Skate Olímpico é realidade para as Olimpíadas de 2020
Reinaldo Coelho
Duas das novidades do programa olímpico dos
Jogos de Tóquio 2020, o surfe e o skate transformaram-se nas últimas décadas em
esportes de alto rendimento cada vez mais profissionais. Atletas vivem dos
patrocínios, vídeos produzidos e ganhos das modalidades deixando para trás a
áurea de amadorismo.
Na Olimpíada de Tóquio pode vir do skate uma
boa fatia de medalhas brasileiras. Modalidade que estreará em 2020 o esporte
conta com diversos talentos nacionais capazes de alcançar o lugar mais alto do
pódio. Aliás, já costuma ser esse o desfecho nos eventos mundiais que o Brasil
participa.
Mas infelizmente o entusiasmo pela notícia
alvissareira para os praticantes de Skate, vem sendo nublado pela briga de
cartolas que querem impor a vinculação do esporte através da Confederação
Brasileira de Hóquei e Patinação (CBHP) a entidade representativa da modalidade
na Olimpíada. O que gera insatisfação por parte da Confederação Brasileira de
Skate (CBSk), que deseja participar do processo olímpico e que conta com o
apoio dos nomes tradicionais do skate do Brasil.
O skate terá duas modalidades na Olimpíada de
2020: Park e Street, com os gêneros feminino e masculino. Cada categoria dará
três vagas ao Brasil, totalizando 12. Tidos como três dos principais jovens
adeptos do esporte no país e por consequência sérios candidatos a futuros
atletas olímpicos, Gabriel Fortunato, Pâmela Rosa e Yuri Facchini disseram
estar contentes com a novidade. Para eles a entrada do skate na Olimpíada pode
trazer "mais respeito" à modalidade.
– Assim como outros esportes, como o futebol,
melhoram a vida de alguns garotos, o skate também pode fazer isso. O esporte
será mais respeitado, e isso é muito bom. Mas o importante é sempre se divertir
– disse Gabriel Fortunato, de 18 anos, de olho no efeito social que a entrada
do skate nos Jogos Olímpicos pode ter.
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Karen Jonz, campeã do mundo, na demonstração dos Jogos Olímpicos da Juventude |
– O skate vem crescendo muito, temos que
evoluir junto com ele, e estar nas Olimpíadas é mais um sinal disso. Mas não
podemos perder a essência: andar na rua, com os amigos - completou Yuri
Facchini, de 20 anos.
O Skate no Amapá
Com essas notícias o skate amapaense está
eufórico, e uma preocupação é com o local onde treinar. Incentivo para
participação nas competições regionais e nacionais, garantindo aos atletas
amapaenses vagas na seleção brasileira e possam representar o Estado nas
Olimpíadas, como já tivemos a honrar de acessar o pódio na natação e no Tae-kwon-do.
As pífias pistas existentes na capital
amapaense e em Santana estão necessitando de manutenção e modernização. Um
salto nessa direção é o interesse de conversar com os envolvidos para idealizar
modernização das práticas desse esporte OLÍMPICO dentro da nossa capital,
manifestado pelo titular da coordenadoria Municipal de esporte e Lazer (COMEL),
Léo Sávio, já manifestou nas redes sociais.
A reportagem do Tribuna Amapaense, conversou
com Kookimoto Mira, publicitário, 22 anos de skate, que apresentou a realidade
do Skate no Amapá
“Falando na realidade Estadual, ainda não
temos atletas de ponta para brigar por uma vaga nas olimpíadas, mesmo porquê
estamos fora do circuito de campeonatos, e mesmo se estivéssemos, temos uma
infraestrutura muito fraca, que não comporta a quantidade de skatistas do
Estado, para se ter uma preparação nivelada com os demais, com isso produzir
atletas profissionais.
Temos skatistas com extrema qualidade
técnica, mas que ao longo do tempo se perde por não ter um horizonte para se
profissionalizar”.
Ele explica que a categoria Street é a mais
praticada no Estado, que que o Amapá tem skatistas campeões fora do estado.
“Temos em Belém, São Paulo, Fortaleza, Porto Alegre. Estamos na quinta geração
de skatistas, e a tendência é que cada
vez mais, se apure a técnica elevando o nível, e se compatibilizando com o
atletas do resto do país. Tivemos um único Half Pipe, na praça do poeirão, mas
que foi destruída para se fazer um puxadinho de um bar”.
Para o máster Kookimoto a essência do skate é
a rua, o Street skate. Com a evolução do esporte, vieram os locais específicos
para treino, as chamadas Skate Parks, para a modalidade vertical a pista de
chama Half Pipe. “No Estado temos cerca de 8 pistas, 3 em Macapá, 1 na
fazendinha, 2 em Santana, 1 Laranjal do Jari, 1 Mazagão, dentre outras que
serão construídas. Apesar de ser um número razoável, a execução técnica deixa a
desejar, são pistas completamente tortas e fora do padrão, penso que é o
costume de se construir apenas caixas de areia para jogar futebol nas praças”.
Quanto a realização de campeonatos, dependem
dos próprios praticantes, no caso nos últimos anos, quem está a frente é a
entidade ASKAP (Associação de Skatistas do Amapá). “Fazem 2 ou 3 eventos por
ano. Mas já tivemos nossa época de ouro, de 5 a 8 por ano.
O esporte veio de uma contra cultura, nasceu
dos anos 50 para 60 na Califórnia, de lá pra cá, teve uma evolução gigantesca,
mas na realidade do Amapá, ainda se tem a visão provinciana por parte do poder
público e empresarial. Lê-se também repressão policial já institucionalizada
por parte da guarda municipal, onde os skatistas estão tendo exaustivos
episódios de violência e desavenças. “Até a polícia militar está mais aberta a
compreender o esporte do que a guarda municipal. Em especial na praça Floriano
Peixoto em que 2 ou 3 moradores agem com extrema violência contra crianças que
praticam o skate”.
O skate está ainda nos primeiros passos pelos
municípios de laranjal do Jari e Oiapoque, mas tem alguns skatistas que vieram
de lá, e fizeram seu nome no Brasil. “Temos a pista do Jari, em que foi
realizado apenas 1 evento, mas já está previsto algo para o segundo semestre do
ano, é uma pista boa para a prática do esporte, e com certeza vai ser de suma
importância para a prático skate no sul do Estado. Temos uma pista prevista par
o município do Amapá, mas não temos contatos para saber o andar da carruagem”.
Kookimoto realça que o ideal seria uma pista
skatável para cada município, mas as barreiras politicas estão impossibilitando
a construção. “Pois, até com a captação de recursos feita, a execução de
algumas delas se tornou impossível. Em Macapá, tenho conhecimento da possível
construção de 5 pistas em praças que passarão por profundas reformas. Creio que
não dói sonhar que um dia serão construídas”, finaliza.
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