sábado, 21 de outubro de 2017

PIONEIRISMO

Para executarem o programa de saúde bucal, realizando extrações e ensinando os alunos a escovar os dentes, passaram 90 dias de viagens pelo oceano, pelos rios e pelos difíceis caminhos do Lourenço, Cunani e conhecendo os municípios de Oiapoque, Amapá e Mazagão, sempre perseguido pelas muriçocas e pela malária que não perdoavam ninguém.

Dr. Sylla de Oliveira Salgado – Odontólogo - “in memoriam”



Reinaldo Coelho


Esta semana a editoria foi buscar a história de desbravamentos de jovens médicos, que aqui chegaram para começar a estruturação e implantação do sistema médico no recém criado Território Federal do Amapá e atendendo aos planos de atendimento a Saúde do governo de Janary Nunes e entre estes tivemos os odontólogos Armando AndradeLuiz Queiroz Brasiliense e nosso homenageado da semana Sylla de Oliveira Salgado.

O nascimento do Sylla de Oliveira Salgado  ocorreu no início da Grande Guerra quando as populações do norte viviam sobressaltadas com as notícias de torpedeamento de navios brasileiros e a escassez de alimentos.Nascido em Belém, estado do Pará, no dia 9 de julho de 1914, filho do dentista Carmelino Henrique Salgado, formado pela Faculdade de Odontologia do Rio de Janeiro e professor da Faculdade de Odontologia do Pará e da jovem Hortênsia de Oliveira Salgado, de naturalidade portuguesa.



 O professor conseguiu dominar todo os empecilhos, vencer as dificuldades e educar os filhos: Mário (médico), Lúcia, Sara, Sylla e Ruth. O pai queria que o Sylla fosse médico, mas, depois de cursar a Faculdade de Medicina por 3 anos, transferiu-se para a Faculdade de Odontologia, seguindo os passos do pai e amigo professor.

Ao  ser  diplomado  em  1932 passou a prestar serviços de dentista nos postos de Saúde de Belém e Mosqueiro. No ano de 1933 aceitou convite e foi trabalhar no Estado do Acre onde conheceu a jovem acreana Maria Magalhães Costa com quem se casou no dia 7 de maio de 1936. Exerceu a profissão de dentista cumprindo um programa de saúde bucal nos bairros e periferia da Capital. Com o nascimento da primeira filha Lúcia, decidiu retornar para Belém, voltando a prestar serviços nos Postos de BelémCapanema, Mosqueiro e localidades vizinhas.

 O seu espírito aventureiro e o interesse de trabalhar no interior fez com que aceitasse a proposta do Governador do recém-criado Território Federal do Amapá, para exercer o cargo de dentista da Divisão de Saúde, chegando à Macapá em 1948. Depois de montar sua casa, começou a grande odisseia do jovem Sylla, quando foi designado para percorrer todas as localidades do Território em companhia dos dentistas Armando Andrade e Luiz Queiroz Brasiliense para executarem o programa de saúde bucal, realizando extrações e ensinando os alunos a escovar os dentes.

Foram 90 dias de viagens pelo oceano, pelos rios e pelos difíceis caminhos do Lourenço, Cunani e conhecendo os municípios de Oiapoque, Amapá e Mazagão, sempre perseguido pelas muriçocas e pela malária que não poupavam ninguém. O trabalho foi feito, ninguém podia falhar ou esmorecer. Aquela equipe representava a saga dos pioneiros e dos homens fortes. Sylla foi para Oiapoque em 1950, passou três meses em companhia do médico Dr. Amílcar Pereira.
Em 1952 foi nomeado chefe do Posto de Saúde de Mazagão e foi nesse município que deixou as marcas indeléveis do seu trabalho, da sua dedicação durante mais de dez anos. Foi Dr.Sylla que desenvolveu a comunidade; que criou o Mazagão Atlético Clube e foi seu presidente. Nomeado chefe do Setor da LBA de Mazagão; juiz de futebol; juiz de paz; programador de todos os eventos, formando em torno de si uma plêiade de amigos, destacando-se o Deputado Coaracy Nunes e o promotor público Hildemar Maia, grandes líderes políticos. Fez centenas de amigos em Mazagão e em Macapá.

Hospital Geral de Macapá era como se fosse sua casa. Estava sempre no gabinete. Os filhos de Sylla de Oliveira SalgadoLucia, Sylla, Mairsylla, Sylamar, Belmar, Mary, Mario, Symar, Janary, Camilo, Belchior, Augusto e Hortênsia assistiram a todas as lutas. Ouviram-no esbravejar com sua voz possante, os ralhos e afagos do homem que lagrimava com os abraços apertados da esposa que amava e que nunca fraquejou.

Este é o retrato de um dos homens mais sérios que conheci, tais como: o Cleveland Cavalcante, o Pires da Costa, o Brasiliense e o Guilherme "Querido", jogávamos a nossa canastra nas noites do bairro Alto.  Foi um grande homem e é uma das personalidades que, de forma inequívoca, engrandeceram o estado do Amapá.
Fonte: Texto de Coaracy Barbosa - extraído do Livro Personagens Ilustres do Amapá Vol. III - 



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