terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

ESPECIAL CADERNO DOIS - 545


Camarão
Preço alto e de baixa qualidade
 
Preço do camarão aumentou, comerciantes e consumidores ficam preocupados





Reinaldo Coelho


Mesmo o Amapá possuindo sua costa, rica em espécie de crustáceo de grande valor de mercado como Camarão rosa, Camarão de água doce e o caranguejo, os produtos que por aqui são comercializados aos macapaenses são de baixa qualidade e preços altos. As áreas de exploração no estado são o Porto de Santana, Arquipélago do Bailique, Vila do Sucuriju, Ilha de Maracá, Foz do Cassiporé e a Costa do Amapá.

No período de verão o preço do camarão em Macapá podia ser adquirido entre R$ 15 a 25 reais o quilo, porém no período invernoso e do defeso, o mais barato não sai por menos de R$ 35,00 o quilo descascado e miudo. Para quem utiliza o crustáceo para produção alimentar está difícil oferecer aos clientes os pratos tradicionais da gastronomia local, sem repassar o aumento aos seus clientes.


O camarão rosa de maior produção no Amapá e de grande valor industrial internacional é vendido no Amapá a preço de ‘ouro’, R$ 70,00 o quilo,  o rosa médio, de R$ 48,00.
O preço mais baixo é do camarão regional salgado que é de R$ 30,00 a 45,00 (descascado), o camarão ‘fresco’ varia de R$ 25 a 30,00.
 
Preços altos do camarão regional
Com o camarão mais caro em Macapá, a tendência é aumentar o preço de outros pratos que levam esse crustáceo, como os salgadinhos, tacacá e vatapá. Para dona Maria Virginia Costa, que produz alimentos tipo salgadinhos fica difícil manter o preço baixo, pois as coxinhas de camarão rosa, tem que ser vendidas entre R$ 8,00 a 10,00. “Diminuímos muito os nossos cardápios que tem como ingrediente o camarão”.

Outro problema é o tamanho do camarão que nessa época diminui muito de tamanho. “Quando compramos o camarão graúdo ele favorece os alimentos produzidos, mas quando chegam os pequenos é um quilo que rende 300 gramas ai temos de utilizar no mínimo dois quilos para a mesma quantidade de salgadinhos, ou seja, o lucro fica do tamanho do camarão”, explica Dona Maria.



Mesmo pesquisando nas diversas feiras da capital amapaense, a diferença de preço é pequena e tem camarão sobrando o que falta é comprador e os vendedores passaram a diminuir a margem de lucro baixando os preços.

Donato Silva, vendedor de camarão ambulante, explica que compra seu produto no porto do Igarapé da Fortaleza e revende nas residências de Macapá, explica o problema do preço e da qualidade do camarão. “Nós compramos dos atravessadores, que adquirem direto dos pescadores e a margem de lucro fica pequena, mais é o jeito diminuirmos os preços para não perder o produto, principalmente os ‘frescos’, que são mais frágeis”.



Defeso

Os camarões-rosa, sete-barbas e branco estão em período de defeso. A pesca está proibida no litoral compreendido entre Amapá e Bahia. Para Alagoas e Bahia, a norma começou a valer desde 1º de dezembro de 2015.

Assim o defeso veio completar o caos para os vendedores e consumidores. O período de defeso tem como objetivo a proteção dos camarões jovens em fase de recrutamento e desova.  

Neste período, fica proibida a pesca, conservação, beneficiamento, comercialização ou industrialização do camarão rosa, sete barbas e branco. Os pescadores que descumprirem o período será sujeito à multa, cancelamento da licença e pode responder processo criminal.

Mas, mesmo fora do período de defeso e invernoso os crustáceos que dominam as aguas territoriais amapaense são abundantes e Macapá é considerada uma das cidades onde mais se come camarão no norte do Brasil. Mas, o que lhe é oferecido não é dos melhores crustáceos nascidos e criado em sua costa, pois a qualidade (tamanho) além de serem pequenos tem seus preços caríssimos.

Os maiores são beneficiados e importados para os Estados Unidos e Europa. O Amapá e os amapaenses não recebem os benefícios dessa indústria, que estão em sua maioria sediadas no Pará, Maranhão e Ceará. Pegam aqui e os lucros e royalties ficam para eles, e o pior ainda os denomina como ‘camarão do maranhão’


Abastece outros países

Destaque-se que de acordo com estudos científicos e geográficos do Ministério do Meio Ambiente é da costa do Amapá que o Japão e outros países levam toneladas sem fim do camarão rosa, pois o estado possui localização geográfica privilegiada quanto ao rio Amazonas e Oceano Atlântico, no qual a descarga monumental de água do maior rio do mundo, o Rio Amazonas, propicia na plataforma continental da costa do Amapá um ambiente de elevada produtividade primária, favorecendo a ocorrência de diversas espécies de peixes e crustáceos, os quais constituem recursos naturais de grande importância para a pesca artesanal e industrial no litoral norte.



Artesanal X industrial

A atividade extrativista pesqueira tradicional no Amapá é de natureza fundamentalmente artesanal, caracterizadas pela utilização de pequenas embarcações, notadamente montarias, com capacidade média de 200 kg de carga e apetrechos de pesca de pequeno porte, destacando-se a rede de malhar, linha de mão, pequenos espinhéis e matapí, sendo este último usado na pesca do camarão regional é pouco competitiva com a praticada na costa amapaense, por embarcações industriais de outros estados do Brasil e até mesmo de outros países.

A pesca de camarão na região Norte do Brasil é considerada uma das mais importantes atividades pesqueiras do país, sendo realizada na área compreendida entre a foz do rio Parnaíba (PI) e a foz do rio Orinoco (AP). As espécies de maior interesse comercial, que se destacam nas capturas, são o camarão-rosa, o camarão-branco e o camarão-sete-barbas com predominância dessa espécie.

O peso do camarão-rosa capturado na costa Norte do Brasil apresenta uma relação com os locais das pescarias. No litoral do Amapá, nos pesqueiros chamados de "buracos", são capturados indivíduos de maior porte, sendo encontrados os de pequeno e médio tamanhos nos pesqueiros Amazonas e Maranhão.

Criação industrial e concorrência

Uma solução para ajudar a constância do produto no mercado, respeitando o período de defeso e das chuvas amazônicas, quando as altas das marés prejudicam a pesca, seria a criação do camarão em cativeiro, como já veem ocorrendo nos estados do nordeste e do centro-oeste.
No Amapá a Cooperativa de Pesca de Camarão do Amapá reconhece que isso é uma saída, mas existem dificuldades para investimentos nos negócios.

 Existe uma normativa baixada pelo antigo Ministério da Pesca, que o camarão como o pescado deverá ter uma Guia de Transporte e o principal documento para que aconteça o transporte do produto e ele chegue ao mercado consumidor é a Licenciamento Ambiental.

Outra preocupação dos pescadores locais e chegada de crustáceos vindos do Nordeste, principalmente dos conhecidos como ‘camarão do Maranhão’ que é vendido pelo preço astronômico de R$ 40,00 o quilo, sua procedência é duvidosa, pela falta de fiscalização para confirma a procedência desses produtos. Trazendo um risco de saúde pública para o consumidor amapaense.




Aviú - O pitu amapaense
Uma espécie ainda não explorada


 É um tipo de camarão gigantesco, a que chamam habitualmente de pitu. Se é parente do pitu que dá nome à cachaça nordestina, não sei. Sei apenas que é grande acima da média, basta observar a proporção entre o petisco e a mão que segura a travessa. Tem um sabor inigualável. Quando cru, tem a casca preta ou castanho escuro.
Ainda bem que os grandes restaurantes parece que ainda não o descobriram. Se, e quando isso vier a ocorrer, o pitu amapaense talvez fique mais vasqueiro e, naturalmente, mais caro.
A foto aí de cima é uma contribuição ao repertório de belos e saborosos pratos que o Jeso Carneiro, no seu super-acessado blog, vem divulgando, para dar água na boca dos amazônidas que se acham longe das praias e das águas mais ricas e bonitas do planeta. Sem bairrismo, rsrs!
Sugestão aos mestres-cucas amigos do Jeso: por que não inventam um prato assim, de aviú, ou de avium, como também chamamos? Quantos caberiam aí no prato amapense?

  



Doença da mancha branca ameaça – e encarece – produção de camarão
Os pratos com o crustáceo nunca foram baratos, mas agora o preço ficou ainda pior: culpa de um vírus letal e, como sempre, das barreiras à importação
Edição desta semana de VEJA explica a grave crise que afeta a produção de camarão no Brasil e eleva ainda mais o preço do crustáceo. O problema é causado principalmente pela doença da mancha branca, um vírus que mata os animais em questão de dias e deve provocar uma queda de 25% na produção nos viveiros do país: de 76 000 toneladas em 2015 para 56 000 toneladas em 2016. Mas o conhecido protecionismo econômico também é um fator, ao dificultar a importação que poderia amenizar esse desequilíbrio.
“Cheguei a perder toda a produção mensal em uma das minhas principais fazendas”, conta Cristiano Peixoto Maia, o maior produtor do país, dono da Fazenda Potiporã e vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão. “Produzia 200 000 quilos por mês e, em novembro, só consegui 20 000 quilos.”
O reflexo disso está, obviamente, nos preços – e quem mais pena é o consumidor final. O quilo do camarão vendido ao consumidor subiu mais de 20% no último ano em diferentes capitais, segundo dados do IBGE. Mas, para os restaurantes, os custos são ainda maiores. “Pagávamos 40 reais pelo quilo do camarão há um ano no atacado. Na última compra, o quilo custou quase 70 reais. Isso dá um aumento de 75%”, diz Ronald Aguiar, sócio da rede de restaurantes Coco Bambu, especializada em frutos do mar.


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