“Isso sim é para festejar, viver com minha esposa Ligia Costa este tempo
e tê-la aqui sempre ao meu lado”.
Fernando de Souza Costa (aposentado) – o melhor carpinteiro do Amapá
Reinaldo Coelho
Em uma época em que muitos acham mais fácil
trocar um relacionamento do que cultivá-lo, esta história vem para mostrar que
o amor existe e vale muito a pena.
Fernando de Souza Costa tem 100 anos. Ligia
dos Santos Costa vai completar 90 anos em outubro. Eles são casados há 74 anos.
“A receita é o carinho que sentimos um pelo
outro. Eu amo ele e vou amá-lo até o resto da minha vida”, garante Dona Ligia.
Acompanhe essa linda
história de amor centenário...
Do ano em que houve o primeiro voo em avião
comercial da história e o mundo enfrentava sua primeira grande guerra, Fernando
de Souza Costa só lembra de ter nascido em Macapá. Era 1917 e uma das últimas
testemunhas ainda vivas do tempo em que Wenceslau Braz sucedia ao Marechal
Hermes da Fonseca na presidência do Brasil começava a desmamar, numa pequena
casa na Avenida São José.
Fernando de Souza Costa faz parte de um grupo
raro: aos 100 anos, completados no dia 18 de julho, integra uma demografia que
se resume a 0,07% da população. Na casa de alvenaria, no meio dos bairros Centro
e Trem, na Avenida Raimundo Alvarez da Costa, uma homenagem ao seu tio, reside com
sua companheira Ligia dos Santos Costa, 89 anos, também macapaense e nascida em
20/10/1927. Fernando de Souza Costa é paraense, pois quando nasceu neste torrão
tucuju as terras pertenciam ao Estado do Pará.
Por poucos meses o casal, junto há 74 anos, casou
no mês que o Brasil declarou guerra ao eixo e enviou, em julho de 1944, 25 mil
militares da FEB da Itália.
FERNANDO E LIGIA COSTA E RAIMUNDO DOS SANTOS COSTA (FILHO) |
Fernando e Ligia Costa se mantém lúcidos e
contam a própria história com humor e alegria, mesmo com as dificuldades
físicas que a própria idade lhes acomete.
O casamento desse casal centenário aconteceu
em 27 de março de 1943. Casaram ele com 26 anos e ela com 16 anos de idade. Tiveram
um casal de filhos, a menina faleceu com 16 anos e rapaz hoje com 67 anos,
Raimundo dos Santos Costa, reside em Belém (PA), funcionário aposentado da
Caixa Econômica Federal, tem a prazerosa missão de manter uma ponte aérea
Macapá/Belém prestando assistência contínua aos pais.
“Trabalhei 40 anos na CEF e hoje aposentado
dedico minha vida a cuidar da minha família, para qual dei dois netos e dois
bisnetos aos meus pais. Meu filho é funcionário da CEF, e eu mantenho a
assistência pessoal aos ‘meus lindos velhinhos’”, revela Raimundo dos Santos
Costa.
FAMILIA DO FILHO RAIMUNDO COSTA |
Fernando e Ligia Costa, com pernas frágeis,
passam a maior parte dos dias com duas acompanhantes e contando longas
histórias sobre a própria vida e recebendo diuturnamente a visita dos amigos
que lhes procuram para saborear um bom papo acompanhado de um cafezinho.
“Graças a Deus somos considerados e não esquecidos, amigos constantemente batem
em nossa porta. Muitas vezes vou ai para frente de casa que tem um restaurante,
faço sinal e trazem nosso almoço. Tenho crédito, pois pago mensalmente o que
devo, graças a Deus meu nome é limpo e honrado”.
Fernando conta que sempre trabalhou desde
pequeno. O menino se fez homem na enxada. E nos anos seguintes trabalharia de
carpinteiro. “Fui roceiro e garimpeiro, ofícios que abandonei por causa do
casamento, marceneiro e um excelente carpinteiro, que faço questão de dizer com
orgulho: Considerado o melhor carpinteiro que atuou na ICOMI”.
Conheceu os melhores mestres de Obras do
Amapá, Mestre Benedito (Bené) e o Mestre Julião. “O Mestre Benedito foi meu
contemporâneo na ICOMI, gostava muito de mim. Todas as casas da Vila de Serra
do Navio tiveram suas portas e janelas assentadas por mim. Eles me consideraram
o melhor carpinteiro que ali trabalhou”.
Após sair da ICOMI trabalhou durante 20 anos
na Prefeitura Municipal de Macapá, se aposentou aos 65 anos de idade. “Hoje
vivo aqui na minha residência com minha amada esposa, curtindo o nosso tempo de
vida juntos”.
Dona Ligia Costa narra que casou aos 16 anos
de idade, porém assumiu o timão do lar e até hoje continua administrando a vida
do casal. “Sempre fui religiosa e respeitei meu esposo e minha família. Aos 22
anos me tornei membro do Apostolado da Oração e até hoje mantenho minha
religiosidade como sustentáculo da nossa família”.
Ao se referir ao esposo diz olhando com amor e meiguice que teve a benção de tê-lo como marido, pois são sete décadas juntos. “Nunca tivemos brigas que levasse ao desrespeito as nossas pessoas, tivemos desavenças sanadas pelo carinho e amor que sempre existiu entre nós. Este mês Graças a Deus ele completa 100 anos e junto com ele vamos festejar essa grande data”.
Ao se referir ao esposo diz olhando com amor e meiguice que teve a benção de tê-lo como marido, pois são sete décadas juntos. “Nunca tivemos brigas que levasse ao desrespeito as nossas pessoas, tivemos desavenças sanadas pelo carinho e amor que sempre existiu entre nós. Este mês Graças a Deus ele completa 100 anos e junto com ele vamos festejar essa grande data”.
Seu Fernando Costa retribui: “Apesar de toda essa idade ainda nos amamos.
Já tivemos várias discussões e brigas, mas o importante é ter respeito,
capricho com o outro, além de paciência e carinho. Assim, quanto mais velho se
fica, mais cresce o amor”.
Questionados sobre o tempo que desejariam
viver dizem apenas seguir vivendo. Sem planos, sem expectativas, sem
preocupações. Com a simplicidade de quem viveu mais que a maioria, sem no
entanto se importar com ela.
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