JUPINDÁ OU “UNHA-DE-GATO”: PLANTA COM EFEITOS
CURATIVOS AMPLOS
A
Fitoterapia é um método terapêutico que tem papel de importância na
farmacoterapia moderna. A resistência ao
seu uso é mais atribuída ao desconhecimento do que nos argumentos de que não
utiliza o método científico. Esse paradoxo em parte já foi superado pela Fitoterapia Racional e Contemporânea, que
hoje é chamado de Fitomedicina,
amplamente utilizada em países desenvolvidos, onde o rigor científico é uma
exigência, como nos USA, Canadá e Alemanha.
Uma
das mais promissoras áreas do estudo e uso das plantas medicinais e
fitoterápicos é no campo das doenças crônico-degenerativas, como na Oncologia,
que estuda os tumores cancerosos ou neoplasias, e na Imunologia, que as utiliza
para melhora da performance e qualidade de vida dos seus usuários. O combate
dos fatores desencadeantes de estresse e da neutralização dos radicais livres é
outro campo a ser explorado pela Fitoterapia, que cada vez mais se aproxima e
confirma as descobertas das medicinas tradicionais.
Continuando
a série sobre as plantas antioxidantes do Bioma Amazônico, hoje invadido pela
agropecuária, barragens de hidroelétricas, indústria madeireira e petrolífera,
em detrimento da vocação das culturas tradicionais, vamos tratar neste artigo
de uma planta já utilizada pelos antigos Incas, que repassaram os conhecimentos
aos índios peruanos. Estamos falando da Unha-de-Gato
(Uncaria tomentosa Wil.), existente
nas florestas da América do Sul, incluindo a Amazônia Brasileira. Nas florestas tropicais temos duas espécies
que ocorrem na bacia Amazônica: U.
tomentosa e U. guaianensis.
Essas
espécies tratam-se de arbustos trepadores que chegam a 30 metros de altura. Seu
nome vulgar é proveniente da semelhança de seu espinho com “unha-de-gato” (“cat’s
claw”). Suas propriedades e
ações farmacológicas devem-se aos compostos isolados da planta: alcaloides, glicosídeos do ácido
quinóvico e procianidinas. Os nativos
peruanos a utilizam há séculos no combate de processos inflamatórios, artrites,
casos de câncer, infecções virais, ulceras gástricas e desordens menstruais.
A
propriedade antioxidante, imunoestimulante e inibidora de crescimento de
células leucêmicas é atribuída à ação dos alcaloides oxindólicos pentacíclicos.
Outro grupo de compostos são dos glicosídeos do ácido quinóvico ( com ação
antiviral) e compostos fenólicos, as procianidinas, com atividade antioxidante,
anti-inflamatória e antiviral. Os glicosídeos além de atuar na inflamação, por
inibição da cadeia da enzima fosfolipase A2, agem na integridade das
membranas celulares, recuperando a camada lipídica danificada, evitando lesões
no intimo dos tecidos, como o endotélio vascular.
Os
extratos da planta possuem ação anti-mutagênica, efeito esse pertencente ao seu
potencial antioxidante. Assim, a planta medicinal age por efeito sinérgico de
seus componentes químicos ativos, assim como todas as plantas medicinais, que
atuam através de seu fitocomplexo.
A
planta tem efeito bastante satisfatório nas inflamações crônicas, gastrites,
úlceras gástricas e nos reumatismos (artrite, artrose) e nas doenças
degenerativas e convalescências, devido seu efeito revigorante e depurativo. Em
associação com sucuúba, ipê-roxo e alcaçuz, podem ser úteis nos portadores de
câncer em tratamento com quimio e radioterapia.
A
unha-de-gato pode ser utilizada na forma de chá em decocção das raízes ou casca
do caule (20 gramas), fervida com 1 litro de água, por 15 a 30 minutos, repondo
depois o volume pedido pela fervura, o que fornece cerca de 40 mg/l de
alcaloides oxindólicos, com dose diária de 4mg. Na forma de pó da planta, pode
ser usado 2 capsula (1g) 4 vezes/dia, dependendo do caso. Pode ser encontrada
nas farmácias de manipulação. O efeito
tóxico é quase nulo, mesmo com doses altas. É contraindicada na gravidez e na
lactação.
Macapá-Ap,
19.06.2017. JARBAS ATAÍDE
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