sexta-feira, 23 de junho de 2017

SAÚDE EM FOCO



JUPINDÁ OU “UNHA-DE-GATO”: PLANTA COM EFEITOS CURATIVOS AMPLOS
       A Fitoterapia é um método terapêutico que tem papel de importância na farmacoterapia moderna.  A resistência ao seu uso é mais atribuída ao desconhecimento do que nos argumentos de que não utiliza o método científico. Esse paradoxo em parte já foi superado pela Fitoterapia Racional e Contemporânea, que hoje é chamado de Fitomedicina, amplamente utilizada em países desenvolvidos, onde o rigor científico é uma exigência, como nos USA, Canadá e Alemanha.
Uma das mais promissoras áreas do estudo e uso das plantas medicinais e fitoterápicos é no campo das doenças crônico-degenerativas, como na Oncologia, que estuda os tumores cancerosos ou neoplasias, e na Imunologia, que as utiliza para melhora da performance e qualidade de vida dos seus usuários. O combate dos fatores desencadeantes de estresse e da neutralização dos radicais livres é outro campo a ser explorado pela Fitoterapia, que cada vez mais se aproxima e confirma as descobertas das medicinas tradicionais.
Continuando a série sobre as plantas antioxidantes do Bioma Amazônico, hoje invadido pela agropecuária, barragens de hidroelétricas, indústria madeireira e petrolífera, em detrimento da vocação das culturas tradicionais, vamos tratar neste artigo de uma planta já utilizada pelos antigos Incas, que repassaram os conhecimentos aos índios peruanos. Estamos falando da Unha-de-Gato (Uncaria tomentosa Wil.), existente nas florestas da América do Sul, incluindo a Amazônia Brasileira.  Nas florestas tropicais temos duas espécies que ocorrem na bacia Amazônica: U. tomentosa e U. guaianensis.
Essas espécies tratam-se de arbustos trepadores que chegam a 30 metros de altura. Seu nome vulgar é proveniente da semelhança de seu espinho com “unha-de-gato” (“cat’s  claw”). Suas propriedades  e ações farmacológicas devem-se aos compostos isolados  da planta: alcaloides, glicosídeos do ácido quinóvico e procianidinas.  Os nativos peruanos a utilizam há séculos no combate de processos inflamatórios, artrites, casos de câncer, infecções virais, ulceras gástricas e desordens menstruais.
A propriedade antioxidante, imunoestimulante e inibidora de crescimento de células leucêmicas é atribuída à ação dos alcaloides oxindólicos pentacíclicos. Outro grupo de compostos são dos glicosídeos do ácido quinóvico ( com ação antiviral) e compostos fenólicos, as procianidinas, com atividade antioxidante, anti-inflamatória e antiviral. Os glicosídeos além de atuar na inflamação, por inibição da cadeia da enzima fosfolipase A2, agem na integridade das membranas celulares, recuperando a camada lipídica danificada, evitando lesões no intimo dos tecidos, como o endotélio vascular.
Os extratos da planta possuem ação anti-mutagênica, efeito esse pertencente ao seu potencial antioxidante. Assim, a planta medicinal age por efeito sinérgico de seus componentes químicos ativos, assim como todas as plantas medicinais, que atuam através de seu fitocomplexo.
A planta tem efeito bastante satisfatório nas inflamações crônicas, gastrites, úlceras gástricas e nos reumatismos (artrite, artrose) e nas doenças degenerativas e convalescências, devido seu efeito revigorante e depurativo. Em associação com sucuúba, ipê-roxo e alcaçuz, podem ser úteis nos portadores de câncer em tratamento com quimio e radioterapia.
A unha-de-gato pode ser utilizada na forma de chá em decocção das raízes ou casca do caule (20 gramas), fervida com 1 litro de água, por 15 a 30 minutos, repondo depois o volume pedido pela fervura, o que fornece cerca de 40 mg/l de alcaloides oxindólicos, com dose diária de 4mg. Na forma de pó da planta, pode ser usado 2 capsula (1g) 4 vezes/dia, dependendo do caso. Pode ser encontrada nas farmácias de manipulação.  O efeito tóxico é quase nulo, mesmo com doses altas. É contraindicada na gravidez e na lactação. 
Macapá-Ap, 19.06.2017. JARBAS ATAÍDE   

  

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