Mosca da
Carambolas (Bactrocera carambolae)
Amapá caminha para
erradicação
No primeiro semestre deste ano a queda no número de insetos capturados
foi de 86% em relação a 2016.
Reinaldo Coelho
A primeira
aparição da mosca das frutas, conhecida aqui na Amazônia como a mosca da
carambola, foi registrada em 1996 em plantações de Oiapoque, a 590 quilômetros
de Macapá. A praga consegue viver cerca de 126 dias e produz em média de 1,2
mil a 1,5 mil ovos durante o tempo de vida.
Nas cerca de 2,8
mil armadilhas instaladas no Estado, 70.093 insetos foram capturados durante o
ano de 2016, enquanto que, em 2015, o número chegou a 140.846.
Segundo o auditor
fiscal agropecuário Vitor Torres, hoje, o Amapá não exporta e nem comercializa
a carambola no mercado interno.
“É a diminuição mesmo na quantidade da praga
no Estado. Ela não causa doença ao homem, mas é uma barreira comercial, porque
os mercados externos, como Estados Unidos e Japão, não aceitam frutos de
regiões que têm essa praga”, disse.
O saldo positivo,
acrescentou, incentiva a produção do setor agrícola. “A gente trabalha com essa intenção, de que se em 3 anos se decretar
muitos municípios áreas livres da praga isso vai possibilitar que o Amapá
comercialize os frutos daqui para outros estados e até mesmo para o exterior.
Isso não depende só da gente”, falou Torres.
A atuação é feita
em todo o Estado, mas as maiores capturas acontecem em Macapá, principalmente
no distrito de Fazendinha, Porto Grande e Oiapoque, onde há maior incidência,
segundo Torres.
Proibido exportar
O problema forçou
o Ministério da Agricultura a proibir desde 2001 a exportação amapaense de 30
frutos considerados hospedeiros, a exemplo de manga, carambola, laranja e
jambo.
No Amapá a atuação
de combate à mosca da carambola acontece em parceria entre a Agência de Defesa
e Inspeção Agropecuária (DIAGRO) e a SFA. O trabalho para erradicar a praga é
realizado com o uso de armadilhas, vistoriadas a cada 15 dias.
O combate à mosca
também inclui recolhimento de frutos contaminados das plantas hospedeiras,
pulverização das plantas com inseticida, semanalmente, e o uso da técnica do
aniquilamento de machos a cada 45 dias, seguindo protocolos internacionais.
Quedas acentuadas anualmente
Essas ações tem
tido respostas imediatas, pois de acordo com a DIAGRO desde 2015, os índices de
captura da Mosca da Carambola no Estado do Amapá sofrem queda considerável. A agência
estadual monitora oito municípios (Macapá, Mazagão, Porto Grande, Ferreira
Gomes, Pedra Branca do Amapari, Serra do Navio, Cutias e Itaubal) por meio do
Programa Nacional de Erradicação da Mosca da Carambola, coordenado pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). No primeiro
semestre deste ano foram capturadas 3.678 moscas, segundo dados da DIAGRO referentes
aos municípios acompanhados.
Este quantitativo
é 86% menor que os índices referentes ao mesmo período do ano de 2016, que
foram superiores a 26 mil capturas. Em 2015 os dados foram ainda maiores: 47
mil insetos capturados de janeiro a julho.
Monitoramento e combate
A chefe da Unidade
de Sanidade Vegetal da Agência, Júlia Braga, explica que apesar do nome, a
praga não ataca somente a carambola, mas também acerola, taperebá, tangerina,
manga, goiaba, laranja, caju, tomate, jaca, jambo e outros frutos.
“O trabalho desempenhado pela DIAGRO consiste
em atividades de monitoramento de armadilhas que estão instaladas em pontos
estratégicos e atividades de combate, que, por sua vez, consistem na
pulverização das plantas hospedeiras, coleta de fruto e aplicação de técnicas
de aniquilamento de machos”, explica Braga.
Júlia esclarece
ainda que os demais municípios do Estado também são monitorados, mas com ações
a cargo do MAPA. Todos os dados das ações desenvolvidas pelo Governo do Estado
são compilados e enviados ao Ministério, periodicamente.
Na semana passada,
técnicos da DIAGRO participaram de uma reunião no Estado do Pará, que contou
com a presença de todos os atores envolvidos, na Região Norte, com o plano de
erradicação da mosca. O momento foi de compartilhamento de informações sobre o
cenário regional e de nivelamento de ações para a erradicação da praga.
Representantes do Departamento de Sanidade Vegetal do MAPA também estiveram
presentes.
Erradicação
O
diretor-presidente da Agência, José Renato Ribeiro, frisa que os dados
positivos são reflexo do trabalho intenso e contínuo desempenhado pelo Estado.
Uma das premissas do programa, acrescenta ele, é também impedir que os frutos
hospedeiros da mosca saiam do Amapá para outros lugares do país que são livres
da praga.
“Temos equipes que atuam de forma permanente
nas áreas portuárias, no aeroporto e nas fronteiras do nosso Estado para
impedir a saída de frutos contaminados. Com isso, caminhamos cada vez mais para
perto do objetivo, que é erradicar a mosca da carambola no Amapá”,
enfatizou, complementando que os produtos encontrados nestes locais prontos
para sair do Estado são retidos, conforme a legislação, para que não haja a
disseminação da mosca, que vive apenas 126 dias, mas é capaz de colocar entre
1.200 e 1.600 ovos neste período.
Orientação ao usuário
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As agencias de
defesas agropecuária do Pará (ADEPARÁ) e do Amapá (DIAGRO) passaram a promover ações
preventivas em relação à entrada e disseminação dessa praga nos respectivos Estados.
A maior delas foi durante as férias, quando há um aumento no trânsito de
embarcações interestaduais entre os estados do Pará, Amapá e Amazonas, além de
maior fluxo intermunicipal de passageiros. Pensando nisso, as ações passaram a
ser feitas em municípios escolhidos por serem locais estratégicos para promover
o trabalho educativo de prevenção e orientação dessa praga.
As ações contaram
com palestras nas escolas, reunião com agentes comunitários de saúde, abordagem
em embarcações, para orientação de tripulantes e passageiros, entrevistas em
emissoras de rádio e TV, avisos em igrejas, orientações nas residências,
terminais hidroviários e outros pontos estratégicos.
Investimentos no combate na Região Norte
A Defesa
Agropecuária do Ministério da Agricultura vem investindo recursos e
treinamentos para agilizar a eliminação da praga dos diversos estados que
possuem ações nocivas da mosca da carambola.
Para alcançar esse
objetivo, desde 1996 os técnicos do ministério desenvolvem medidas em parceria
com os profissionais das Agências de Defesa Agropecuária estaduais.
Em 2010, foram
investidos R$ 3 milhões no programa de erradicação da praga e em 2011, foram
aplicados R$ 6 milhões no Programa de Erradicação da Mosca-da-Carambola.
Ministério da Agricultura possui 4.015 armadilhas espalhadas no Brasil para
detecção
Os recursos estão
sendo utilizados na erradicação da praga, monitoramento, capacitação de
profissionais, projetos de educação sanitária, implantação de planos de
emergência e divulgação do programa.
“Em 2011, a meta foi erradicarmos a praga na
região sul do Amapá, e em Normandia, no estado de Roraima, além de manter o
status sanitário do Pará como livre da mosca”, informou a então
coordenadora do Programa de Erradicação da Mosca-da-Carambola do Ministério da
Agricultura, Maria Júlia Godoy.
Aumentou o combate
Em janeiro deste
ano o número de armadilhas instaladas na região aumentou de 15 para 154. No
país são 4.015, sendo 2.788 no Amapá, onde o primeiro foco foi encontrado.
Esse sistema de
detecção da praga permite encontrá-la em território brasileiro de forma rápida
para executar as ações de erradicação definidas pelo Ministério da Agricultura.
Depois de instalar
as armadilhas nos municípios, caso seja encontrado um foco da praga, são
realizadas medidas de controle como pulverização, técnica de destruição dos
machos, coleta e enterro dos frutos. Para saber o resultado da ação, é feito o
monitoramento diário nos locais considerados de alto risco.
A expectativa do
Ministério da Agricultura é ampliar o número de multiplicadores de educação
sanitária no Pará e Amapá. Hoje, 514 pessoas executam esta ação.
Os técnicos do
Ministério da Agricultura reuniram-se com representantes dos governos da Guiana
e Suriname, em Macapá, para traçar estratégias de controle da mosca nas regiões
de fronteira.
Classificação
As áreas
consideradas de alto risco para a disseminação da mosca da carambola são:
Amapá, Amazonas, Maranhão, Pará e Roraima. A meta do Amapá é sair dessa
classificação ainda este ano.
Na zona de risco
médio estão: Acre, Mato Grosso, Piauí, Rondônia e Tocantins. Os demais estados
estão classificados como de baixo risco. As principais formas de disseminação
são o transporte de frutos contaminados e os locais de comercialização desses
produtos.
Mosca da carambola
É uma espécie de
mosca das frutas, originária do sudeste asiático. Por volta da década de 80
entrou no continente sul-americano pelo Suriname. Chegou até a Guiana Francesa,
e em 1996 foi identificado o primeiro foco no Brasil, no município de Oiapoque,
Estado do Amapá.
Esta é uma praga
exótica classificada como quarentenária presente, ou seja, possui ocorrência
restrita e está sob controle oficial tanto no Amapá quanto em Roraima. Sua
presença pode ocasionar sérios prejuízos para a fruticultura nacional, gerando
entraves e restrições na exportação de frutos no país, pois uma vez
contaminados, se tornam visualmente menos atrativos e têm a durabilidade
comprometida. Contudo, a praga não oferece riscos à saúde humana.
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