Entrevista com Joel Lima da Silva
Supervisor de Disseminação de Informações do IBGE
Reinaldo Coelho
Nas últimas décadas, a questão
migratória no Brasil deixou de concentrar-se apenas no clássico movimento
rural-urbano que, nos anos 50 e 60, preocupou e mobilizou a maior parte dos
estudos. As migrações inter-regional, intra-regional, internacional e a
mobilidade pendular (commuting) e a sazonal são cada vez mais reconhecidas como
faces distintas desse fenômeno demográfico que aflora e ganha importância
qualitativa e quantitativa em função das modificações ocorridas nas dimensões
econômica, social e política em nível nacional e internacional.
O Tribuna Amapaense produziu uma reportagem sobre o assunto com referência ao retorno e a opção de moradias nos municípios interioranos do Estado do Amapá, o que tem se verificada uma melhoria na qualidade de vida dessas comunidades e o amapaense tem optado em passar a residir em pequenas cidades, evitando os diversos transtornos causados pelos grandes centros urbanos, como: trânsito, violência e o mais importante a qualidade de vida, proporcionado pelo contato maior com a exuberante natureza local.
O Tribuna Amapaense produziu uma reportagem sobre o assunto com referência ao retorno e a opção de moradias nos municípios interioranos do Estado do Amapá, o que tem se verificada uma melhoria na qualidade de vida dessas comunidades e o amapaense tem optado em passar a residir em pequenas cidades, evitando os diversos transtornos causados pelos grandes centros urbanos, como: trânsito, violência e o mais importante a qualidade de vida, proporcionado pelo contato maior com a exuberante natureza local.
No caso da migração pode-se dizer
que muitos desses fenômenos dificilmente poderiam ser estudados a partir das
informações recolhidas nos Censos ou na Pesquisa Nacional por Amostras
Domiciliares – PNAD. Tal é o caso, por exemplo, das migrações sazonais, uma vez
que os levantamentos têm o cuidado de acontecerem justamente em momentos em que
esse tipo de movimentação é menos significativo. O mesmo ocorre com certas
facetas dos movimentos migratórios que aparentemente não poderiam ser estudadas
com as informações tradicionalmente disponíveis – como seriam os casos das
"redes", as trajetórias migratórias, as estratégias familiares para
migração, etc.
Para a confirmação dessa realidade
no Amapá, a reportagem conversou com Joel Lima da Silva, supervisor de disseminação de informações do IBGE/AP,
que possui graduação em Licenciatura Plena e Bacharelado em Geografia pela
Universidade Federal do Amapá (2001). Atualmente é Técnico em Informações
Geográficas e Estatísticas da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Geografia
Humana, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento regional,
educação ambiental e desenvolvimento sustentável. Acompanhe a pequena
entrevista:
Tribuna Amapaense – O fluxo migratório entre
regiões diminuiu no Brasil?
Joel Lima da Silva –
No Brasil é possível identificar que a partir da década de 1980 os
deslocamentos de população iniciam uma fase de mudanças no sentido das
correntes principais, com antigos espaços de atração migratória perdendo
expressão. Rompe-se o processo bipolar da distribuição espacial no Brasil, que
se mantinha desde o início do Século XX. De modo que surgem novos eixos de
deslocamentos envolvendo expressivos contingentes populacionais, onde se
destacam: - A inversão nas correntes principais nos Estados de Minas Gerais e
do Rio de Janeiro; - A redução da atratividade migratória exercida pelo Estado
de São Paulo; - O aumento da retenção de população na Região Nordeste; - Os
novos eixos de deslocamentos populacionais em direção às cidades médias no
interior do País; - O aumento da importância dos deslocamentos pendulares; - O
esgotamento da expansão da fronteira agrícola; e, - A migração de retorno para
o Paraná.
TA – A migração interna de grandes centros urbanos
para as cidades de médio e pequeno porte, tem crescido?
Joel Lima da Silva –
O redirecionamento dos fluxos migratórios para as cidades médias tem,
notadamente, a presença do Estado (des)regulando o mercado de trabalho em favor
do capital. Além disso a estratégia do capital para a locação das atividades
econômicas recebeu vários tipos de incentivos públicos, tais como renúncia
fiscal, investimentos em infraestrutura industrial e de serviços, formação
profissional, sistemas de informação, dentre outros.
TA – No Amapá tem se acentuado a troca das cidades
com maior concentração populacional para Porto Grande, Pedra Branca do Amapari,
Laranjal do Jari. O que caracteriza essa procura?
Joel Lima da Silva –
As pessoas procuram os lugares onde há a possibilidade de conseguir emprego.
Portanto, o atrativo desses locais são os empreendimentos que se estabelecem:
mineração, construção de hidrelétricas, etc.
TA – Os poderes estaduais e o governo federal têm
descentralizado a administração pública e econômica, investindo nos municípios
e instalando sede de entidades institucionais, isso vem ajudando o crescimento
de procura de emprego nesses locais?
Joel Lima da Silva –
Não.
TA – Muitos aposentados têm fugido de Macapá e
Santana devido à falta de segurança, agitação da cidade e melhoria de qualidade
de vida, e os locais pontuados são os que atendem esse anseio?
Joel Lima da Silva –
Esse número chega a ser ínfimo para ter impacto no volume populacional e na
economia local.
TA – Os municípios do interior do Amapá tem
crescido a população e muitos tem retornado devido existir, principalmente no
segmento educação escolas de Ensino Médio e Superior, é uma vantagem para
atrair e manter seus habitantes?
Joel Lima da Silva –
A descentralização desses serviços pode servir como fator para os moradores
ficarem nos seus municípios. Não necessitando vir à Macapá. Mas é limitado. Não
tem como instalar polos universitários em todos os municípios.
TA – Mas em compensação os êxodos rurais nesses
municípios continuam, muitos deixam o campo e procuram as sedes dos municípios
atrás de mais renda e garantia de estudos pros filhos. Isso aumenta a população
carente e traz mais problemas a esses locais?
Joel Lima da Silva – Não
necessariamente.
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