sábado, 4 de novembro de 2017

Editorial




O Brasil precisa ter uma Guarda Costeira para cuidar dos seus ribeirinhos.



No dia 6 de dezembro fará 17 anos que um dos maiores velejadores da história, o neozelandês Peter Blake, foi assassinado por assaltantes que invadiram o seu barco próximo a Macapá, no distrito de Fazendinha. O velejador e ambientalista voltava de uma expedição de dois meses à Amazônia, a bordo do Seamaster, barco-laboratório que estudava o problema da contaminação da água do mar e dos rios pelo mundo.

A lamentável (e constrangedora para nós brasileiros) perda de Blake não foi suficiente para que medidas de segurança fossem tomadas para melhorar o policiamento das águas amazônicas. Em agosto foram dois poloneses no Estreito de Breves, em Outubro foi uma família de americanos, isso levou a ser manchetes nos jornais nacionais e internacionais os crimes que os ribeirinhos amazônidas sofrem diariamente e as autoridades policiais estaduais sem recursos humanos e de logísticas para enfrentar as teias de rios, igarapés e furos que marcam a floresta Amazônica e não são nem números estatísticos nos anuários policiais.
São roubos de embarcações, assassinatos, estrupos, roubo de gado, alimentos, combustíveis e ações fúteis para aquisições de drogas, esses acontecem nos pequenos portos das cidades portuárias.


Agora, diante da escalada dos casos de crimes cometidos contra barcos de transporte e de turismo nos rios da Amazônia, parece que há uma iniciativa de aumentar a fiscalização e a presença das autoridades policiais e da Marinha nas águas.

O episódio nos faz retornar a um tema fundamental. O Brasil precisa ter uma Guarda Costeira, que haja na segurança da navegação no nosso litoral, rios e hidrovias.

O Brasil deve ser o único país com grande extensão de águas navegáveis a não contar com uma Guarda Costeira. E está deixando esse serviço para que os Estados da Região Norte que vem mais sofrendo com essas quadrilhas fluviais e os seus habitantes totalmente a mercê de criminosos que podem está sendo orquestrados pelo crime organizado.
As empresas de navegação  cobram a discussão de mecanismos para promover a segurança das tripulações. Uma das sugestões é que seja criada uma Polícia Fluvial para coibir os crimes, incluindo o tráfico de drogas nos rios que banham os estados do Norte do país.
Reivindicam mais policiamento nos rios e buscam no âmbito federal a criação de uma Polícia Fluvial, como tem, por exemplo, a Polícia Rodoviária nas estradas. É precisam ações que tragam segurança para os trabalhadores e os passageiros da navegação fluvial na região. A maioria dos Estados não tem estrutura para combater e não há um grupamento especializado somente no combate ostensivo aos crimes nos rios. O patrulhamento precisa ocorrer em trechos mais distantes e não se restringir às orlas das sedes dos municípios, pois nas áreas afastadas que os ataques acontecem.

Os piratas geralmente utilizam armamento de grosso calibre, agem encapuzados e trajam até falsos uniformes da polícia para dificultar as investigações. Os criminosos conhecem bem a navegação na região. Eles conhecem furos, igarapés e igapós. Sabem que em determinados períodos do ano conseguem passar pelos atalhos e até se esconder pela mata.  São muitas vezes moradores da própria região, nasceram dentro dessa imensa floresta. Resta as autoridades combate-los dando  segurança e tranquilidade de o ribeirinho dormir ouvindo os sons da floresta e não os tiros de espingardas que lhes vem retirar os ganhos ou a própria vida.

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