DOMÍNIO ESPANHOL SOBRE O AMAPÁ |
DISPUTAS
EUROPEIAS SOBRE AS TERRAS AMAPAENSES NOS SECULOS XVI E XVII
Cumaú:
385
anos de uma lendária e pioneira fortificação do Amapá
Reinaldo Coelho
Amapá,
tem nas suas entranhas segredos milenares que seu povo desconhece, não sabem
nem a história dos habitantes silvícolas que aqui reinaram, os Tucujus. As
terras do atual Estado do Amapá, se ainda cumprisse o estabelecido pelo Tratado
de Tordesilhas, seriam colonizadas pelos espanhóis, como a maioria dos países
da América Latina.
E
que a nossa esplendorosa Fortaleza de São José de Macapá, é a terceira
fortificação construída em terras amapaenses, após a demolição do Forte de Cumaú,
foi erguido no mesmo local Forte de Santo Antônio do Macapá (1688).
As
Terras Tucujus, eram as mais ambicionadas pelos reinos espanhóis, franceses,
holandeses e ingleses, este que constituíram uma empresa ultramarina para
explorar as terras recém descobertas enviaram expedição controlada por uma Companhia
de Comércio inglesa, da qual o próprio duque de Buckingham era sócio, sob o
comando de Roger Fray, que veio para as terras do Cabo Norte navegando pelo Rio
Amazonas, chamado de Rio Mar.
FORTALEZA DE SÃO JOSÉ DE MACAPÁ |
Para
manutenção de suas possessões comerciais em terras na Amazônia à época, os comandantes das frotas comerciais/militares
tiveram a autorização dos reis Jaime I de Inglaterra (1603-1625) e Carlos I de
Inglaterra (1625-1645) de construírem fortins para proteger os demais
estabelecimentos ingleses erguidos na Amazônia.
Entre
as diversas fortificações construídas por esses invasores destaca-se o Forte do
Cumaú (Camaú), localizado na ponta da Cascalheira à margem esquerda do Rio
Amazonas, assim, foi um dos locais pioneiros e fundamentais na defesa e domínio
desse território pelos luso-brasileiros, sendo palco e testemunho dos destinos
do povos e das terras do Amapá.
Esta
fortificação foi erguida com a ajuda de índios Nheengaybos, Aruans e Tucujus.
Portugueses reagem
Com
a reação luso-brasileira devido às constantes invasões estrangeiras na região
amazônica, um grupo contendo viajantes indígenas e europeus, constituídos em
uma nau (pequena catraia) e dois patachos (embarcação maior), se dirigem ao
Forte de Tauregue (erguido no baixo Rio Vila Nova), mas logo são informados do
domínio desse Fortim, obrigando os viajantes europeus a retornarem à
Inglaterra.
No
entanto, um dos patachos, que levava em torno de 40 tripulantes (em sua
maioria, doentes) dirigia-se ao Forte de Cumaú na tentativa de obter auxílio.
Informado
dessa movimentação, o Capitão-mor Feliciano Coelho de Carvalho instrui os
capitães Ayres de Sousa Chichorro e Pedro Baião de Abreu que, à frente de um
destacamento com 30 soldados e 250 índios flecheiros tucujus, seguiram em
canoas ao Fortim.
Em
09 de julho de 1632, o Capitão Pedro Baião, com 10 soldados e todos os índios
flecheiros atacaram o Forte de Cumaú e em poucas horas obtém a rendição do
mesmo, na ausência do Capitão Ayres de Chichorro que ficou incumbido de
informar da situação a Feliciano Coelho.
No
domínio do Cumaú, percebeu-se que seu Comandante, Roger Fray, não se encontrava
na fortificação, ou seja, no dia anterior, havia deixado o local em uma pequena
nau, seguindo em busca de um reforço de 500 homens que viriam da Inglaterra,
ajuda pela qual jamais chegou.
Sem
saber que seu Forte havia sido dominado por forças estrangeiras, Roger Fray
retorna em sua nau. Porém, no dia 14 de julho (1632), no litoral amapaense, o
Comandante inglês é abordado pelo Capitão Ayres Chichorro, onde travam uma
violenta luta, culminando na morte em combate do Comandante Roger Fray. Com
esse episódio, encerram-se as pretensões britânicas de estabelecer-se na
Amazônia, em especifico, sob terras amapaenses.
Ao
receber tais informações do ocorrido, o Capitão-mor Feliciano Coelho ordena que
o Forte de Cumaú seja destruído, juntamente com sua artilharia, inclusive a nau
de guerra adquirida pelo Comandante do Fortim durante seus poucos contatos com
a civilização amazônica.
No
ano seguinte (1633), as autoridades luso-brasileiras são informadas de que o
Comandante Roger Fray recebia constantes materiais de guerra (munição,
armamento), enviados pelo Conde de Brechier, da Inglaterra, na qual pretendia,
à sua custa, fundar uma povoação inglesa nos arredores do Forte de Cumaú.
Destruído
o Forte inglês de Cumaú em 1631-1632, sobre os seus vestígios foi erguido, em
1658, um novo fortim, em faxina e terra, com a mesma denominação, por Francisco
da Mota Falcão. De duração efêmera, foi por sua vez sucedido pelo Forte de
Santo Antônio do Macapá (1688).
Afastados
os ingleses, a região de Macapá passou a ser disputada pelos franceses que
desciam de Caiena. Num conflito de maiores proporções, em 1697, estes,
apoderaram-se do forte, que havia sido refeito pelos portugueses em 1688, sobre
as ruínas do antigo Cumaú. Sua planta é atribuída ao missionário jesuíta e
matemático Aluízio Conrado Pfeil. Poucos dias depois, o capitão-mor da
Capitania do Pará e Maranhão, Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho,
reunindo um grande corpo de soldados e índios, além de outras forças, retomou
aquela praça.
Hoje,
o Cumaú/Santo Antônio são sítios arqueológicos, leito de pesquisadores do IEPA
e IPHAN que buscam reconhecer a importância de conhecer e valorizar as
fortificações que fizeram parte um sistema de proteção do território brasileiro
na época colonial, assim como identificar, através da pesquisa histórica e
arqueológica, possíveis vestígios materiais do Forte de Cumaú.
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