sábado, 14 de outubro de 2017

SAÚDE EM FOCO

           




SAÚDE PRECÁRIA E NADA ALENTADORA PARA OS MÉDICOS



         As condições precárias de atendimento em saúde em todas as esferas de assistência aliadas às declarações infundadas do Ministro da Saúde, que atribuiu os resultados e carências nos serviços ao desempenho do profissional Médico, resultou em Manifesto dos Conselhos, responsabilizando os gestores por essas consequências e irregularidades.
       Por isso nesta semana dedicada aos Médicos, comemorada em 18.10, estes nada têm a comemorar em termos de avanços ou reconhecimento profissional. Vejamos os motivos dessa insatisfação.
       As denúncias das entidades da classe médica em todo o território nacional foram entregues ao Ministro da Saúde, Ricardo Barros, em 19.07.17, mostrando o inconformismo com o “abandono” do SUS. As várias deficiências elencadas pelo CFM são constatadas pela população e fruto de “fiscalização de 2.936 unidades básicas de saúde, das quais 768 apresentaram mais de 50 itens em descumprimento com o estabelecido pelas nromas sanitárias”.
        A grande questão das deficiências constatadas  residem em vários itens que independem da atuação direta do profissional Médico ou do número de horas trabalhadas, entre as quais citamos:
1)               SUCATEAMENTO DA INFRAESTRUTURA EM TODAS OS NÍVEIS DE ASSSITÊNCIA: 1.048 (36%) unidades sem sanitário para deficientes; 431 (15%) sem sala de esterilização; 279(10%) não possuíam instalações elétricas e hidráulicas adequadas, comprometendo a higiene e condições sanitárias locais; 662(57%) serviços não dispõem de remédios para atendimento de parada cardiorrespiratória e anafilaxia;
2)               REDUÇÃO DE LEITOS HOSPITALARES E INEXISTÊNCIA DE UTIs: houve o “fechamento de 23,6 mil leitos de internação em 5 anos e 5.065 cidades com ausência de Unidades de Terapia Intensiva-UTIs, concorrendo  para a morte e perda de vidas que poderiam ser salvas;
3)               FALTA DE MEDICAMENTOS E INSUMOS BÁSICOS: o que torna o atendimento em urgência/emergência algo inviável, quando o Médico não dispõe do medicamento adequado à sua disposição;
4)               URGÊNCIA E EMERGÊNCIA INADEQUADA OU INEXISTENTE: a desassistência das UBS e UPAs em relação a assistência essencial de urgência é marcado pela falta de suporte de equipamentos, prejudicando e colocando em risco os usuários;
Como se observa nos dados constantes do Manifesto do CFM, poucos ou nenhum desses tópicos depende do gerenciamento, atuação ou empenho exclusivo do Médico, que, assim, encontra-se diante de um dilema ético. “O Médico passa a exercer sua profissão de forma muito restrita, já que não pode prescrever os medicamentos e tratamentos necessários para tratar uma enfermidade”.
Uma das principais explicações não está apenas na forma inadequada de gestão dos recursos, mas também pelo sub-financiamento do setor, que entre 2003 a 2016 o MS “deixou de  aplicar  cerca de R$ 155 bilhões no SUS”; do total orçado para a saúde de R$ 1,5 trilhão foi feito o desembolso de apenas 89% (R$ 1,3 trilhão) do qual “quase um terço (R$ 66, 4 bilhões) seria destinado a investimentos, com construções e reformas ou compra de equipamentos”. Dai a explicação para o sucateamento do setor.
Dessa forma, os órgãos de fiscalização vêm mostrar para a população que não adianta querer acusar a classe médica por essas deficiências, pois são de inteira responsabilidade da gestão e administração pública, que não coloca a saúde como prioridade e ainda retira recursos fundamentais para a eficácia e segurança do atendimento.
Agora o que falta aos profissionais que sofrem essas acusações tendenciosas é saber fazer a crítica, comprovar com dados e refletir as consequências dessas implicações no atendimento da população, o que também é papel dos órgãos de fiscalização e controle e da imprensa local, que deveria estar a serviço da coletividade. (Fonte: Jornal MEDICINA, nº 268-Junho/2017). JARBAS ATAÍDE, 09.10.2017.

    


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