Violência tem causa
estrutural
O assunto violência no Amapá tem sido
tratado de forma irresponsável, sobretudo quando os números são analisados de
forma equivocada. Seja por ignorância ou pela deliberada vontade de distorcer
os fatos.
Depois da extinção do Decreto que
criou a RENCA – Reserva Nacional do Cobre e Associados não teve outro assunto
tão debatido nos veículos de comunicação do que a violência. E de fato essa é
uma pauta permanente e que deve ser encarada com todo o zelo pelo Estado
brasileiro. O que não pode, sob pena de provocar pânico na população, é
interpretar os fatos originados pela criminalidade de forma errônea.
A ONU – Organização das Nações Unidas,
já em 2004, indicava que o número de assassinatos no Brasil crescera 237% e,
que todos os anos 40.000 pessoas morrem vítimas da violência. A situação só
agravou. O IPEA – Instituto de Pesquisa Econômicas Aplicadas e o FBPS – Fórum
Brasileiro de Segurança Pública apontam em estudo feito em 2016 que o Brasil é
o país que mais mata no mundo. Mais do que a guerra da Síria.
Esse dado da ONU dá o tom da
realidade criminal do Brasil, o Amapá é Brasil, logo está no contexto.
Entretanto, O IPEA e o FBSP apontam como um fator determinante na identificação
dos grupos mais vulneráveis às mortes por homicídios os jovens de 21 anos e com
menos de sete anos de estudo. Esses têm 16,9 vezes mais chance de ter uma morte
violenta do que os jovens que chegam ao ensino superior.
Não é a falta de investimento em
Polícia que leva ao alto índice de assassinatos no Brasil e o Amapá está no
contexto. E a falta de políticas vocacionadas a atender a imensa demanda de
jovens que estão fora da sala de aula, vítimas de uma economia frágil e
instável que vulnerabiliza as famílias e empurra a garotada para servir ao
tráfico. As características das mortes falam por si. Execução! No crime ninguém
obedece ao estatuto do desarmamento, tão pouco a inexistência da pena de morte.
Espaço de poder não é debatido no diálogo ou nas urnas. No crime o poder é
resolvido na bala. Cabe ao Estado combater, mas prevê acertos de contas ou
crimes passionais, é que querer que vivamos num “Big Brother”.
No Amapá o Estado investe em
segurança, investe em educação e em saúde com setores prioritários, mas o
passivo é muito grande e o Estado infelizmente se depara com a lógica perversa.
A necessidade do povo cresce em proporções geométricas, enquanto a capacidade
de resolver essas necessidades tem crescimento aritmético.
O Estado está realizando concurso
para o aparelho de segurança, Polícias Militar e Civil, mas o crime de tráfico
e de responsabilidade das forças armadas. Esse é o setor do crime que tem sido
o maior responsável pelos altos índices da criminalidade em nosso País.
Diante de fatos irrefutáveis e a obtusidade
de alguns, debitar nas costas do Secretário Eri Cláudio a razão para os tantos
crimes encomendados que vem ocorrendo no Amapá ou na política de segurança que
tem sido executada com eficiência por essas bandas é uma injustiça tremenda.
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