Camarão
Preço
alto e de baixa qualidade
Preço do camarão aumentou, comerciantes e consumidores ficam preocupados |
Reinaldo Coelho
Mesmo o Amapá possuindo sua costa, rica em espécie
de crustáceo de grande valor de mercado como Camarão rosa, Camarão de água doce
e o caranguejo, os produtos que por aqui são comercializados aos macapaenses
são de baixa qualidade e preços altos. As áreas de exploração no estado são o
Porto de Santana, Arquipélago do Bailique, Vila do Sucuriju, Ilha de Maracá,
Foz do Cassiporé e a Costa do Amapá.
No período de verão o preço do camarão em
Macapá podia ser adquirido entre R$ 15 a 25 reais o quilo, porém no período
invernoso e do defeso, o mais barato não sai por menos de R$ 35,00 o quilo
descascado e miudo. Para quem utiliza o crustáceo para produção alimentar está
difícil oferecer aos clientes os pratos tradicionais da gastronomia local, sem
repassar o aumento aos seus clientes.
O camarão rosa de maior produção no Amapá e
de grande valor industrial internacional é vendido no Amapá a preço de ‘ouro’, R$
70,00 o quilo, o rosa médio, de R$ 48,00.
O preço mais baixo é do camarão regional
salgado que é de R$ 30,00 a 45,00 (descascado), o camarão ‘fresco’ varia de R$
25 a 30,00.
Com o camarão mais caro em Macapá, a
tendência é aumentar o preço de outros pratos que levam esse crustáceo, como os
salgadinhos, tacacá e vatapá. Para dona Maria Virginia Costa, que produz
alimentos tipo salgadinhos fica difícil manter o preço baixo, pois as coxinhas
de camarão rosa, tem que ser vendidas entre R$ 8,00 a 10,00. “Diminuímos muito
os nossos cardápios que tem como ingrediente o camarão”.
Outro problema é o tamanho do camarão que
nessa época diminui muito de tamanho. “Quando
compramos o camarão graúdo ele favorece os alimentos produzidos, mas quando
chegam os pequenos é um quilo que rende 300 gramas ai temos de utilizar no
mínimo dois quilos para a mesma quantidade de salgadinhos, ou seja, o lucro
fica do tamanho do camarão”, explica Dona Maria.
Mesmo pesquisando nas diversas feiras da
capital amapaense, a diferença de preço é pequena e tem camarão sobrando o que
falta é comprador e os vendedores passaram a diminuir a margem de lucro baixando
os preços.
Donato Silva, vendedor de camarão ambulante, explica que compra seu produto no
porto do Igarapé da Fortaleza e revende nas residências de Macapá, explica o
problema do preço e da qualidade do camarão.
“Nós compramos dos atravessadores, que adquirem direto dos pescadores e a
margem de lucro fica pequena, mais é o jeito diminuirmos os preços para não
perder o produto, principalmente os ‘frescos’, que são mais frágeis”.
Defeso
Os camarões-rosa, sete-barbas e branco estão
em período de defeso. A pesca está proibida no litoral compreendido entre Amapá
e Bahia. Para Alagoas e Bahia, a norma começou a valer desde 1º de dezembro de
2015.
Assim o defeso veio completar o caos para os
vendedores e consumidores. O período de defeso tem como objetivo a proteção dos
camarões jovens em fase de recrutamento e desova.
Neste período, fica proibida a pesca,
conservação, beneficiamento, comercialização ou industrialização do camarão
rosa, sete barbas e branco. Os pescadores que descumprirem o período será
sujeito à multa, cancelamento da licença e pode responder processo criminal.
Mas, mesmo fora do período de defeso e
invernoso os crustáceos que dominam as aguas territoriais amapaense são
abundantes e Macapá é considerada uma das cidades onde mais se come camarão no
norte do Brasil. Mas, o que lhe é oferecido não é dos melhores crustáceos
nascidos e criado em sua costa, pois a qualidade (tamanho) além de serem
pequenos tem seus preços caríssimos.
Os maiores são beneficiados e importados para
os Estados Unidos e Europa. O Amapá e os amapaenses não recebem os benefícios
dessa indústria, que estão em sua maioria sediadas no Pará, Maranhão e Ceará.
Pegam aqui e os lucros e royalties
ficam para eles, e o pior ainda os denomina como ‘camarão do maranhão’
Abastece
outros países
Destaque-se que de acordo com estudos
científicos e geográficos do Ministério do Meio Ambiente é da costa do Amapá que
o Japão e outros países levam toneladas sem fim do camarão rosa, pois o estado
possui localização geográfica privilegiada quanto ao rio Amazonas e Oceano
Atlântico, no qual a descarga monumental de água do maior rio do mundo, o Rio
Amazonas, propicia na plataforma continental da costa do Amapá um ambiente de
elevada produtividade primária, favorecendo a ocorrência de diversas espécies
de peixes e crustáceos, os quais constituem recursos naturais de grande importância
para a pesca artesanal e industrial no litoral norte.
Artesanal
X industrial
A atividade extrativista pesqueira
tradicional no Amapá é de natureza fundamentalmente artesanal, caracterizadas pela
utilização de pequenas embarcações, notadamente montarias, com capacidade média
de 200 kg de carga e apetrechos de pesca de pequeno porte, destacando-se a rede
de malhar, linha de mão, pequenos espinhéis e matapí, sendo este último usado
na pesca do camarão regional é pouco competitiva com a praticada na costa
amapaense, por embarcações industriais de outros estados do Brasil e até mesmo
de outros países.
A pesca de camarão na região Norte do Brasil
é considerada uma das mais importantes atividades pesqueiras do país, sendo
realizada na área compreendida entre a foz do rio Parnaíba (PI) e a foz do rio Orinoco
(AP). As espécies de maior interesse comercial, que se destacam nas capturas,
são o camarão-rosa, o camarão-branco e o camarão-sete-barbas com predominância dessa
espécie.
O peso do camarão-rosa capturado na costa Norte
do Brasil apresenta uma relação com os locais das pescarias. No litoral do Amapá,
nos pesqueiros chamados de "buracos", são capturados indivíduos de
maior porte, sendo encontrados os de pequeno e médio tamanhos nos pesqueiros
Amazonas e Maranhão.
Criação industrial e concorrência
Uma solução para
ajudar a constância do produto no mercado, respeitando o período de defeso e
das chuvas amazônicas, quando as altas das marés prejudicam a pesca, seria a
criação do camarão em cativeiro, como já veem ocorrendo nos estados do nordeste
e do centro-oeste.
No Amapá a
Cooperativa de Pesca de Camarão do Amapá reconhece que isso é uma saída, mas existem
dificuldades para investimentos nos negócios.
Existe uma normativa baixada pelo antigo
Ministério da Pesca, que o camarão como o pescado deverá ter uma Guia de
Transporte e o principal documento para que aconteça o transporte do produto e
ele chegue ao mercado consumidor é a Licenciamento Ambiental.
Outra
preocupação dos pescadores locais e chegada de crustáceos vindos do Nordeste,
principalmente dos conhecidos como ‘camarão do Maranhão’ que é vendido pelo
preço astronômico de R$ 40,00 o quilo, sua procedência é duvidosa, pela falta
de fiscalização para confirma a procedência desses produtos. Trazendo um risco
de saúde pública para o consumidor amapaense.
Aviú - O pitu
amapaense
Uma espécie ainda não explorada
É um
tipo de camarão gigantesco, a que chamam habitualmente de pitu. Se é parente do
pitu que dá nome à cachaça nordestina, não sei. Sei apenas que é grande acima
da média, basta observar a proporção entre o petisco e a mão que segura a
travessa. Tem um sabor inigualável. Quando cru, tem a casca preta ou castanho
escuro.
Ainda bem que os grandes restaurantes parece
que ainda não o descobriram. Se, e quando isso vier a ocorrer, o pitu amapaense
talvez fique mais vasqueiro e, naturalmente, mais caro.
A foto aí de cima é uma contribuição ao
repertório de belos e saborosos pratos que o Jeso Carneiro, no seu
super-acessado blog, vem divulgando, para dar água na boca dos amazônidas que
se acham longe das praias e das águas mais ricas e bonitas do planeta. Sem bairrismo,
rsrs!
Sugestão aos
mestres-cucas amigos do Jeso: por que não inventam um prato assim, de aviú, ou
de avium, como também chamamos? Quantos caberiam aí no prato amapense?
Doença
da mancha branca ameaça – e encarece – produção de camarão
Os pratos com o crustáceo nunca foram baratos, mas agora o preço ficou
ainda pior: culpa de um vírus letal e, como sempre, das barreiras à importação
Edição desta semana
de VEJA explica a grave crise que afeta a produção de camarão no Brasil e eleva
ainda mais o preço do crustáceo. O problema é causado principalmente pela
doença da mancha branca, um vírus que mata os animais em questão de dias e deve
provocar uma queda de 25% na produção nos viveiros do país: de 76 000 toneladas
em 2015 para 56 000 toneladas em 2016. Mas o conhecido protecionismo econômico
também é um fator, ao dificultar a importação que poderia amenizar esse
desequilíbrio.
“Cheguei a perder toda a produção mensal em
uma das minhas principais fazendas”, conta Cristiano Peixoto Maia, o maior
produtor do país, dono da Fazenda Potiporã e vice-presidente da Associação
Brasileira de Criadores de Camarão. “Produzia 200 000 quilos por mês e, em
novembro, só consegui 20 000 quilos.”
O reflexo disso está, obviamente, nos preços
– e quem mais pena é o consumidor final. O quilo do camarão vendido ao
consumidor subiu mais de 20% no último ano em diferentes capitais, segundo
dados do IBGE. Mas, para os restaurantes, os custos são ainda maiores.
“Pagávamos 40 reais pelo quilo do camarão há um ano no atacado. Na última
compra, o quilo custou quase 70 reais. Isso dá um aumento de 75%”, diz Ronald
Aguiar, sócio da rede de restaurantes Coco Bambu, especializada em frutos do
mar.
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