sexta-feira, 14 de julho de 2017

PIONEIRISMO






Com a extinção da Guarda Territorial e a implantação da Polícia Militar do Amapá foi transferido para a Polícia Civil, onde foi Agente Escrivão e Comissário de Polícia. Exerceu também atividades de músico, maestro, compositor, com participação em diversos Festivais da Canção Amapaense, sendo autor do Hino do Esporte Clube Macapá.


Mário da Silva Melo – policial, maestro e compositor – (1923 – 2006) (In memoriam)

Reinaldo Coelho

Esta semana estamos homenageando, in memoriam, o policial, maestro e compositor amapaense, Mário da Silva Melo, que faleceu aos 83 anos de idade. O texto é do seu genro, o radialista João Lázaro.
Mário da Silva Melo nasceu no município de Breves/PA, em seis de janeiro de 1923. Filho de Altino Amorim de Souza e Virgília Marques da Cruz. Na pia batismal recebeu o sobrenome de seus padrinhos. Viveu sua infância lá mesmo em Breves, ao lado de sua mãe até os 17 anos, quando saiu de sua terra natal, em busca de trabalho e independência.
Chegou ao Amapá no início dos anos 40 (por volta de 1941), quando aquela terra ainda pertencia ao Estado do Pará. No Amapá, o jovem Mário Melo começou sua atividade no garimpo do Vila Nova (município de Mazagão), onde contraiu malária, que o fez abandonar aquela atividade econômica e se mudar para Macapá em busca de tratamento médico.


Em seguida trabalhou no Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), criado durante a 2ª Guerra Mundial para sanear a Amazônia, tendo em vista os altos índices de malária e febre amarela que atingiam os habitantes daquela região.
Com a elevação do Amapá à condição de Território Federal (1943) houve a criação da Guarda Territorial (uma polícia específica para os territórios federais recém criados), e ele foi um dos seus integrantes ao lado de muitos outros Pioneiros.
Em 1946 (aos 22 anos), casou com a jovem Ercília Furtado Coutinho (17 anos), natural do município de Chaves/PA. Dessa união nasceram 16 filhos, sendo 10 (dez) homens e 6 (seis) mulheres, todos naturais de Macapá e com nomes iniciados pela letra M.
Mário Melo permaneceu na Guarda Territorial até 1951, quando por motivos políticos foi exonerado do Serviço Público.
No período de 1951 a 1962 desenvolveu várias atividades particulares para sobreviver e sustentar sua família, entre elas: dono de bar e botequim (onde se reuniam alguns amigos da boemia local); canoeiro que abastecia o pequeno comércio da cidade com venda de carvão, peixe, camarão, carne de caça (liberada na época), suína, etc.
Um dos fatos ocorridos durante sua atividade de canoeiro foi um naufrágio que sofreu no rio Amazonas, vindo a perder tudo, salvando apenas sua vida e de seu filho mais velho. Com esse acontecimento ele procurou um novo ramo de atividade: o de carroceiro (freteiro).

Em seguida, foi garapeiro (vendedor de caldo de cana), localizado atrás dos mercados Central e municipal de peixes.
A partir da década de 60 torna-se evangélico da Igreja Adventista do Sétimo Dia, situada na Praça Nossa Senhora da Conceição, no Bairro do Trem. Nesse mesmo período retoma seus estudos no Instituto Veiga Cabral que pertencia ao professor Alzir da Silva Maia, na atual Rua Rio Maracá, entre as avenidas Tiradentes e São José, área hoje (2017) ocupada pela Feira Municipal do Centro da Cidade.
No período de 1967 a 1970, fez o curso ginasial no antigo Ginásio de Macapá, hoje (2017) Escola Estadual Antônio Cordeiro Pontes. Entre 1971 e 1973 fez o Curso Pedagógico no Instituto de Educação do Amapá - IETA.
Autodidata no aprendizado de violão, foi aluno do Mestre Oscar Santos, com quem aprendeu a tocar instrumentos de sopro, leitura e escrita de partituras.
Em 1962, o Governo Federal promoveu um novo enquadramento e Mário Melo regressou à Guarda Territorial, na condição de integrante da Banda de Música da corporação. Foram seus contemporâneos na Banda da Guarda Territorial, músicos conhecidos, em sua maioria por nomes de guerra ou apelidos tais como: Morcego, Feliciano, Biroba, Ueua, Caveira, Gurjão, Zé Crioulo, Dantas, Aracu, Tomate e muitos outros. Todos sob a regência do Maestro Miguel (Cipó).
Com a extinção da antiga Guarda Territorial e implantação da Polícia Militar do Amapá (Lei n° 6.270, de 26 de novembro de 1975), Mário Melo foi transferido para a Polícia Civil, onde exerceu as funções de Agente Escrivão e Comissário de Polícia.
Além dessas, exerceu também atividades de músico, maestro, compositor, com participação em diversos Festivais da Canção Amapaense, sendo também, autor do Hino do Esporte Clube Macapá.
A boemia era um de seus lazeres, tendo como parceiros: Zé Crioulo, Walber Damasceno, Noé do Bandolim, Treze, Reinaldo Lima, entre outros.
Ao final dos anos 70 e início dos 80, foi professor de música no Colégio Amapaense onde montou uma escolinha de música e fundou a Banda de Música do estabelecimento. Participaram da escola e da banda, expoentes da música popular amapaense, como: Ronery, Zé Miguel, Zenor, Dadá do contrabaixo, Batan e demais pessoas ilustres da terra como Pe. Paulo, professora Neca Machado e Sebastião Rocha (médico e ex-Senador pelo Amapá).
Mário Melo animou bailes com conjuntos musicais que organizava nas quadras carnavalescas, denominados “Os Xavantes” e “Os Geniais”. Tocou em vários Clubes e municípios do Território tais como, Santana (Independente e Santana Esporte Clube), Serra do Navio (Manganês Esporte Clube), Laranjal do Jari, Afuá, na Ilha do Marajó (Sede do Lagostão), e ainda nas sedes sociais do Trem Desportivo Clube, Esporte Clube Macapá e Círculo Militar.
Tanto nas Bandas de Carnaval quanto na Banda de Música do Colégio Amapaense ele contou com a participação de alguns dos seus filhos, entre os quais: Marcino, Marcílio, Marcos, Magno e Marta.
Além das bandas citadas Mario Melo criou um conjunto regional, de chorinhos e MPB, que tocava nos clubes da cidade e no SESC/AP.
Na década de 80 exerceu suas atividades de policial civil, no município de Oiapoque, permanecendo até sua aposentadoria em 1982. Paralelamente, nas horas de folga, exercia atividades de catraieiro transportando passageiros de Oiapoque, no Brasil, para a cidade de San George, na Guiana Francesa e vice-versa.
O Pioneiro policial, maestro e compositor, Mário da Silva Melo, faleceu dia 27 de julho de 2006, aos 83 anos de idade, e seus restos mortais descansam em Paz, na sepultura da família, no Cemitério de Nossa Senhora da Conceição, no Centro de Macapá.
Fontes consultadas: Para a montagem dessa biografia contamos com a colaboração de vários filhos e da professora Ercília Furtado de Melo, viúva do biografado, a quem agradecemos. (Publicado no https://porta-retrato-ap.blogspot.com.br/2017/07/foto-memoria-de-macapa-pioneiro-mario.html)


Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...