sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Por: Marco Antônio

HONESTO, SER OU NÃO SER?
Por: Marco Antônio

Há muitos questionamentos na cabeça dos brasileiros em ser honesto ou participar da farra, aparentemente tão bem aproveitada pelos políticos atuais, onde não se fala mais em parcas quantias, mas em milhões e bilhões. Enormes quantidades de malas e caixas atopetadas de cédulas, jamais vistas nas mãos da maioria do povo, são encontradas aparentemente “esquecidas” por eles em locais usados apenas para isso. Pergunta: Está valendo ser honesto nos dias de hoje?

Um famoso brasileiro citou está frase ao ganhar o seu terceiro campeonato na fórmula um: “Para ser honesto, não me sinto o maior ídolo brasileiro. Não me sinto uma pessoa tão importante assim para merecer uma festa durante uma noite toda no Brasil.” Bom, talvez não seja essa frase de Ayrton Senna que valesse para uma reflexão melhor, mas esta proferida por Bernardo, jogador de vôlei: “No Brasil existe dois tipos de políticos: Os corruptos declarados e os declarados corruptos.”

De qualquer maneira, se a pergunta cima paira sobre nossas cabeças, também se questiona a facilidade em ser desonesto pois, o que nos parece um conflito entre o nosso inconsciente e a realidade; entre tudo o que se aprende na escola, nas leis, em casa com os nossos pais, e a total e escancarada possibilidade de agir inversamente a tudo isso, traindo a todos, inclusive a si mesmo, não é nenhuma barreira para muitos políticos, empresários, polícias, de demais criminosos encontrados no dia a dia.

Os programas de televisão estão cheios de pessoas que reclamam da corrupção dos políticos que afanam o mísero dinheiro dos medíocres brasileiros passivos. Se você não assiste TV não precisa ir muito longe; tenho absoluta certeza que existem muitos dos seus vizinhos, conhecidos, amigos e/ou colegas que vivem reclamando dos crimes do colarinho branco, que não perdem tempo em apontar o dedo acusador e já ir dando o veredicto: são todos bandidos desonestos, que roubam o povo, que querem se dar bem às custas dos outros. Apontar o dedo todo mundo quer, mas ter o dedo apontado para si, quem se habilita?

O brasileiro é malandro, pensa que é esperto, quer sempre se dar bem, mas também pode estar sendo de uma hipocrisia velada, e nunca admitida. Sempre acusando, mas nunca gostando de ser acusado, o brasileiro é do tipo que acha que seus erros são extremamente justificáveis, que quando ele faz não é errado; no entanto, se outra pessoa faz exatamente o que ele fez aí não pode, isso é “desonestidade”. Com essa terrível mania de ser o esperto é que o brasileiro cunhou um tipo de comportamento exclusivo da nação tupiniquim: o tal do jeitinho brasileiro.

Acaba que o tal jeito brasileiro vira sinônimo para métodos ilegais de obtenção de privilégios, ou seja, a famosa corrupção. Alguns sentem uma espécie de orgulho por ser falcatrueiro, se acha melhor por ser desse jeito “articulador”. Contudo, pior do que ser assim é não se admitir de tal modo, quando o assunto é honestidade.

O mesmo brasileiro que chama os políticos de ladrões é o que fura uma fila quando encontra um conhecido numa espera quilométrica; o mesmo estudante que protesta de forma violenta e desorganizada contra o aumento da tarifa do transporte público é o mesmo que não devolve o troco que recebeu a mais na padaria da esquina; a pessoa que reclama dos ladrões da sua cidade é a mesma que não avisa a alguém que a carteira dela caiu no chão e pega os trocados do pobre desatento. Qual é a diferença entre esse tipo de pessoas e os de colarinho branco? Absolutamente nenhuma. Ambos são corruptos e desonestos.

E ainda podemos sentir o desiquilíbrio mental da maioria quando alguns exemplos são apresentados por aqueles que se esforçam por ser honestos. Pastas, bolsas e embrulhos com centenas de dólares são devolvidos por pessoas que precisariam muito mais do que aquilo para arrumarem, não suas vidas, mas algumas situações desagradáveis de suas famílias. Muitas vezes, são até tachados de otários.

Mas os políticos são corruptos porque o povo não presta? Esta é uma boa frase de efeito, mas a questão merece ser examinada com calma. Há de se avaliar que o povo vive à mercê de que os governos lhes cumpram as demandas mais básicas. E, assim, sempre de pires na mão, tendem a ocultar algum naco maior que lhes cai à mão. Mas, daí a decidir que estas pessoas merecem ser governados por ladrões e criminosos, que mentem descaradamente enquanto sorriem para as câmaras com ar bondoso e sincero, e gestos fraternos, não é a saída.  

 A verdade é que o povo brasileiro está ganhando experiência com todos e cada um dos obstáculos que enfrenta. Uma das maiores cargas tributárias do mundo e, em troca, as estradas abandonadas, os hospitais cheios de gente morrendo nos corredores e sem atendimento, os aeroportos desorganizados, o meio ambiente abandonado, a violência urbana descontrolada. Enquanto isso, o povo registra as lições, abre os olhos e compreende o processo histórico de afirmação gradual da democracia e da ética, aguardando um verdadeiro representante que lhes ofereça o mínimo.




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