domingo, 12 de novembro de 2017

Artigo do Velleda Coluna CISMANDO


Rememorando...

Em agosto de 2010, o nobre e saudoso jornalista Carlos Bezerra escrevia sobre os desmandos e problemas institucionais e administrativos do país, como que prevendo as inconformidades que estavam por vir. Em um de seus artigos, o jornalista dizia: “É certo que, nunca antes na história deste país, atravessamos fase tão crucial. Na questão da moralidade pública, devido à falta de compostura que se vê em vários setores da administração pública no Brasil. Os sucessivos escândalos que ocorrem no país são de fazer corar, até mesmo um frade de pedra. Em épocas eleitorais, então, e apenas como exemplo, o abuso do poder financeiro, seja por parte de empresários que querem, eles também, seu lugarzinho ao sol do império onde o público tornou-se particular, como agentes públicos tratam o Erário como se fosse ele, apenas um cofre particular. E nesse rol não são poucos os que agem à sombra da lei. São essas pessoas que desviam do dinheiro do Erário, com um despudor jamais visto na história da República. O pior é que os homens de bem fogem da política como o diabo foge da cruz, porque sabem que, ainda que corretos, ficarão marcados a ferro e fogo com o estigma da corrupção. E o preço que os bons pagam pela omissão do exercício da política é serem governados pelos piores. O grande advogado de renome nacional e internacional Rui Barbosa já dizia em sua “Oração aos Moços”: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver se agigantarem os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Lamentável verdade. Menos mal que iniciativas como o Projeto de Lei Ficha Limpa mostra que ainda há a possibilidade de vermos removido para sempre, este mar de lama que há muito cobre o Brasil. Acreditamos que podemos ter um país, senão de Primeiro Mundo, pelo menos de primeira classe. Só depende de nós”.
E parece que Bezerra tinha razão, pois nunca antes na história deste país um vice-presidente escreveu uma cartinha ridícula inspirada no personagem Francis Underwood atacando a ‘presidenta’ eleita do país. Nunca, um usurpador como Michel Temer nomeou mais Ministros mafiosos, ladrões e bandidos perseguidos pela Justiça. Nunca antes na história deste país, um presidente comemorou ter trazido o desemprego de volta à realidade brasileira. Nunca antes na história deste país, um governante entregou jazidas de petróleo aos estrangeiros no momento em que a economia do Brasil afundava e precisava desesperadamente dos royalties da exploração petrolífera. Nunca antes na história deste país, um presidente foi formalmente tratado como ladrão pelo Ministério Público Federal. Nunca antes na história deste país, o Estado parou de combater o trabalho infantil e o trabalho escravo. Nunca antes na história deste país, um general com status de Ministro contratou policiais para que eles destruíssem prédios públicos de maneira a justificar o uso de força bruta contra manifestantes pacíficos. Nunca antes na história deste país, um presidente permitiu que tropas norte-americanas entrassem armadas no Brasil para fazer exercícios militares dentro do nosso território. Nunca antes na história deste país, tivemos uma primeira dama que é 43 anos mais nova do que seu decrépito marido que usurpou a presidência. Nunca antes na história deste país, o filho pequeno de um usurpador teve mais patrimônio do que dois ex-presidentes que deixaram o cargo após enriquecer o país e o povo brasileiro. Nunca antes na história deste país, a imprensa aplaudiu tanto a um preço tão caro um governante que tem grande rejeição internacional e quase nenhuma aprovação popular dentro do Brasil. Nunca antes na história deste país, o STF permitiu que um bandido organizasse e conduzisse um golpe de Estado disfarçado de Impedimento antes de ser preso. Nunca antes na história deste país, a classe média bateu panelas por causa de um pequeno aumento no preço da gasolina para derrubar uma ‘presidenta’ e depois enfiou as panelas no rabo e ficou calada quando o usurpador quase dobrou o preço do combustível.
É duro tanto ter que caminhar, pois em 2014, Roberto Freire afirmava que diante de um mundo de oportunidades facilitado por suas relações próximas com o poder, um ‘doleiro’ diversificou as atividades e atendeu aos mais diversos interesses, atuando sempre à margem da lei. Além de providenciar um jatinho para a viagem de férias de um ex-petista chamado André Vargas, Youssef também pagou caminhões lotados de gado para outro deputado cujo nome aparecia nas interceptações telefônicas feitas pela polícia.
Mensalões, dinheiro na cueca, roubalheira na Petrobrás e dinheiro lavado no Brasil e no exterior faziam com que o malfeito fosse encarado com naturalidade, quase como um dado inevitável da realidade. E, para agravar o quadro, a população sofria com a incompetência da presidente da República, que não foi capaz de melhorar a qualidade dos serviços públicos, fez a economia andar para trás e deixou as empresas estatais em frangalhos.
Lá se iam ralo abaixo os princípios democráticos e o esgarçamento da solidariedade e do humanismo.

Oxalá, nas próximas eleições, além do comando do governo, também estejam em disputa a retomada desses valores, no Brasil e aqui, no Amapá, que sofre com uma representatividade política mentirosa e afeita aos próprios interesses.

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