sexta-feira, 8 de setembro de 2017

AGRICULTURA




Mosca da Carambolas (Bactrocera carambolae)
Amapá caminha para erradicação



No primeiro semestre deste ano a queda no número de insetos capturados foi de 86% em relação a 2016.

Reinaldo Coelho

A primeira aparição da mosca das frutas, conhecida aqui na Amazônia como a mosca da carambola, foi registrada em 1996 em plantações de Oiapoque, a 590 quilômetros de Macapá. A praga consegue viver cerca de 126 dias e produz em média de 1,2 mil a 1,5 mil ovos durante o tempo de vida.
Nas cerca de 2,8 mil armadilhas instaladas no Estado, 70.093 insetos foram capturados durante o ano de 2016, enquanto que, em 2015, o número chegou a 140.846.
Segundo o auditor fiscal agropecuário Vitor Torres, hoje, o Amapá não exporta e nem comercializa a carambola no mercado interno.

É a diminuição mesmo na quantidade da praga no Estado. Ela não causa doença ao homem, mas é uma barreira comercial, porque os mercados externos, como Estados Unidos e Japão, não aceitam frutos de regiões que têm essa praga”, disse.


O saldo positivo, acrescentou, incentiva a produção do setor agrícola. “A gente trabalha com essa intenção, de que se em 3 anos se decretar muitos municípios áreas livres da praga isso vai possibilitar que o Amapá comercialize os frutos daqui para outros estados e até mesmo para o exterior. Isso não depende só da gente”, falou Torres.

A atuação é feita em todo o Estado, mas as maiores capturas acontecem em Macapá, principalmente no distrito de Fazendinha, Porto Grande e Oiapoque, onde há maior incidência, segundo Torres.

Proibido exportar

O problema forçou o Ministério da Agricultura a proibir desde 2001 a exportação amapaense de 30 frutos considerados hospedeiros, a exemplo de manga, carambola, laranja e jambo.
No Amapá a atuação de combate à mosca da carambola acontece em parceria entre a Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária (DIAGRO) e a SFA. O trabalho para erradicar a praga é realizado com o uso de armadilhas, vistoriadas a cada 15 dias.
O combate à mosca também inclui recolhimento de frutos contaminados das plantas hospedeiras, pulverização das plantas com inseticida, semanalmente, e o uso da técnica do aniquilamento de machos a cada 45 dias, seguindo protocolos internacionais.

Quedas acentuadas anualmente


Essas ações tem tido respostas imediatas, pois de acordo com a DIAGRO desde 2015, os índices de captura da Mosca da Carambola no Estado do Amapá sofrem queda considerável. A agência estadual monitora oito municípios (Macapá, Mazagão, Porto Grande, Ferreira Gomes, Pedra Branca do Amapari, Serra do Navio, Cutias e Itaubal) por meio do Programa Nacional de Erradicação da Mosca da Carambola, coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). No primeiro semestre deste ano foram capturadas 3.678 moscas, segundo dados da DIAGRO referentes aos municípios acompanhados.
Este quantitativo é 86% menor que os índices referentes ao mesmo período do ano de 2016, que foram superiores a 26 mil capturas. Em 2015 os dados foram ainda maiores: 47 mil insetos capturados de janeiro a julho.

Monitoramento e combate


A chefe da Unidade de Sanidade Vegetal da Agência, Júlia Braga, explica que apesar do nome, a praga não ataca somente a carambola, mas também acerola, taperebá, tangerina, manga, goiaba, laranja, caju, tomate, jaca, jambo e outros frutos.
O trabalho desempenhado pela DIAGRO consiste em atividades de monitoramento de armadilhas que estão instaladas em pontos estratégicos e atividades de combate, que, por sua vez, consistem na pulverização das plantas hospedeiras, coleta de fruto e aplicação de técnicas de aniquilamento de machos”, explica Braga.
Júlia esclarece ainda que os demais municípios do Estado também são monitorados, mas com ações a cargo do MAPA. Todos os dados das ações desenvolvidas pelo Governo do Estado são compilados e enviados ao Ministério, periodicamente.
Na semana passada, técnicos da DIAGRO participaram de uma reunião no Estado do Pará, que contou com a presença de todos os atores envolvidos, na Região Norte, com o plano de erradicação da mosca. O momento foi de compartilhamento de informações sobre o cenário regional e de nivelamento de ações para a erradicação da praga. Representantes do Departamento de Sanidade Vegetal do MAPA também estiveram presentes.

Erradicação


O diretor-presidente da Agência, José Renato Ribeiro, frisa que os dados positivos são reflexo do trabalho intenso e contínuo desempenhado pelo Estado. Uma das premissas do programa, acrescenta ele, é também impedir que os frutos hospedeiros da mosca saiam do Amapá para outros lugares do país que são livres da praga.
Temos equipes que atuam de forma permanente nas áreas portuárias, no aeroporto e nas fronteiras do nosso Estado para impedir a saída de frutos contaminados. Com isso, caminhamos cada vez mais para perto do objetivo, que é erradicar a mosca da carambola no Amapá”, enfatizou, complementando que os produtos encontrados nestes locais prontos para sair do Estado são retidos, conforme a legislação, para que não haja a disseminação da mosca, que vive apenas 126 dias, mas é capaz de colocar entre 1.200 e 1.600 ovos neste período.

Orientação ao usuário



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As agencias de defesas agropecuária do Pará (ADEPARÁ) e do Amapá (DIAGRO) passaram a promover ações preventivas em relação à entrada e disseminação dessa praga nos respectivos Estados. A maior delas foi durante as férias, quando há um aumento no trânsito de embarcações interestaduais entre os estados do Pará, Amapá e Amazonas, além de maior fluxo intermunicipal de passageiros. Pensando nisso, as ações passaram a ser feitas em municípios escolhidos por serem locais estratégicos para promover o trabalho educativo de prevenção e orientação dessa praga.
As ações contaram com palestras nas escolas, reunião com agentes comunitários de saúde, abordagem em embarcações, para orientação de tripulantes e passageiros, entrevistas em emissoras de rádio e TV, avisos em igrejas, orientações nas residências, terminais hidroviários e outros pontos estratégicos.

Investimentos no combate na Região Norte

A Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura vem investindo recursos e treinamentos para agilizar a eliminação da praga dos diversos estados que possuem ações nocivas da mosca da carambola.
Para alcançar esse objetivo, desde 1996 os técnicos do ministério desenvolvem medidas em parceria com os profissionais das Agências de Defesa Agropecuária estaduais.
Em 2010, foram investidos R$ 3 milhões no programa de erradicação da praga e em 2011, foram aplicados R$ 6 milhões no Programa de Erradicação da Mosca-da-Carambola. Ministério da Agricultura possui 4.015 armadilhas espalhadas no Brasil para detecção
Os recursos estão sendo utilizados na erradicação da praga, monitoramento, capacitação de profissionais, projetos de educação sanitária, implantação de planos de emergência e divulgação do programa.
Em 2011, a meta foi erradicarmos a praga na região sul do Amapá, e em Normandia, no estado de Roraima, além de manter o status sanitário do Pará como livre da mosca”, informou a então coordenadora do Programa de Erradicação da Mosca-da-Carambola do Ministério da Agricultura, Maria Júlia Godoy.

Aumentou o combate

Em janeiro deste ano o número de armadilhas instaladas na região aumentou de 15 para 154. No país são 4.015, sendo 2.788 no Amapá, onde o primeiro foco foi encontrado.
Esse sistema de detecção da praga permite encontrá-la em território brasileiro de forma rápida para executar as ações de erradicação definidas pelo Ministério da Agricultura.
Depois de instalar as armadilhas nos municípios, caso seja encontrado um foco da praga, são realizadas medidas de controle como pulverização, técnica de destruição dos machos, coleta e enterro dos frutos. Para saber o resultado da ação, é feito o monitoramento diário nos locais considerados de alto risco.
A expectativa do Ministério da Agricultura é ampliar o número de multiplicadores de educação sanitária no Pará e Amapá. Hoje, 514 pessoas executam esta ação.
Os técnicos do Ministério da Agricultura reuniram-se com representantes dos governos da Guiana e Suriname, em Macapá, para traçar estratégias de controle da mosca nas regiões de fronteira.

Classificação

As áreas consideradas de alto risco para a disseminação da mosca da carambola são: Amapá, Amazonas, Maranhão, Pará e Roraima. A meta do Amapá é sair dessa classificação ainda este ano.
Na zona de risco médio estão: Acre, Mato Grosso, Piauí, Rondônia e Tocantins. Os demais estados estão classificados como de baixo risco. As principais formas de disseminação são o transporte de frutos contaminados e os locais de comercialização desses produtos.

Mosca da carambola

É uma espécie de mosca das frutas, originária do sudeste asiático. Por volta da década de 80 entrou no continente sul-americano pelo Suriname. Chegou até a Guiana Francesa, e em 1996 foi identificado o primeiro foco no Brasil, no município de Oiapoque, Estado do Amapá.

Esta é uma praga exótica classificada como quarentenária presente, ou seja, possui ocorrência restrita e está sob controle oficial tanto no Amapá quanto em Roraima. Sua presença pode ocasionar sérios prejuízos para a fruticultura nacional, gerando entraves e restrições na exportação de frutos no país, pois uma vez contaminados, se tornam visualmente menos atrativos e têm a durabilidade comprometida. Contudo, a praga não oferece riscos à saúde humana.

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