domingo, 10 de setembro de 2017

ARTIGO - Carlos Sérgio Monteiro

img
A REPÚBLICA DE JOELHOS


O país foi bombardeado com a revelação das conversas gravadas entre os sócios/bandidos da J&F Joesley Batista e Ricardo Saud, colocando os poderes e as instituições de joelhos.
Os diálogos dos sócios/bandidos, mostram como eles desdenham das autoridades, dão ar de impunidade e, explicitamente, falam das relações e das articulações com a Procuradoria Geral da República (PGR), via o ex-procurador Marcello Miller; dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e da então presidente da República, Dilma Rousseff.
O que se depreende é que a verdade veio à tona, caindo a casa dos sócios/bandidos que correm o risco de terem suas delações anuladas, total ou parcialmente e os benefícios retirados. Dentre as muitas dúvidas, uma chama a atenção: As gravações de quatro horas entre os sócios /bandidos foram no meio das provas das delações entregues a PGR, propositalmente ou foi um grande vacilo?
O Procurador Rodrigo Janot, que deixa o cargo dia 17 deste mês, estarrecido com que ouviu, determinou a imediata abertura de investigação para apurar indícios de omissão de informações sobre práticas de crimes no processo de negociação para assinatura do acordo de colaboração premiada no caso JBS.
Na verdade, o que vai se apurar é se o ex-procurador Marcelo Miller intermediou a delação dos sócios/bandidos, ainda no exercício da função de procurador; os ministros da corte suprema que os sócios/bandidos da J&F colocaram sobre suspeita e os conteúdos das conversas que estão nas gravações que ainda não foram liberadas pelo ministro-relator da Lava-jato Edson Fachin.
É fato que, se comprovado os crimes dos delatores, a rescisão do acordo de colaboração será homologada e os benefícios obtidos pelos delatores são anulados, mas não as provas entregues por eles, é o que prevê a lei.
De joelhos, vimos, também, as peripécias de Gedel Vieira Lima, ex-ministro de Lula e Temer que guardo num apartamento, nada mais, nada menos que R$ 51 milhões, oriundos de propinas, e o depoimento bombástico de Antônio Palocci, Ministro da Fazenda no governo Lula e ministro-chefe da Casa Civil do governo Dilma, que entregou todo o esquema de corrupção de Lula e Dilma ao juiz Sérgio Moro.
É o Brasil sendo passado a limpo, mesmo com pacto de sangue e conversa de bêbados. Estamos de joelhos.

“Mas, se ergues da justiça a clava forte
Verás que um filho teu não foge à luta
Nem teme, quem te adora, a própria morte”

Carlos Sérgio Monteiro
Advogado, Consultor Político e Mestrando e Comunicação Social pelo ISCSP, da Universidade de Lisboa – Portugal
08/09/2017 às 16:19

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...