quarta-feira, 12 de abril de 2017

Artigo do Rei




Ideologia e intolerância perseguindo a religião

Atualmente a maior causa de guerras, intolerância e conflitos são por causa do assunto religioso. A cada dia isso vem tomando conta dos assuntos da mídia, livros e até filmes. O confronto entre judeus e muçulmanos adquiriu maior expressão com a criação do Estado de Israel logo depois da Segunda Guerra Mundial. Muçulmanos de todo o mundo nunca conseguiram digerir o que aconteceu ao povo palestino (composto na sua maioria por árabes muçulmanos, mas com uma importante minoria árabe-cristã) que vivia na região há muitos séculos e que, de um momento para outro, se viu destituído de suas casas, propriedades, trabalhos, etc., como consequência da chegada dos judeus, apoiados pelas principais potências da época.
Em qualquer conversa com muçulmanos sobre a situação atual do Oriente Médio é quase impossível que este acontecimento não seja citado. Obviamente tanto judeus como muçulmanos possuem os seus argumentos, uns mais válidos que outros.
Hoje, vários países vivem intensos conflitos religiosos. Mas não é de hoje que este problema assola o mundo. As Cruzadas, por exemplo, aconteceram do século 6 ao 8 e tinham como objetivo impor o cristianismo na Terra Santa (Palestina).
Uma das acusações mais comuns feitas às religiões é que elas causam mais violência do que paz. Por essa ótica, o mundo seria um lugar melhor sem elas e suas rixas. Há alguma verdade nisso. As divisões religiosas atravessam continentes, épocas e ainda hoje influenciam a política, a economia e as comunidades.
A violência, contudo, não vem apenas do lado da religião. Nos últimos 100 anos as principais religiões foram mais perseguidas do que em qualquer outro período histórico. E, na maioria dos casos, trata-se não de religião perseguindo religião, mas de ideologia perseguindo religião.
Isso abrange desde as investidas da revolução socialista de 1924 no México contra o poder, as terras e, por fim, o clero e os edifícios da Igreja Católica até as agressões aos bahaístas no Irã, a partir da década de 1970, passando pela repressão a todas as religiões na URSS, pelo extermínio dos judeus no nazismo e pela agressão maciça a toda religiosidade na China da Revolução Cultural.
No Brasil temos o terrorismo religioso, praticado pelos próprios brasileiros. Foi preciso incluir na Constituição artigo resguardando a liberdade de culto e proteção contra a discriminação, porque tais garantias não seriam naturais, por outro lado, a convivência entre credos distintos foi facilitada pela formação do povo. A miscigenação e a intimidade entre a casa-grande e a senzala resultaram em mecanismos de acomodação, como o sincretismo que uniu religiões aparentemente tão diferentes quanto o catolicismo e o candomblé. Na Bahia, por exemplo, eles se misturaram.
Os ataques vão de manifestações de preconceito na escola e no trabalho a ofensas pessoais, ameaças, danificação de imagens e até a destruição de terreiros. Ou seja, além da humilhação e do dano moral, a integridade física dos fiéis está em risco. A intolerância, por si só, já é inaceitável. Seja contra orientação sexual, etnia ou crença. Trata-se de um comportamento criminoso que deve ser punido como manda a lei.
Felizmente não chegamos aqui ao ponto de outros países em que grupos se organizam para manifestar publicamente o ódio a homossexuais, negros ou estrangeiros. Mas é melhor não pagar para ver. Adeptos dos cultos afro-brasileiros não só denunciam como organizam sua legítima reação em passeatas contra a intolerância religiosa. Contam com o apoio na sociedade e de representantes de outros credos, com quem tem em comum a convicção de que o respeito à fé alheia é sagrado.
Caso a intolerância, QUE É UM ATO TERRORISTA, não seja punida exemplarmente, fiéis movidos pela absurda presunção de superioridade poderão se sentir encorajados a prosseguir, porque afinal estariam agindo “em nome de Deus". E é justamente assim que pensam radicais responsáveis por guerras milenares e terrorismo pelo mundo afora. (Fonte – O Globo)




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