O que o poder faz às pessoas?
Há um lado negro do poder.
Ana Guinote , uma investigadora
portuguesa, da University College de Londres analisou vários
estudos feitos nos últimos 15 anos para perceber como são e o que fazem as
pessoas que chegam ao poder. A separação entre o lado negro do poder e o
lado mais positivo do poder faz-se muitas vezes com a interferência do
ambiente, do grupo, da cultura em que a liderança é exercida.
Após os
estudos de diversos artigos e entrevistas ela descobriu que são geralmente as primeiras pessoas a falar num grupo,
falam mais, falam mais alto, muitas vezes interrompem os outros, são confiantes,
dominadoras, podem ser egocêntricos e reagir de forma agressiva quando
ameaçados. Definem metas, correm mais riscos, agem e decidem depressa. Em
determinadas circunstâncias podem ser corrompidos e corromper, trair e
negligenciar as necessidades de terceiros. Conhece alguém assim? Este é o
retrato resumido (e simplificado) de uma pessoa com poder, segundo um artigo
publicado pela pesquisadora na edição deste ano da revista Annual Review of Psychology.
Estes
últimos quatro anos o histórico da política brasileira, que nunca foi baseada
na ética e na honestidade predominado a corrupção, o nepotismo, o ‘jeitinho’ e
os golpes. E isso vem desde as épocas de Cabral, que diga Dom Manoel, rei de
Portugal, pois reza a lenda que a primeira prática de nepotismo no Brasil quando
Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral que descobriu o
país, teria pedido, ao rei de Portugal, Dom Manuel, um emprego para o genro, na
verdade, o escrivão pedira a libertação de seu genro, que havia sofrido a pena
de banimento para uma ilha africana. O que era legal, mas de decisão real e
pessoal, ele aproveitou as boas notícias e deu a “carteirada”
Caminha,
mesmo com o erro histórico, eternizou-se como o autor da célebre “Carta do
Achamento do Brasil”, e que se ampliaram em todas as dimensões e o Brasil
refinou-se nessa arte. Aqui a capacidade de decisão de um parlamentar e de um
gestor é mais valorizada do que a sua honestidade, as sociedades sempre
precisaram de pessoas impiedosas, charmosas e que mentem.
A
investigadora portuguesa apurou em sua pesquisa que a
inteligência foi inicialmente considerada como um bom indicador para prever uma
posição de poder mas os estudos indicam, que, afinal, a relação entre uma coisa
e outra é fraca. Basta a reputação de inteligente – que se consegue através da
extroversão e comportamentos confiantes – para ser um candidato mais forte a
ocupar uma situação de poder. E o mesmo vale para a competência.
O poder
abre as portas, dá espaço para defendermos o que achamos importante que, nesse
caso, podem ser os próprios interesses. O poder aumenta a personalidade das
pessoas.
Como toda
regra tem sua exceção uma pessoa que não seja egoísta quando tem poder não vai
ficar mais egoísta por isso. Há muitos líderes que servem a sociedade e que são
muito voltados para o interesse dos outros”, esclarece a investigadora, que
conclui: “o poder é sempre um risco.”
Um dos
perigos mais evidentes é também a vulnerabilidade à corrupção, as pessoas com
poder são corrompidas e corrompem mais facilmente. Não só porque o poder lhes
dá “espaço de manobra” mas também porque são como são: dominadoras, focadas nos
objetivos. Porém, mais uma vez é a personalidade da pessoa que acaba por ser o
fator mais determinante, sendo, por isso, necessário que exista já uma
tendência para a corrupção e que, numa situação de poder, ganha força.
E pode
tornar-se um vício? As pessoas quando têm poder não querem perdê-lo. Pode ser
uma espécie de um vício. A questão é saber se o poder dá prazer. Sim, o poder
dá prazer.
Devemos
também ter o cuidado de selecionar pessoas para ocupar cargos de poder que
tenham um certo perfil pessoal com a tendência para a corrupção ou outros
crimes e escolher os que favoreça as relações com os outros, o respeito.
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