quinta-feira, 15 de junho de 2017

Raves: festas sem lei

Raves: festas sem lei

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Reinaldo Coelho

Tudo começa com mensagens via redes sociais. De forma discreta e exigindo senhas de passe, as festas de raves em Macapá se tornaram as sensações para os jovens que procuram balada privê, som eletrônico e horas de música sem parar. Para agüentar esse ritmo frenético e 48 horas acordado, algo não pode faltar nesses encontros: substâncias entorpecentes.

Exibindo drogas_saosebastiao.jpgO comércio e o consumo de drogas nas raves são feitos de forma explícita e aos olhos de quem quiser ver, relatam jovens estudantes que frequentam esse tipo de festa. "Eu vejo pessoas comprando e vendendo, e não é possível participar de um evento como esse sem consumir drogas. Ninguém vai à raves apenas para ouvir música”, declara um jovem que não quis se identificar por questões óbvias.
Infelizmente, a capital amapaense vem sofrendo com essa problemática social. Como se não bastassem a venda e o consumo das drogas nos quatro cantos da cidade, as festas raves agora acenderam a luz de alerta vermelho nos órgãos de segurança pública.

Na semana passada, a morte de um jovem de 22 anos e que participava de uma festa rave em um sítio localizado no quilômetro 9 da BR-210, zona oeste de Macapá,  está  sendo apurada pela Polícia Civil (PC). A festa teria iniciado na noite do sábado (3), sendo que o jovem teria passado mal já na madrugada de domingo (4).

Exibindo Jefferson Medeiros, de 22 anos, era estudante universitário.jpg
Jeferson de Souza Medeiros estava comemorando o aniversário e era acadêmico do curso de Relações Exteriores da Unifap (Universidade Federal do Amapá). O caso ganhou repercussão na segunda-feira (5) nas redes sociais depois que outros jovens que estavam na mesma festa passaram a fazer publicações afirmando que o rapaz teria feito uso de álcool e outras drogas durante o evento. Este consumo ainda não foi confirmado pela perícia, visto que o primeiro diagnóstico da morte aponta para uma parada cardiorrespiratória que evoluiu para o óbito no Hospital de Emergências de Macapá.
À polícia, o organizador da festa contou que não soube durante o evento que o jovem havia passado mal. Segundo ele, houve uma rígida revista dos participantes e veículos na entrada, exatamente para coibir o uso de drogas no interior da rave.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sejusp) informou que o evento não tinha autorização para acontecer.
"Todos os ouvidos negam que tenha havido o uso de drogas. Mas se for comprovado que houve uma overdose, qual a questão? O dono da festa pode ser responsabilizado? Se usou drogas, usou de quem?", indagou o delegado, que segue investigando o caso.
Exibindo TMLBrasil_20160421_174152_WA-min.jpgA Polícia Civil alertou que vai reforçar as fiscalizações a partir de agora, nessas festas raves, mesmo em áreas particulares. Segundo ele, sem a vigilância, os locais ficam expostos ao consumo desregulado de entorpecentes e bebidas alcoólicas por menores de idade.
Infelizmente, nessas festas é comum o uso de drogas sintéticas e muitas vezes ainda a casos em que pessoas más intencionadas colocam drogas na bebida de terceiros, causando danos.
Com esta noticia, revela-se um mundo que todos sabem, mas que se mantém em segredo: a relação íntima entre as raves e drogas. Estes encontros nos últimos anos cresceram e se tornaram pop, cheia de atrações e surpresas deslumbrantes.
“Nas raves a droga impera. Pode não ser a intenção dos organizadores, que até contratam seguranças para executar a intolerância com as drogas, mas é impossível você curtir esse tipo de festa sem usar qualquer entorpecente, ou você consegue se imaginar dançando música eletrônica por 48 horas, no sol ou na madrugada, sem ficar cansado?”, indagou um freqüentador ao jornal TA.
O resultado parece mais com aqueles filmes de terror, com os freqüentadores se balançando, usando óculos escuros e pulando sem parar. Essa é a sensação de “fritar”, como os admiradores comumente falam quanto aos resultados.
Eles se põem diante das caixas de som, sobem nas estruturas do palco, tiram as roupas, jogam-se no chão. São verdadeiros zumbis. É assim que ficam nossos jovens e muitos chegam a morte.

Raves sem limites
As chamadas raves existem no Brasil desde o começo dos anos 1990 e proliferaram de forma silenciosa no País ao longo das duas últimas décadas, e chegou a Macapá.
Mas os problemas causados por essas festas são muito maiores, principalmente pela mistura explosiva gerada pela quantidade de gente (muitos menores de idade), o abuso de álcool e drogas, poucos seguranças e a falta de controle do que acontece nesses eventos.
Sem parâmetros legais, as raves vão criando inovações. Para deixar o cenário ainda mais arriscado, algumas festas oferecem brinquedos radicais como atração extra – o que só potencializa os efeitos das drogas e do álcool.

É preciso regras para disciplinar essas festas que duram dias e reúnem até milhares de pessoas, inclusive menores. Como está, falta segurança e sobram álcool e drogas nesses eventos sem lei.

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