sábado, 27 de maio de 2017

Cumaú




 DOMÍNIO ESPANHOL SOBRE O AMAPÁ
DISPUTAS EUROPEIAS SOBRE AS TERRAS AMAPAENSES NOS SECULOS XVI E XVII
Cumaú:
385 anos de uma lendária e pioneira fortificação do Amapá





Reinaldo Coelho

Amapá, tem nas suas entranhas segredos milenares que seu povo desconhece, não sabem nem a história dos habitantes silvícolas que aqui reinaram, os Tucujus. As terras do atual Estado do Amapá, se ainda cumprisse o estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas, seriam colonizadas pelos espanhóis, como a maioria dos países da América Latina.
E que a nossa esplendorosa Fortaleza de São José de Macapá, é a terceira fortificação construída em terras amapaenses, após a demolição do Forte de Cumaú, foi erguido no mesmo local Forte de Santo Antônio do Macapá (1688).

As Terras Tucujus, eram as mais ambicionadas pelos reinos espanhóis, franceses, holandeses e ingleses, este que constituíram uma empresa ultramarina para explorar as terras recém descobertas enviaram expedição controlada por uma Companhia de Comércio inglesa, da qual o próprio duque de Buckingham era sócio, sob o comando de Roger Fray, que veio para as terras do Cabo Norte navegando pelo Rio Amazonas, chamado de Rio Mar.
FORTALEZA DE SÃO JOSÉ DE MACAPÁ

Para manutenção de suas possessões comerciais em terras na Amazônia à época, os comandantes das frotas comerciais/militares tiveram a autorização dos reis Jaime I de Inglaterra (1603-1625) e Carlos I de Inglaterra (1625-1645) de construírem fortins para proteger os demais estabelecimentos ingleses erguidos na Amazônia.

Entre as diversas fortificações construídas por esses invasores destaca-se o Forte do Cumaú (Camaú), localizado na ponta da Cascalheira à margem esquerda do Rio Amazonas, assim, foi um dos locais pioneiros e fundamentais na defesa e domínio desse território pelos luso-brasileiros, sendo palco e testemunho dos destinos do povos e das terras do Amapá.
Esta fortificação foi erguida com a ajuda de índios Nheengaybos, Aruans e Tucujus.
Portugueses reagem
Com a reação luso-brasileira devido às constantes invasões estrangeiras na região amazônica, um grupo contendo viajantes indígenas e europeus, constituídos em uma nau (pequena catraia) e dois patachos (embarcação maior), se dirigem ao Forte de Tauregue (erguido no baixo Rio Vila Nova), mas logo são informados do domínio desse Fortim, obrigando os viajantes europeus a retornarem à Inglaterra.

No entanto, um dos patachos, que levava em torno de 40 tripulantes (em sua maioria, doentes) dirigia-se ao Forte de Cumaú na tentativa de obter auxílio.
Informado dessa movimentação, o Capitão-mor Feliciano Coelho de Carvalho instrui os capitães Ayres de Sousa Chichorro e Pedro Baião de Abreu que, à frente de um destacamento com 30 soldados e 250 índios flecheiros tucujus, seguiram em canoas ao Fortim.
Em 09 de julho de 1632, o Capitão Pedro Baião, com 10 soldados e todos os índios flecheiros atacaram o Forte de Cumaú e em poucas horas obtém a rendição do mesmo, na ausência do Capitão Ayres de Chichorro que ficou incumbido de informar da situação a Feliciano Coelho.
No domínio do Cumaú, percebeu-se que seu Comandante, Roger Fray, não se encontrava na fortificação, ou seja, no dia anterior, havia deixado o local em uma pequena nau, seguindo em busca de um reforço de 500 homens que viriam da Inglaterra, ajuda pela qual jamais chegou.

Sem saber que seu Forte havia sido dominado por forças estrangeiras, Roger Fray retorna em sua nau. Porém, no dia 14 de julho (1632), no litoral amapaense, o Comandante inglês é abordado pelo Capitão Ayres Chichorro, onde travam uma violenta luta, culminando na morte em combate do Comandante Roger Fray. Com esse episódio, encerram-se as pretensões britânicas de estabelecer-se na Amazônia, em especifico, sob terras amapaenses.

Ao receber tais informações do ocorrido, o Capitão-mor Feliciano Coelho ordena que o Forte de Cumaú seja destruído, juntamente com sua artilharia, inclusive a nau de guerra adquirida pelo Comandante do Fortim durante seus poucos contatos com a civilização amazônica.

No ano seguinte (1633), as autoridades luso-brasileiras são informadas de que o Comandante Roger Fray recebia constantes materiais de guerra (munição, armamento), enviados pelo Conde de Brechier, da Inglaterra, na qual pretendia, à sua custa, fundar uma povoação inglesa nos arredores do Forte de Cumaú.
Destruído o Forte inglês de Cumaú em 1631-1632, sobre os seus vestígios foi erguido, em 1658, um novo fortim, em faxina e terra, com a mesma denominação, por Francisco da Mota Falcão. De duração efêmera, foi por sua vez sucedido pelo Forte de Santo Antônio do Macapá (1688).
Afastados os ingleses, a região de Macapá passou a ser disputada pelos franceses que desciam de Caiena. Num conflito de maiores proporções, em 1697, estes, apoderaram-se do forte, que havia sido refeito pelos portugueses em 1688, sobre as ruínas do antigo Cumaú. Sua planta é atribuída ao missionário jesuíta e matemático Aluízio Conrado Pfeil. Poucos dias depois, o capitão-mor da Capitania do Pará e Maranhão, Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, reunindo um grande corpo de soldados e índios, além de outras forças, retomou aquela praça.

Hoje, o Cumaú/Santo Antônio são sítios arqueológicos, leito de pesquisadores do IEPA e IPHAN que buscam reconhecer a importância de conhecer e valorizar as fortificações que fizeram parte um sistema de proteção do território brasileiro na época colonial, assim como identificar, através da pesquisa histórica e arqueológica, possíveis vestígios materiais do Forte de Cumaú.










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