Com a extinção da Guarda Territorial e a implantação
da Polícia Militar do Amapá foi transferido para a Polícia Civil, onde foi
Agente Escrivão e Comissário de Polícia. Exerceu também atividades de músico,
maestro, compositor, com participação em diversos Festivais da Canção
Amapaense, sendo autor do Hino do Esporte Clube Macapá.
Mário da Silva Melo – policial, maestro e compositor – (1923 – 2006) (In
memoriam)
Reinaldo Coelho
Esta semana estamos homenageando, in memoriam,
o policial, maestro e compositor amapaense, Mário da Silva Melo, que faleceu
aos 83 anos de idade. O texto é do seu genro, o radialista João Lázaro.
Mário da Silva Melo nasceu no município de
Breves/PA, em seis de janeiro de 1923. Filho de Altino Amorim de Souza e
Virgília Marques da Cruz. Na pia batismal recebeu o sobrenome de seus
padrinhos. Viveu sua infância lá mesmo em Breves, ao lado de sua mãe até os 17
anos, quando saiu de sua terra natal, em busca de trabalho e independência.
Chegou ao Amapá no início dos anos 40 (por
volta de 1941), quando aquela terra ainda pertencia ao Estado do Pará. No
Amapá, o jovem Mário Melo começou sua atividade no garimpo do Vila Nova (município
de Mazagão), onde contraiu malária, que o fez abandonar aquela atividade econômica
e se mudar para Macapá em busca de tratamento médico.
Em seguida trabalhou no Serviço Especial de
Saúde Pública (SESP), criado durante a 2ª Guerra Mundial para sanear a
Amazônia, tendo em vista os altos índices de malária e febre amarela que
atingiam os habitantes daquela região.
Com a elevação do Amapá à condição de
Território Federal (1943) houve a criação da Guarda Territorial (uma polícia
específica para os territórios federais recém criados), e ele foi um dos seus
integrantes ao lado de muitos outros Pioneiros.
Em 1946 (aos 22 anos), casou com a jovem
Ercília Furtado Coutinho (17 anos), natural do município de Chaves/PA. Dessa
união nasceram 16 filhos, sendo 10 (dez) homens e 6 (seis) mulheres, todos
naturais de Macapá e com nomes iniciados pela letra M.
Mário Melo permaneceu na Guarda Territorial
até 1951, quando por motivos políticos foi exonerado do Serviço Público.
No período de 1951 a 1962 desenvolveu várias
atividades particulares para sobreviver e sustentar sua família, entre elas:
dono de bar e botequim (onde se reuniam alguns amigos da boemia local);
canoeiro que abastecia o pequeno comércio da cidade com venda de carvão, peixe,
camarão, carne de caça (liberada na época), suína, etc.
Um dos fatos ocorridos durante sua atividade
de canoeiro foi um naufrágio que sofreu no rio Amazonas, vindo a perder tudo,
salvando apenas sua vida e de seu filho mais velho. Com esse acontecimento ele
procurou um novo ramo de atividade: o de carroceiro (freteiro).
Em seguida, foi garapeiro (vendedor de caldo
de cana), localizado atrás dos mercados Central e municipal de peixes.
A partir da década de 60 torna-se evangélico
da Igreja Adventista do Sétimo Dia, situada na Praça Nossa Senhora da Conceição,
no Bairro do Trem. Nesse mesmo período retoma seus estudos no Instituto Veiga
Cabral que pertencia ao professor Alzir da Silva Maia, na atual Rua Rio Maracá,
entre as avenidas Tiradentes e São José, área hoje (2017) ocupada pela Feira
Municipal do Centro da Cidade.
No período de 1967 a 1970, fez o curso
ginasial no antigo Ginásio de Macapá, hoje (2017) Escola Estadual Antônio
Cordeiro Pontes. Entre 1971 e 1973 fez o Curso Pedagógico no Instituto de
Educação do Amapá - IETA.
Autodidata no aprendizado de violão, foi
aluno do Mestre Oscar Santos, com quem aprendeu a tocar instrumentos de sopro,
leitura e escrita de partituras.
Em 1962, o Governo Federal promoveu um novo
enquadramento e Mário Melo regressou à Guarda Territorial, na condição de
integrante da Banda de Música da corporação. Foram seus contemporâneos na Banda
da Guarda Territorial, músicos conhecidos, em sua maioria por nomes de guerra
ou apelidos tais como: Morcego, Feliciano, Biroba, Ueua, Caveira, Gurjão, Zé
Crioulo, Dantas, Aracu, Tomate e muitos outros. Todos sob a regência do Maestro
Miguel (Cipó).
Com a extinção da antiga Guarda Territorial e
implantação da Polícia Militar do Amapá (Lei n° 6.270, de 26 de novembro de
1975), Mário Melo foi transferido para a Polícia Civil, onde exerceu as funções
de Agente Escrivão e Comissário de Polícia.
Além dessas, exerceu também atividades de
músico, maestro, compositor, com participação em diversos Festivais da Canção
Amapaense, sendo também, autor do Hino do Esporte Clube Macapá.
A boemia era um de seus lazeres, tendo como
parceiros: Zé Crioulo, Walber Damasceno, Noé do Bandolim, Treze, Reinaldo Lima,
entre outros.
Ao final dos anos 70 e início dos 80, foi
professor de música no Colégio Amapaense onde montou uma escolinha de música e
fundou a Banda de Música do estabelecimento. Participaram da escola e da banda,
expoentes da música popular amapaense, como: Ronery, Zé Miguel, Zenor, Dadá do
contrabaixo, Batan e demais pessoas ilustres da terra como Pe. Paulo, professora
Neca Machado e Sebastião Rocha (médico e ex-Senador pelo Amapá).
Mário Melo animou bailes com conjuntos
musicais que organizava nas quadras carnavalescas, denominados “Os Xavantes” e
“Os Geniais”. Tocou em vários Clubes e municípios do Território tais como,
Santana (Independente e Santana Esporte Clube), Serra do Navio (Manganês
Esporte Clube), Laranjal do Jari, Afuá, na Ilha do Marajó (Sede do Lagostão), e
ainda nas sedes sociais do Trem Desportivo Clube, Esporte Clube Macapá e Círculo
Militar.
Tanto nas Bandas de Carnaval quanto na Banda
de Música do Colégio Amapaense ele contou com a participação de alguns dos seus
filhos, entre os quais: Marcino, Marcílio, Marcos, Magno e Marta.
Além das bandas citadas Mario Melo criou um
conjunto regional, de chorinhos e MPB, que tocava nos clubes da cidade e no
SESC/AP.
Na década de 80 exerceu suas atividades de
policial civil, no município de Oiapoque, permanecendo até sua aposentadoria em
1982. Paralelamente, nas horas de folga, exercia atividades de catraieiro
transportando passageiros de Oiapoque, no Brasil, para a cidade de San George,
na Guiana Francesa e vice-versa.
O Pioneiro policial, maestro e compositor,
Mário da Silva Melo, faleceu dia 27 de julho de 2006, aos 83 anos de idade, e
seus restos mortais descansam em Paz, na sepultura da família, no Cemitério de
Nossa Senhora da Conceição, no Centro de Macapá.
Fontes consultadas: Para a montagem dessa
biografia contamos com a colaboração de vários filhos e da professora Ercília
Furtado de Melo, viúva do biografado, a quem agradecemos. (Publicado no https://porta-retrato-ap.blogspot.com.br/2017/07/foto-memoria-de-macapa-pioneiro-mario.html)
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