74 anos de criação do Território do Amapá e 29 anos como Unidade
Federativa
Reinaldo Coelho
Em 13 de setembro de 1943, o presidente
Getúlio Vargas cria o Território Federal do Amapá e em 5 de outubro, dia da
promulgação da Constituição de 1988, também é celebrada a criação de três Estados
brasileiros: Amapá, Roraima e Tocantins. Os dois primeiros já eram territórios,
criados em 1943 e em 1962, respectivamente, que foram elevados à categoria de
Estado com a Constituição. Já Tocantins foi criado a partir da divisão do
estado de Goiás. A emancipação representou o crescimento dessas regiões e
também permitiu sua participação nas decisões políticas, o que ajudou a dar
maior equilíbrio federativo ao país.
Após 74 anos da criação do Território Federal
e 29 da transformação em Estado, o Amapá sofreu diversas transformações
políticas, econômicas e sociais. Isso acontece desde o período colonial quando
as terras do atual Estado do Amapá, têm atraído interesses de estrangeiros
pelos seus recursos naturais, principalmente minerais.
Desmembrado do Pará, e criado o Território
Federal do Amapá teve sua área organizada a partir dos municípios de Almeirim,
pelo seu distrito de Arumanduba, Mazagão (a união dessas duas áreas originaram
o município de Mazagão), Macapá e Amapá. A partir de então, passou por
reestruturações territoriais municipais resultantes de: preocupações
geopolíticas (Oiapoque), atuação de empresas nas suas áreas (Santana, Laranjal
do Jari, Pedra Branca do Amapari, Serra do Navio, Porto Grande e Vitória do
Jari), pela exploração aurífera (Calçoene), pela construção da Usina
Hidrelétrica de Coaracy Nunes (Ferreira Gomes) e de movimentos políticos locais
(Tartarugalzinho, Cutias, Itaubal, e Pracuúba).
Amapá vira território federal
A
transformação do Amapá em território federal se deu devido os conflitos na era
colonial pelos conflitos entre Portugal e outras nações europeias, na foz do
Amazonas, visando a ocupação, a defesa e a exploração das potencialidades das
terras recém descobertas, chegando-se a construir fortes para garantir a defesa
deste espaço.
Como resposta,
Portugal cria a Capitania do Cabo Norte. Dentre as potencialidades de maior
destaque encontradas em terras correspondentes ao atual Amapá, cita-se a
aurífera, que serviu de justificativa para a intenção de expansão dos franceses
no início do século XVIII e no final do século XIX, como também na tentativa de
se criar uma república (o Cunani), em meados do século XIX. Essa preocupação
pela defesa da fronteira foi retomada na década de 1940 sob a justificativa da
“defesa nacional”.
A atividade
aurífera ainda mostrava-se bastante atuante na economia local em 1939, contudo,
a sua fiscalização apresentava-se igualmente deficiente e havia um elevado
índice de contrabando do minério para Caiena.
Essa
movimentação política se intensificou com a experiência positiva do Acre,
transformado em Território Federal em 1904, anexando as terras conflitadas. Macapá
na década de 1920 já tinha movimentação para a criação desse modelo de Unidade
Federativa na margem esquerda da foz do rio Amazonas.
O que ajudou a
decisão na década de 40 na criação do Território Federal do Amapá foi a
desorganização que reinava no Norte do Pará tanto administrativa e econômica;
baixíssima densidade demográfica; facilidade de ação de contrabandistas
estrangeiros; não detinha uma atuação administrativa mais próxima do poder
público estadual ou federal.
Após a década
de 1940, foram criadas diretrizes políticas e administrativas desses entes
federativos, implantadas infraestruturas e estimuladas atividades econômicas
pelo Governo Federal, principalmente no setor do extrativismo mineral, que no
caso amapaense ocorreu com o Grupo CAEMI
mediante investimentos da ICOMI, que em muito contribuíram para a
estruturação econômica amapaense e para sua organização espacial e a
consolidação da exploração mineral no Amapá.
Amapá transformado em Estado
Em 1988 o
Amapá é transformado em Estado. Com a estadualização, as expectativas criadas
pelas novas relações deste novo Estado com o federalismo brasileiro estimularam
reflexões sobre sua nova realidade em um período de crise federativa, buscando
ainda alternativas econômicas para seu sustento, preocupando-se com a proteção
ao seu patrimônio natural e com sua comunidade autóctone. Com isso, passaria a
apresentar novas características e novos debates sobre o desenvolvimento local.
Estas
características acontecem pela diversificação das atividades econômicas além da
extração mineral, tais como: ampliação do número de empresas no Distrito
Industrial de Santana; beneficiamento madeireiro; pesca industrial e artesanal;
a expansão de gado (notadamente bubalino) e da área de pastagem da pecuária;
implantação da Área de Livre Comércio de Macapá e Santana (ALCMS), que atua na
comercialização de bens importados.
Com a
transformação em Estado o Amapá passou a eleger seus governantes e estes a
traçarem planos de governos, o primeiro foi o PDSA de João Alberto Capiberibe,
prefeito e governador por dois mandatos.
O segundo foi
a partir de 2003, quando busca-se o “desenvolvimento do Amapá com justiça
social”, como Programa de Governo de Waldez Góes (PDT). Este texto foi
elaborado passados 22 meses de governo, e das propostas observadas, duas
chamaram atenção: o “Projeto Luz para Viver Melhor” e a criação do Corredor da
Biodiversidade.
No plano das
atividades econômicas, atualmente, há maior diversificação de atividades, não
mais se baseando na mineração, notadamente a partir de 1997, quando a ICOMI
retirou-se do Amapá, devido ao esgotamento da jazida manganesífera que
explorava, embora a atuação deste setor seja bastante forte no contexto local.
Sob os pontos de vista político e administrativos, deve-se ressaltar que a
própria transformação do Amapá em Estado implicou em nova relação dessa nova
unidade autônoma com o federalismo brasileiro.
No político,
tem-se a mudança nas suas orientações legais, fundamentalmente após a
promulgação de sua Constituição Estadual, em 1991. Quanto ao aspecto ambiental,
embora houvesse áreas de proteção ambiental e áreas indígenas demarcadas desde
a década de 1960 e 1980, houve reduzida fiscalização na exploração de seus
recursos, bem como sobre seu uso desenfreado.
porto-de-santana-Amapá |
A diferença
entre os períodos pré e pós-estadualização do Amapá é que a partir da década de
1990 há mais legislações ambientais e maior grau de fiscalização. Fraca, sem
recursos humanos e logística para acesso as áreas mais difíceis.
Embora o Amapá
crescesse demograficamente; ampliasse sua infraestrutura; criasse condições
para a atuação de todos os níveis do executivo, legislativo e judiciário
estadual e municipal, via sufrágio universal; O Amapá ainda mantém
características de Território Federal, tais como: - Dependência econômica ao
Governo Federal: No econômico, continua sendo dependente dos repasses federais
pelo Fundo de Participação do Estado (FPE), como também os municípios possuem
como principal fonte de recursos o Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
Além de
ostentar o título de estado mais preservado do país, o Amapá abriga recursos
naturais importantes em seu subsolo: os bens minerais. Sob as densas coberturas
vegetais que aqui ocorrem, escondem-se recursos minerais de grande importância
econômica e, os quais foram os responsáveis pela ocupação e desenvolvimento
deste rincão que ainda é considerado uma das últimas fronteiras amazônicas.
Mina de ouro Tucano, da Beadell, no Amapá |
Pouco mais de
71 % do território amapaense está assentado em terrenos geológicos antigos de
grande geodiversidade, onde aproximadamente entre 7% a 21%3 são potenciais
hospedeiros de depósitos minerais importantes, como o de manganês em Serra do Navio,
ouro em Lourenço, ferro e ouro em Amapari, cromo, ferro e ouro no Vila Nova;
além de outros menos conhecidos. Ciente desta potencialidade, o governo
brasileiro desde 1972 tem financiado diversas campanhas de pesquisa e
mapeamento geológico, ainda assim, o nível de conhecimento é bastante
incipiente, devido a escala dos mapeamentos realizados.
Uma das áreas
mineradoras a RENCA está envolvida num enorme imbróglio federal e sob judice.
Mas, ela já vem sendo explorada por pequenos garimpeiros artesanais. A as
grandes mineradoras estão aguardando a liberação da área para colocar suas
tecnologias para explorar o subsolo amapaense e concretizar o sonho de riqueza,
emprego e desenvolvimento para as cidades e habitantes do entorno dessa nova
fronteira mineral.
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