Raves: festas sem lei
Reinaldo Coelho
Tudo começa com mensagens via redes
sociais. De forma discreta e exigindo senhas de passe, as festas de raves em
Macapá se tornaram as sensações para os jovens que procuram balada privê, som
eletrônico e horas de música sem parar. Para agüentar esse ritmo frenético e 48
horas acordado, algo não pode faltar nesses encontros: substâncias
entorpecentes.
Infelizmente, a capital amapaense vem
sofrendo com essa problemática social. Como se não bastassem a venda e o
consumo das drogas nos quatro cantos da cidade, as festas raves agora acenderam
a luz de alerta vermelho nos órgãos de segurança pública.
Na semana passada, a morte de um
jovem de 22 anos e que participava de uma festa rave em um sítio localizado no
quilômetro 9 da BR-210, zona oeste de Macapá,
está sendo apurada pela Polícia
Civil (PC). A festa teria iniciado na noite do sábado (3), sendo que o jovem
teria passado mal já na madrugada de domingo (4).
Jeferson de Souza Medeiros estava
comemorando o aniversário e era acadêmico do curso de Relações Exteriores da
Unifap (Universidade Federal do Amapá). O caso ganhou repercussão na segunda-feira
(5) nas redes sociais depois que outros jovens que estavam na mesma festa
passaram a fazer publicações afirmando que o rapaz teria feito uso de álcool e
outras drogas durante o evento. Este consumo ainda não foi confirmado pela
perícia, visto que o primeiro diagnóstico da morte aponta para uma parada
cardiorrespiratória que evoluiu para o óbito no Hospital de Emergências de
Macapá.
À polícia, o organizador da festa
contou que não soube durante o evento que o jovem havia passado mal. Segundo ele,
houve uma rígida revista dos participantes e veículos na entrada, exatamente
para coibir o uso de drogas no interior da rave.
A Secretaria de Estado da Segurança
Pública (Sejusp) informou que o evento não tinha autorização para acontecer.
"Todos os ouvidos negam que
tenha havido o uso de drogas. Mas se for comprovado que houve uma overdose,
qual a questão? O dono da festa pode ser responsabilizado? Se usou drogas, usou
de quem?", indagou o delegado, que segue investigando o caso.
Infelizmente, nessas festas é comum o
uso de drogas sintéticas e muitas vezes ainda a casos em que pessoas más
intencionadas colocam drogas na bebida de terceiros, causando danos.
Com esta noticia, revela-se um mundo que todos sabem, mas que
se mantém em segredo: a relação íntima entre as raves e drogas. Estes encontros
nos últimos anos cresceram e se tornaram pop, cheia de atrações e surpresas
deslumbrantes.
“Nas raves a droga impera. Pode não ser a intenção dos
organizadores, que até contratam seguranças para executar a intolerância com as
drogas, mas é impossível você curtir esse tipo de festa sem usar qualquer
entorpecente, ou você consegue se imaginar dançando música eletrônica por 48
horas, no sol ou na madrugada, sem ficar cansado?”, indagou um freqüentador ao
jornal TA.
O resultado parece mais com aqueles filmes de terror, com os
freqüentadores se balançando, usando óculos escuros e pulando sem parar. Essa é
a sensação de “fritar”, como os admiradores comumente falam quanto aos
resultados.
Eles se põem diante das caixas de som, sobem nas estruturas
do palco, tiram as roupas, jogam-se no chão. São verdadeiros zumbis. É assim
que ficam nossos jovens e muitos chegam a morte.
Raves sem limites
As chamadas raves
existem no Brasil desde o começo dos anos 1990 e proliferaram de forma
silenciosa no País ao longo das duas últimas décadas, e chegou a Macapá.
Mas os problemas
causados por essas festas são muito maiores, principalmente pela mistura
explosiva gerada pela quantidade de gente (muitos menores de idade), o abuso de
álcool e drogas, poucos seguranças e a falta de controle do que acontece nesses
eventos.
Sem parâmetros legais,
as raves vão criando inovações. Para deixar o cenário ainda mais arriscado,
algumas festas oferecem brinquedos radicais como atração extra – o que só
potencializa os efeitos das drogas e do álcool.
É preciso regras para disciplinar essas festas que duram dias
e reúnem até milhares de pessoas, inclusive menores. Como está, falta segurança
e sobram álcool e drogas nesses eventos sem lei.
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