O professor e o aluno de ontem e o de hoje.
Começou as férias escolares, mês de julho,
mês de férias para o professor e alunos. A cada novo semestre, tudo recomeça. E
lá vamos nós. Depois de alguns dias de férias, já bate a saudade do professor
pela sala de aula e dos alunos, das aulas, da rotina escolar.
Bom, mas vamos falar sobre a existência de um
mito diferencial do professor de ontem com os de hoje, as transformações
ocorridas em salas de aulas nessa primeira década do século XXI, foram
benéficas aos alunos e prejudiciais aos professores, ou a ambos? Uma coisa é
certa mudaram os conteúdos pedagógicos e os métodos de aprendizagem,
favorecendo aos dois.
Muitos dizem que os alunos de ontem eram
melhores. Em quê? Em algumas matérias,
com certeza. Em latim? Em cultura geral? O aluno de hoje tem acesso a uma carga
de informações jamais vista. Hoje o ensino está mais democrático. Isso abre
espaço para alunos com formação de base mais deficiente. Em contrapartida, as
tecnologias da informação despejam todo tipo de conteúdo em cima de todos e
suprem lacunas como nunca antes.
Mudaram os métodos e os conteúdos. A
aprendizagem de antigamente era baseado na decoreba. Inteligente era quem tinha
uma excelente memória. Quem falava três
línguas era considerado gênio.
Não funciona mais assim. A memória artificial
acabou com a importância da memória natural. Importante é ter boa cultura e
saber procurar.
Outra situação é a falta de respeito dos
alunos. Hoje o aluno bate em professor. Antigamente professor batia em aluno. A
sala de aula era do mestre autoritário, despótico, ditador, um tirano que punia
com palmatória e, depois dela, com castigos e humilhações: colocava atrás da
porta, de joelhos, em cima do grão de milho, expulsava da sala de aula, usava
palavras duras, insultava, berrava, pisoteava.
Eu vi isso em sala de aula. Eu fui para trás
da porta. Eu vi meus colegas de joelhos no canto da sala. O aluno era adestrado por professores
tirânicos.
Exagero? Não. Há menos de 50 anos quase tudo
isso ainda existia. O professor não podia ser questionado. É possível que, em
certas situações atuais, o aluno não possa ser questionado e humilhe o
professor.
O professor de antigamente não era um tirano
por querer. Refletia o seu tempo. A família também era assim. O pai era o chefe
autoritário da família. Articulava carinho com despotismo. Impunha-se como um
rei furioso.
Estamos em busca do equilíbrio.
O mundo mudou.
É mais difícil ser pai e professor nestes
tempos atuais de negociação e de limites à autoridade. O respeito agora deve
ser recíproco. O diálogo se impõe.
Um professor hoje só se faz respeitar pela
competência, pela capacidade de dialogar, pela arte de transmitir saber e por
ser capaz de ouvir e discutir.
Aprender não é sofrer. É sentir prazer. Nem
tudo pode ser divertido. Mas nada precisa ser feito na base dos castigos e das
reprimendas raivosas.
Ser professor é maravilhoso. Um desafio que
se renova com o tempo.
Nossas escolas foram durante a maior do tempo
excludentes. Só agora os não brancos começam a entrar realmente em certos
cursos antes reservados, sob a suposta cobertura do mérito, para os filhos dos
donos do poder. Era a reprodução da desigualdade por meio da meritocracia
dissimulada. Não havia igualdade de preparação. Em consequência, não havia
igualdade de disputa. E, grosso modo, ainda não há. Mas uma fresta se abriu com as cotas.
O melhor presente para os heroicos
professores é salário melhor. Quem diz que o salário não é o principal,
manipula, mente, falseia. O professor é tudo. É a base de todas as outras
profissões baseadas em educação formal. Os salários no ensino fundamental e
médio continuam ínfimos.
Não dá para pagar mais? Dá. Mas para isso a
sociedade precisa redefinir as suas prioridades. E o professor e o aluno têm de
ser a primeira delas. (Adaptado do texto de Juremir Machado da
Silva graduado em História (bacharelado e licenciatura) e em Jornalismo pela
PUCRS)
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