Censo Agropecuário 2017
Presidente do
IBGE diz que o Censo será 'completo e preciso'
Instituto dá início este ano à
coleta de dados para o censo agropecuário, após anos de adiamentos por causa da
falta de verbas. “A agricultura familiar não ficará de fora da investigação do
Censo Agropecuário 2017”, reafirmou o presidente Paulo Rabello de Castro,
durante audiência, no dia 18 de abril, na Comissão de Agricultura e Reforma
Agrária do Senado Federal, no DF. O presidente estimou que sejam recenseados
5,5 milhões de estabelecimentos agropecuários, sendo cerca de 4,3 milhões de
agricultura familiar. E lembrou que com o orçamento reduzido, o IBGE optou por
diminuir o detalhamento de alguns temas do questionário e aumentar de três para
cinco meses o tempo de coleta, mas sem interferir na abrangência de assuntos. O
presidente Paulo Rabello anunciou, também, que com o apoio dos Senadores da
Comissão de Agricultura irá trabalhar para obter a suplementação do valor
necessário para a conclusão do Censo, estimada em cerca de R$ 200 milhões. A
coleta do Censo Agro terá início em 1º de outubro e termina em fevereiro de
2018..
Explicações
O presidente do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Paulo Rabello de Castro, afirmou
que o Censo Agropecuário 2017, previsto para começar em outubro, será completo
e chegará aos mais de 5 milhões de estabelecimentos rurais, com um maior nível
de precisão nas respostas e um menor custo. O censo que nasceu de uma restrição
orçamentária, disse ele, 'foi repaginado e ganhou em qualidade e em
simplicidade operacional'.
Paulo Rabello de Castro esteve, dia
18/04, na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento
Rural, da Câmara dos Deputados, onde uma audiência pública discutiu a redução
nos recursos orçamentários para a realização da pesquisa.
Um censo detalhado custaria
aproximadamente R$ 1,6 bilhão em três anos, mas o Orçamento da União destinou
por meio de emenda parlamentar apenas R$ 505 milhões neste ano para a tarefa,
que teve de ser enxugada.
“Foram incluídas todas as
perguntas que caracterizam a propriedade, as técnicas de produção, as
dificuldades eventuais, o valor da produção, as despesas e obviamente o
universo da agricultura familiar. Foram desconsideradas momentaneamente as
perguntas de detalhamento”, disse Castro.
A ideia é complementar esse
censo, a partir do próximo ano, com pesquisas amostrais anuais dos
estabelecimentos. “Aí sim, contamos com verbas orçamentárias complementares que
os senhores vão ter que lutar”, pediu o presidente do IBGE.
Mais recursos
O deputado Pepe Vargas (PT-RS),
um dos parlamentares que sugeriram o debate, cogitou um adiamento do censo a
fim de garantir mais recursos para a pesquisa.
O gerente do Censo Agropecuário
do IBGE, Antônio Florido, no entanto, explicou que mais dinheiro não garantiria
uma nova reformulação do projeto, já que as pessoas que vão trabalhar no censo
precisam ser contratadas desde agora.
O deputado Carlos Melles (DEM-MG)
destacou a importância do censo, como forma de garantir a transparência no
setor agropecuário. “Estamos sem censo há muito tempo. Foi uma labuta arrumar
esse recurso, mas concordo que não podemos fazer um meio censo. Temos uma
equipe competente e precisamos confiar naquilo que o IBGE vai trazer”, afirmou.
Pepe Vargas se comprometeu a
trabalhar na comissão para destinar recursos orçamentários ao censo no próximo ano.
Tempo menor de entrevista
O projeto reformulado de censo
prevê a redução do tempo médio de entrevista com os produtores rurais de 90
para 45 minutos. O período de coleta de dados aumentou de três para cinco
meses.
Além disso, haverá uma redução no
número de contratos: de 62,4 mil recenseadores para 18 mil; de 12,5 mil
supervisores para 4,8 mil; e de 5,1 mil agentes municipais para 1.250.
Com previsão de início em
outubro, a coleta termina em fevereiro de 2018. Os primeiros resultados deverão
ser divulgados em junho de 2018 e os finais até dezembro de 2019.
Antônio Florido reforçou que o
novo projeto de censo manteve o essencial. “O questionário hoje não é o que
pretendíamos fazer, mas é o projeto possível de ser feito e atinge a maior
parte dos usuários. O censo vai visitar todos os estabelecimentos
agropecuários, independentemente do tamanho. O que reduzimos foram os atributos
que serão levantados para cada estabelecimento”, esclareceu.
Dados excluídos
A explicação não deixou os
participantes do debate satisfeitos. Muitos reclamaram que ficarão de fora da
investigação dados importantes para a formulação de políticas públicas, como
números referentes à agricultura familiar, ao uso de agrotóxicos, ao emprego de
tecnologia e à captação de água, por exemplo.
O professor da Universidade de
Brasília Mauro Eduardo Del Grossi acredita que a proposta atual de censo não
identificará a agricultura familiar de forma plena. Nem trará riqueza de
detalhes no que diz respeito ao trabalho da mulher no campo.
“Os resultados dos censos sempre
foram a maior fonte de consulta sobre a realidade rural, servindo de base de
planejamento e execução de políticas econômicas, ambientais e sociais”, disse.
Captação de água
Já o pesquisador do Instituto de
Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) Fernando Gaiger Silveira acredita que o
censo deveria jogar mais luz em pontos como a mão de obra e as formas de
captação de água nos estabelecimentos rurais.
A essas questões Antônio Florido
respondeu que o IBGE conta com variáveis que permitem classificar uma
propriedade como familiar ou não. Dados sobre mão de obra poderão ser
complementados com informações de pesquisas demográficas.
No que diz respeito à água, o
questionário busca saber se há fonte, poço, lago ou rio na propriedade. Por
fim, em relação aos orgânicos, apenas não se levantará se existe ou não
certificação.
Execução do Censo
Em 1º de outubro de 2017, o IBGE vai iniciar
as operações do seu 10º Censo Agropecuário. Ao longo de cinco meses, os
recenseadores irão visitar mais de 5 milhões de estabelecimentos agropecuários
em todo o país, levantando informações sobre a área, a produção, as
características do pessoal ocupado, o emprego de irrigação, o uso de
agrotóxicos, entre outros temas. O importante papel da agricultura familiar na
produção agropecuária do país será investigado mais uma vez. Os resultados do
Censo Agro 2017 devem começar a ser divulgados pelo IBGE em meados de 2018.
O Censo Agropecuário 2017 vai subsidiar a
implantação do cadastro de estabelecimentos agropecuários e do Sistema Nacional
de Pesquisas Agropecuárias. Isso permitirá a criação da Pesquisa Nacional por
Amostra de Estabelecimentos Agropecuários, que irá a campo, anualmente, captar
dados pormenorizados sobre receitas e despesas na produção, crédito e seguro
rural, proteção de mananciais, conservação da fauna e flora, uso de
agrotóxicos, técnicas de produção, além da situação social e familiar dos
trabalhadores do campo, entre outros temas.
Censo Agro 2017 terá dois processos seletivos
com 26.010 vagas temporárias Em abril, começam as inscrições dos dois processos
seletivos simplificados para os temporários que atuarão no Censo Agropecuário
2017. Serão abertas 26.010 vagas, das quais 171 serão para profissionais de
nível superior em 18 diferentes áreas de conhecimento. As vagas restantes serão
para nível médio. Ao todo, serão abertas vagas em pouco mais de 4 mil
municípios do país. Veja na tabela a seguir a distribuição preliminar dessas
vagas, por unidade da federação. Os números definitivos serão divulgados nos
editais dos dois processos seletivos, cuja publicação está prevista para os
dias 10/04 e 24/04/2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário