quinta-feira, 15 de junho de 2017

Pioneirismo





Pleiteio que as gerações de amapaenses que virão, conheçam a história do Amapá e das pessoas que aqui vieram e desbravaram estas terras, que isso foi feito com muito sacrifício, muita superação e que o Amapá de hoje e do amanhã se lembre que ONTEM alguém começou tudo isso, os PIONEIROS
Leonardo da Silveira Evangelista – Professor e Advogado da AGU – aposentado.


Reinaldo Coelho
O Jornal Tribuna Amapaense apresenta mais uma da série de entrevistas especiais com pioneiros do Amapá, homens e mulheres que aqui chegaram há décadas e ajudaram a construir o grande Estado da atualidade. Além de ser uma forma de reconhecer, homenagear e evidenciar quem ajudou no desenvolvimento local, também é o registro da história amapaense. Afinal, daqui a alguns anos não teremos mais esses pioneiros em nosso meio.
Hoje aposentado como advogado da AGU/Amapá, o pioneiro Leonardo da Silveira Evangelista chegou em Macapá em 1959 acompanhando os pais que atenderam ao chamado de um tio que aqui residia e anunciava a abertura de muitos empregos, pois o Amapá tinha sido transformado em Território Federal e o governador nomeado precisava de todos os tipos de mão de obras.
“Minha família veio para o Amapá, quando eu tinha 13 anos, devido a situação do recém criado Território Federal do Amapá ter bastante recursos. A notícia foi repassada pelo meu tio Martinano da Silveira que aqui residia desde 1944 e com a posse do novo governador Janary Nunes, abria-se as portas de empregos e ele passou a ser motorista da nova administração”.
Nascido Óbidos/PA, em 06 de novembro de 1946, esse escorpiano de primeiro decanato, está hoje com 71 anos, filho de José Gomes Evangelista, mestre de fogos de artifícios e comerciante e de Luiza Evangelista, comerciante. É o mais velho de uma prole de nove irmãos, “todos vivos”, faz questão de afirmar.
Teve uma infância normal em Óbidos onde deu início aos estudos, completados em Macapá. O jovem Leonardo Evangelista teve uma juventude atribulada, pois devido uma doença que acometeu seu pai, teve de trabalhar para ajudar na manutenção da família.
“Retornei meus estudos no Colégio Comercial do Amapá e Colégio Amapaense e paralelo trabalhava intensamente para ajudar minha mãe que devido o meu ter ficado cego se tornou a mantenedora do lar. Vendíamos frutas e legumes e churrascos para mantermos os meus irmãos na escola, na nossa residência no Bairro Santa Rita e graças a Deus, todos se formaram, estão espalhados pelo Amazonas, Pará”.
Formado no Colegial, prestou exames suficiência da CADES e se Licenciou em Historia. “ A Campanha de
Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário (CADES), tinha naquela época um grande desempenho na educação brasileira nas décadas de 1950 e 1960. Pois, formavam professores para cobrir ao déficit de docentes decorrente da grande expansão do ensino secundário, almejada por Getúlio Vargas, que colocava em risco a sua qualidade. O curso de orientação de professores, visava prepará-los para o exame de suficiência que se aprovados conseguiam a Licença para lecionar a matéria especifica que foi sabatinado. Ou seja, preparar tecnicamente pessoas leigas para o exercício do magistério e eu fui um deles”.
Leonardo Evangelista, foi aprovado em primeiro lugar na disciplina de História, e passou a ministrar suas aulas primeiro na cidade de Amapá, na Escola no Colegial, no Colégio Amapaense, onde estudou. “Lecionei por 8 anos (1969/1977) no Colégio Amapaense, logo depois fui prestar vestibular em Belém para a Faculdade de Direito da Universidade Federal do Pará, aprovado desliguei-me do quadro territorial, não consegui bolsa de estudos e não fui colocado à disposição da representação do Governo do Amapá no Pará, devido ao governo Militar, na época era governador Arthur de Azevedo Henning, que não gostava de mim, devido a minha militância estudantil e no grêmio Rui Barbosa do CA”.
Para levar a vida acadêmica na capital paraense, durante oito anos (1977/1985), e continuar ajudando seus familiares em Macapá, Leonardo se desdobrou. “Passei a lecionar no Colégio Cearense, preparatório de Vestibular e no Centro Educacional Olimpus as disciplinas de História Geral e do Pará”.
Ele destaca que também ajudava na manutenção da República Estudantil dos Amapaenses. “Além das festas e farras, sempre sobrava para ajudar os colegas, com uma sardinha, um remédio, emprestava meus livros para os que não podiam comprar, foi difícil mais foi salutar e consegui muitos amigos.”
Após conseguir o Bacharelado em Direito e retornar no Amapá, foi boicotado sua contratação para os quadros do governo. “Passei no Concurso Público, fui classificado, mas não fui contratado por perseguição política. Minha saída foi lecionar particular dando aulas de reforços para puder me manter e a minha família”.
A história familiar de Leonardo Evangelista, merece um livro, pois desde a primeira esposa, conhecida na época da faculdade com quem teve dois filhos, somaram-se mais nove consortes. “Meu primeiro casamento foi no Cartório Falcão (Belém) Maria de Lurdes do Espirito Santo, sobrinha do radialista Edvar Mota, com que fiquei durante cinco anos. Tive dois filhos neste casamento Fabricio Lins e Emilio Ribas. Bom para resumir, são doze filhos e cinco netos”.

AGU
A Advocacia Geral da União, precisava contratar advogados para atuar no Amapá, então foi realizado um levantamento entre os casuísticos local e nosso pioneiro foi um dos escolhidos para compor o quadro da AGU. “Coloquei meu currículo para ser examinado pela equipe que estava selecionando advogados para o quadro no Amapá e o Advogado-Geral em Brasília me nomeou em 2 de junho de 1986 há 31 anos. E dia 19 de maio me aposentei. Porém, foram cinquenta anos atuando no serviço público e judicial do Amapá, desde o magistério até a AGU”.
Para Leonardo Evangelista, atuar na defesa dos interesses da União foi uma experiência prática. “Essa praticidade em defesa da União exige muita dedicação e coloquei todo o meu conhecimento e minha Biblioteca particular para ajudar nas atividades na AGU. Pois, trabalhamos com grandes e pequenas causas que repercutem em todo território nacional”.
Já nos quadros da AGU, Leonardo foi cedido para a representação do Ministério da Fazenda no Amapá. “Passei 13 anos na representação do ministério da Fazenda no Amapá, como parecerista. Graças Deus todo o meu trabalho dessa época foi criticado com rigor e aprovados”.
A história de Leonardo da Silveira Evangelista no Amapá, aconteceu durante 58 anos. “Eu cheguei aqui no começo da história de transformação institucional do Amapá. Vivi sua história como Território Federal, os governos militares, os gestores nomeados, as crises de saúde pública, éramos um território infestado pela epidemia da Malária e da Febre Amarela, os nomeados tinham horror de vir para cá. Participei dos movimentos políticos de pleitos para mudanças políticas e sociais e elas aconteceram, não como queríamos, mas tiramos as amarras da dependência de pessoas de fora para nos governar. Ainda não temos amapaenses legítimos, pois isso acontecerá no futuro bem breve, quando nossos filhos e netos governarem essa terra. Somos deficitários de muitas coisas, mas estamos muito melhor do que a 70 anos atrás, onde não tínhamos para produzir na Educação, na Administração, na Justiça, enfim hoje temos, pois evoluímos para melhor, poderia ser melhor. Mas vamos conseguir

 

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