ENTRE AS MATAS, A “RENCA” DA DOENÇA OCULTA
NA AMAZÔNIA
Relembrando a manchete do Tribuna
Amapaense ( edição 571), dos jornais televisivos e das últimas noticias sobre a
Amazônia, venho dar minha visão sobre as questões que estão sendo colocadas por
artistas e jornalistas sobre a liberação de áreas protegidas e preservadas da
Amazônia para exploração, como o caso da RENCA. Busquei argumentos em artigo publicado no TA em 06.03.2017, antes
de toda essa questão, com o tema “Biomas
amazônicos: saúde e qualidade de vida”.
A criação de áreas protegidas no
Amapá tem no Parque Montanhas do Tumucumaque um exemplo bem claro. Foi criado
na gestão FHC, em 2002, sem ouvir os parlamentares amapaenses, o governo
estadual, as prefeituras locais e muito menos a população. Foi criado por
decreto e anunciado em encontro ambiental internacional da ONU, como uma “contribuição
ambiental” do Brasil ao mundo.
Consta em meu artigo antes citado:
1. A
DEFESA DO HOMEM AMAZÔNICO : defender e preservar a sóciobiodiversidade dos
biomas brasileiros é o mesmo que defender o meio ambiente e os habitantes que
residem nesses espaços geográficos.
2. ALTERAÇÃO
DO MEIO AMBIENTE E SAÚDE: A degradação
do meio por projetos que alteram a dinâmica dos biomas causam não só a
destruição dos animais, aves e plantas, que lá existiam, mas também abre
caminho para doenças diversas, pois altera a cadeia produtiva que alimentam os
habitantes.
3. PROJETO QUE GERAM DOENÇAS: as barragens e
hidroelétricas geram energia, mas também degradam os rios, levando a formação
de lagos artificiais que se tornam criadouros artificiais dos vetores
transmissores de doenças, como Malária, Dengue , Zica e Chikungunya e outras
arboviroses.
Mas entre deixar uma árvore em pé que
nada produz, um cerrado improdutivo, uma mata intacta e um rio escondido e
intrafegável, prefiro defender o homem, o caboclo, o ribeirinho, o castanheiro
e seringueiro, que tira o fruto da terra para sobreviver.
Os que defendem a Amazônia, com
discursos filosóficos de “conservadorismo barato”, mas que vivem nas coberturas
de arranha-céus, com iates e carros de luxo, deveriam primeiro conhecer e
sentir as condições em que vivem o povo amazônida, que moram perto dos rios, os
extrativistas, os índios e as comunidades interioranas da região. Falam sem
conhecimento de causa, pois vivem na cidade, possuem renda, hospitais e boas
escolas. Até mesmo nossos políticos
desconhecem isso.
Portanto, a Amazônia está em foco, com
discursos de que “a mata é nossa”, mas
esquecem de defender o homem que nela vive, mora em palafitas, adoece e não tem
posto médico, os filhos remam quilômetros para ir à escola , que não tem
emprego e nem salário, que mendigam uma esmola quando os barcos passam nos
rios. Mata virgem sem oferecer condições de vida aos habitantes, nada ajuda a
população.
Os governos, parlamentares e gestores
que não defendem a Amazônia, deixando nossa fauna e flora a mercê da
biopirataria e do comercio internacional, esquecem e ignoram que muitas plantas
e produtos biológicos amazônicos possuem potencialidades diversas ( medicinal,
farmacêutica, alimentícia, estética, etc). Porém, toda essa potencialidade, sem
conhecimento, pesquisa e tecnologia, não tem valor.
Assim
concluí meu artigo “Biomas amazônicos:
saúde e qualidade de vida”: “Para termos qualidade de vida e, por
conseguinte, saúde pública, precisamos de algumas mudanças: um novo modelo de
desenvolvimento autossustentável; uma cultura e educação ambiental desde a
infância; retirar o sustento do ambiente sem degradação e destruição; dar
valor aos produtos oriundos dos biomas,
visando gerar renda e valor cultural para a economia local. Valorizando e preservando os biomas
amazônicos, teremos os efeitos benéficos sobre a saúde e o meio ambiente.
Respeitar os biomas é também respeitar a vida humana”. JARBAS ATAÍDE, 04.09.2017
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