HONESTO, SER OU NÃO SER?
Por: Marco Antônio
Há muitos questionamentos na cabeça
dos brasileiros em ser honesto ou participar da farra, aparentemente tão bem
aproveitada pelos políticos atuais, onde não se fala mais em parcas quantias,
mas em milhões e bilhões. Enormes quantidades de malas e caixas atopetadas de
cédulas, jamais vistas nas mãos da maioria do povo, são encontradas
aparentemente “esquecidas” por eles em locais usados apenas para isso.
Pergunta: Está valendo ser honesto nos dias de hoje?
Um famoso brasileiro citou está frase
ao ganhar o seu terceiro campeonato na fórmula um: “Para ser honesto, não me
sinto o maior ídolo brasileiro. Não me sinto uma pessoa tão importante assim
para merecer uma festa durante uma noite toda no Brasil.” Bom, talvez não seja
essa frase de Ayrton Senna que valesse para uma reflexão melhor, mas esta
proferida por Bernardo, jogador de vôlei: “No Brasil existe dois tipos de
políticos: Os corruptos declarados e os declarados corruptos.”
De qualquer maneira, se a pergunta
cima paira sobre nossas cabeças, também se questiona a facilidade em ser
desonesto pois, o que nos parece um conflito entre o nosso inconsciente e a
realidade; entre tudo o que se aprende na escola, nas leis, em casa com os
nossos pais, e a total e escancarada possibilidade de agir inversamente a tudo
isso, traindo a todos, inclusive a si mesmo, não é nenhuma barreira para muitos
políticos, empresários, polícias, de demais criminosos encontrados no dia a
dia.
Os programas de televisão estão
cheios de pessoas que reclamam da corrupção dos políticos que afanam o mísero
dinheiro dos medíocres brasileiros passivos. Se você não assiste TV não precisa
ir muito longe; tenho absoluta certeza que existem muitos dos seus vizinhos,
conhecidos, amigos e/ou colegas que vivem reclamando dos crimes do colarinho
branco, que não perdem tempo em apontar o dedo acusador e já ir dando o
veredicto: são todos bandidos desonestos, que roubam o povo, que querem se dar
bem às custas dos outros. Apontar o dedo todo mundo quer, mas ter o dedo
apontado para si, quem se habilita?
O brasileiro é malandro, pensa que é
esperto, quer sempre se dar bem, mas também pode estar sendo de uma hipocrisia
velada, e nunca admitida. Sempre acusando, mas nunca gostando de ser acusado, o
brasileiro é do tipo que acha que seus erros são extremamente justificáveis,
que quando ele faz não é errado; no entanto, se outra pessoa faz exatamente o
que ele fez aí não pode, isso é “desonestidade”. Com essa terrível mania de ser
o esperto é que o brasileiro cunhou um tipo de comportamento exclusivo da nação
tupiniquim: o tal do jeitinho brasileiro.
Acaba que o tal jeito brasileiro vira
sinônimo para métodos ilegais de obtenção de privilégios, ou seja, a famosa
corrupção. Alguns sentem uma espécie de orgulho por ser falcatrueiro, se acha
melhor por ser desse jeito “articulador”. Contudo, pior do que ser assim é não
se admitir de tal modo, quando o assunto é honestidade.
O mesmo brasileiro que chama os
políticos de ladrões é o que fura uma fila quando encontra um conhecido numa
espera quilométrica; o mesmo estudante que protesta de forma violenta e
desorganizada contra o aumento da tarifa do transporte público é o mesmo que
não devolve o troco que recebeu a mais na padaria da esquina; a pessoa que
reclama dos ladrões da sua cidade é a mesma que não avisa a alguém que a
carteira dela caiu no chão e pega os trocados do pobre desatento. Qual é a
diferença entre esse tipo de pessoas e os de colarinho branco? Absolutamente
nenhuma. Ambos são corruptos e desonestos.
E ainda podemos sentir o
desiquilíbrio mental da maioria quando alguns exemplos são apresentados por
aqueles que se esforçam por ser honestos. Pastas, bolsas e embrulhos com
centenas de dólares são devolvidos por pessoas que precisariam muito mais do
que aquilo para arrumarem, não suas vidas, mas algumas situações desagradáveis
de suas famílias. Muitas vezes, são até tachados de otários.
Mas os políticos são corruptos porque
o povo não presta? Esta é uma boa frase de efeito, mas a questão merece ser
examinada com calma. Há de se avaliar que o povo vive à mercê de que os
governos lhes cumpram as demandas mais básicas. E, assim, sempre de pires
na mão, tendem a ocultar algum naco maior que lhes cai à mão. Mas, daí a
decidir que estas pessoas merecem ser governados por ladrões e criminosos, que
mentem descaradamente enquanto sorriem para as câmaras com ar bondoso e
sincero, e gestos fraternos, não é a saída.
A verdade é que o povo
brasileiro está ganhando experiência com todos e cada um dos obstáculos que enfrenta.
Uma das maiores cargas tributárias do mundo e, em troca, as estradas
abandonadas, os hospitais cheios de gente morrendo nos corredores e sem
atendimento, os aeroportos desorganizados, o meio ambiente abandonado, a
violência urbana descontrolada. Enquanto isso, o povo registra as lições, abre
os olhos e compreende o processo histórico de afirmação gradual da democracia e
da ética, aguardando um verdadeiro representante que lhes ofereça o mínimo.
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