – simbologia, está diretamente relacionada à
convivência humana, porque há interferência direta no comportamento em
sociedade. Por exemplo, “ sinal “, significa aviso, chamada de atenção. Exemplo
: sinais de trânsito, onde o verde significa passagem livre, o amarelo, chama a
atenção, previne que o sinal vai mudar para o vermelho, que dá a ordem de
parar. O símbolo, representa algo. Por exemplo, a Cruz, representa o
cristianismo; a estrela de Davi, representa o judaísmo. Já o simbolismo, é a
interpretação da mensagem que o símbolo quer demonstrar. Por exemplo, a
Maçonaria trabalha em suas oficinas com réguas, compassos, prumos, esquadros,
pedras e outros materiais, que para o profano ( não Maçom ) significa somente
uma ferramenta de pedreiro, mas para a prática do simbolismo, esses materiais
têm mensagens simbólicas aplicáveis à formação moral, intelectual e cultural do Maçom.
Certamente
que Você, tem sinais e símbolos em sua casa. Faça uma lista e descubra sua
utilidade e/ou mensagem.
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