sábado, 28 de outubro de 2017

ARTIGO

'TransBalho’  - Parte I

(*)Daniela Cardozo Mourão

Sem dúvida nenhuma o trabalho é um importante elemento da dignidade. Não é meramente um meio de subsistência, apesar de muitos inconscientemente o diminuírem assim.Ele nos transmite a ideia de serviço. O professor que se sente responsável pelo futuro dos alunos, o motorista que faz o transporte de pessoas ao trabalho, família, hospitais, o pedreiro que se vê erguendo uma catedral. É no trabalho que nos sentimos gratificados pela esforço da nossa força. É no trabalho que temos uma identidade: é o sou padeiro, sou empresário sou vendedor. Por fim, é no trabalho que colocamos a nossas aspirações profissionais e de uma vida melhor.

No caso dos transgêneros é muito difícil, e para alguns praticamente impossível encontrar este elemento da dignidade. Vamos entender isto melhor neste artigo.

É comum eu ouvir e até ver, travestis e transexuais serem considerados vagabundos, pessoas que optaram por própria vontade e gosto a prostituição. Pessoas que estão lá por pura depravação. Isto é querer ver somente o resultado final sem se importar com a causa. A trajetória que trouxe a pessoa para esta vida. Uma análise muito simplista, que vamos nos aprofundar aqui.

As estatísticas da ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais ) mostram que o alarmante número de 90% dos travestis e transexuais estão na prostituição, 6% trabalham por conta própria e 4% estão empregados.

As estatística atuais vem de entidades nacionais e internacionais tais como ANTRA, ABGT, UNESCO, TGEU.

Este problema tem sua raiz logo no início da transição de gênero. A imensa maioria, provavelmente a totalidade destes 90% dos transgêneros, em especial travestis e transexuais, relatam um processo dramático da expulsão das seus lares pela família. Há casos que envolvem violência e espancamento, principalmente por pais e padrastos. Há ainda, outros casos em que as mães pedem ou pagam para terceiros espancarem seus filhos. Irmãos que os agridem todos os dias ou simplesmente a família o proíbe de entrar em casa.

E quanto a isto não importa a idade, há um exemplo de uma travesti, hoje muito conhecida pelos seus brilhantes artigos, que relata ter sido expulsa aos 12 anos.

Uma vez forçada a sair de casa, esta pessoa não encontra qualquer porta aberta. Em primeiro lugar porque a maioria dos lugares a desprezam e a querem longe. São comuns depoimentos de pessoas que são expulsas do local onde procuram trabalho, que tem seus currículos rasgados e jogados na lata do lixo ou dizem simplesmente “não trabalhamos com pessoas como você”

As que fazem sua transição mais tarde encontram um pouco mais de oportunidade, se antes de fazerem a transição já alcançaram alguma qualificação ou têm a vida profissional bem estabelecida. Porém, mesmos as mais qualificadas são expulsas do mercado privado de trabalho, percebem a queda no interesse de contratação ou de consumidores do seus produtos, e relatam que após passar em todas as etapas de recrutamento são repentinamente dispensadas após apresentarem suas carteiras de trabalho com o nome civil. Daí uma das motivações para que se facilite a retificação do nome e sexo nos documento de transgêneros.







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