O Brasil precisa ter uma Guarda Costeira para
cuidar dos seus ribeirinhos.
No dia 6 de dezembro fará 17 anos que um dos
maiores velejadores da história, o neozelandês Peter Blake, foi assassinado por
assaltantes que invadiram o seu barco próximo a Macapá, no distrito de
Fazendinha. O velejador e ambientalista voltava de uma expedição de dois meses
à Amazônia, a bordo do Seamaster, barco-laboratório que estudava o problema da
contaminação da água do mar e dos rios pelo mundo.
A lamentável (e constrangedora para nós
brasileiros) perda de Blake não foi suficiente para que medidas de segurança
fossem tomadas para melhorar o policiamento das águas amazônicas. Em agosto
foram dois poloneses no Estreito de Breves, em Outubro foi uma família de
americanos, isso levou a ser manchetes nos jornais nacionais e internacionais
os crimes que os ribeirinhos amazônidas sofrem diariamente e as autoridades
policiais estaduais sem recursos humanos e de logísticas para enfrentar as
teias de rios, igarapés e furos que marcam a floresta Amazônica e não são nem
números estatísticos nos anuários policiais.
São roubos de embarcações, assassinatos,
estrupos, roubo de gado, alimentos, combustíveis e ações fúteis para aquisições
de drogas, esses acontecem nos pequenos portos das cidades portuárias.
Agora, diante da escalada dos casos de crimes
cometidos contra barcos de transporte e de turismo nos rios da Amazônia, parece
que há uma iniciativa de aumentar a fiscalização e a presença das autoridades
policiais e da Marinha nas águas.
O episódio nos faz retornar a um tema
fundamental. O Brasil precisa ter uma Guarda Costeira, que haja na segurança da
navegação no nosso litoral, rios e hidrovias.
O Brasil deve ser o único país com grande
extensão de águas navegáveis a não contar com uma Guarda Costeira. E está
deixando esse serviço para que os Estados da Região Norte que vem mais sofrendo
com essas quadrilhas fluviais e os seus habitantes totalmente a mercê de
criminosos que podem está sendo orquestrados pelo crime organizado.
As empresas de navegação cobram a discussão de mecanismos para promover
a segurança das tripulações. Uma das sugestões é que seja criada uma Polícia
Fluvial para coibir os crimes, incluindo o tráfico de drogas nos rios que
banham os estados do Norte do país.
Reivindicam mais policiamento nos rios e
buscam no âmbito federal a criação de uma Polícia Fluvial, como tem, por
exemplo, a Polícia Rodoviária nas estradas. É precisam ações que tragam
segurança para os trabalhadores e os passageiros da navegação fluvial na região.
A maioria dos Estados não tem estrutura para combater e não há um grupamento
especializado somente no combate ostensivo aos crimes nos rios. O patrulhamento
precisa ocorrer em trechos mais distantes e não se restringir às orlas das
sedes dos municípios, pois nas áreas afastadas que os ataques acontecem.
Os piratas geralmente utilizam armamento de
grosso calibre, agem encapuzados e trajam até falsos uniformes da polícia para
dificultar as investigações. Os criminosos conhecem bem a navegação na região. Eles
conhecem furos, igarapés e igapós. Sabem que em determinados períodos do ano
conseguem passar pelos atalhos e até se esconder pela mata. São muitas vezes moradores da própria região,
nasceram dentro dessa imensa floresta. Resta as autoridades combate-los
dando segurança e tranquilidade de o
ribeirinho dormir ouvindo os sons da floresta e não os tiros de espingardas que
lhes vem retirar os ganhos ou a própria vida.
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