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REVISADO – Ok
Escolinhas de Futebol de Base formando cidadãos e
revelando craques do futebol
Reinaldo Coelho
No país do futebol milhares de meninos e
meninas nutrem o sonho de se tornar um jogador profissional e vestir a camisa
de grandes clubes brasileiros, europeus e mais recentemente, chineses, árabes e
outros escudos para se tornarem estrelas.
Sim, estrelas como Neymar, Messi e Cristiano
Ronaldo, entre tantos outros atletas que marcaram história na modalidade, despertam
nas crianças e adolescentes o sonho de um dia serem atletas famosos. Para que
isso aconteça muitos pais apostam suas fichas nas escolinhas de futebol.
É aí onde tudo começa. Escolas de futebol têm
sido um dos principais trampolins para meninos bons de bola. Hoje a maioria dos
clubes mantém contato permanente com algumas escolinhas e, de tempos em tempos,
envia representantes para testar garotos que se destacam em cada uma delas.
Em Macapá esse desejo também impulsiona
centenas de jovens. Hoje o município conta com dezenas de escolinhas,
funcionando em sua maioria precariamente nos bairros periféricos, mas ajudando
milhares de crianças, sem opção lúdicas, a encontrar nos caminhos de terra
batida, o amor do brasileiro pela bola.
O Amapá já foi celeiro de craques de futebol,
exportando dezenas de jogadores para todos os recantos brasileiros e grandes
nomes resplandeceram no cenário futebolístico nacional defendendo as camisas
dos grandes clubes nacionais e internacionais, como ex-jogadores Jason
Rodrigues, Germano Tiago, Roberto Gato, Adervane Baraquinha e Jorginho Macapá,
além dos irmãos Bira e Aldo do Espírito Santo, macapaenses que atuaram em
diversos clubes como Atlético Mineiro, Fluminense, Interna Paysandu-PA e
Remo-PA. Destaque-se Marcelino Augusto Oliveira. Por aqui o ex-jogador vestiu a
camisa do Amapá Clube, do Independente e da Seleção Amapaense, no Pará teve um
passagem rápida pelo Clube do Remo. Marcelino chegou a atuar no Cosmos (USA),
no América do México, no Los Angeles Aztecs (USA), no Tampa Bay Rowdies e no
Necaxa (México) e morreu precocemente em MG.
Escolinha de Futebol, Bairro Infraereo I |
O futebol amapaense decaiu e não produziu
grandes nomes fora do Estado. A prata da casa tem brilhado nos clubes locais e
por aqui em ficado. Alguns amapaenses estão se saindo bem como o amapaense
Anderson Patric que joga no Japão e neste semestre o atacante acertou com o
Sanfrecce Hiroshima para disputar o restante do campeonato asiático. Anderson
Patric está no Japão desde 2013. O meia atacante Fabinho está no Brasiliense, o
Dedé zagueiro, está no Atlético Goianiense e o meia atacante Lesandro e o
zagueiro Jarí estão na mira do Clube do Remo. O atacante santista (AP) Luciano
Marba, veio da escolinha de base e fez teste no Clube Internacional e passou
uma temporada na Grécia.
“O Panthrakikos já tinha cinco estrangeiros e
não podiam me inscrever no campeonato, então optei por voltar para Macapá e
continuei jogando meu futebol no Santos (Ap)”.
São duas vertentes nas escolas de base do futebol,
as escolinhas de campo de piçarra e as do gramado sintético, essas são
particulares e sua maioria representam as marcas de grandes clubes ou atletas
de renome, onde a cliente é de classe média, com mensalidades e equipamentos de
primeira.
Darlan e Evaldo sonham ser jogador profissional |
Normalmente seus proprietários tem ligações
com os grandes centros desportivos e conseguem enviar jovens de potenciais a
serem lapidados e os submetem as peneiras nacionais.
É o caso de Edinoelson Trindade,
ex-secretário da SEDEL e empresário de escolinhas de futebol, a Zico 10, e age
como é facilitador do intercâmbio entre os amapaenses e o clube mineiro.
Centenas de garotos já foram submetidos a
triagem e peneiras, no sudeste do Brasil, não existem uma estatística sobre
esses números, pois eles não sendo federados, podem se submeter em qualquer
clube nacional, com autorização dos familiares. Em 2015 foram mais de 30
rapazes. Sendo que o segundo grupo de adolescentes que tentou a sorte no
futebol de base do clube Estrada Real de Minas Gerais. Em 2014 um outro grupo
de garotos amapaenses esteve disputando competições de base em Minas e deixaram
um boa impressão.
Os jovens embarcam com o desafio de não
decepcionar as apostas de amigos, familiares e técnicos que ficam no Amapá.
Porém o maior desafio será ficar distante de parentes, garante a garotada.
Tales Gustavo, de 15 anos, disputou o Campeonato Mineiro da categoria de 2014 se
destacou na competição com boas atuações e gols importantes. Como resultado o
jovem amapaense retornou para Minas para fazer testes em grandes clubes.
- Os diretores viram potencial nos jovens do
Amapá e solicitaram novamente que outras promessas pudessem voltar para o
clube. Dessa forma selecionamos alguns talentos, conversamos com os pais e
agora eles terão a oportunidade de se firmar no time de lá. Tudo vai depender
do desempenho de cada um. O certo é que eles estão tendo uma chance muito boa –
finalizou Edinoelson.
As escolinhas de bairros
O que não acontecem com as escolinhas de
bairros, onde um amante do esporte ou um ex-jogador se habilita a investir
tendo em vista as crianças do próprio bairro, estarem sendo recrutadas pelos
traficantes e criminosos. São os projetos sociais, bancados pelos próprios
treinadores e familiares, que não recebem nenhuma ajuda ou apoio do poder
público.
A reportagem esteve com o secretário de
Desporto e Lazer do Estado, Junior Maciel, que ao ser questionado sobre as
escolinhas, que tem projeto de ajuda a esses abnegados projetos sociais, porém
pela falta de recursos, a SEDEL só disponibiliza atendimento com kits de
material esportivo.
Em 2014 dois garotos que faziam parte do
projeto Social 'Kigolaço', que desenvolve atividades em uma escolinha de
futebol na zona Norte de Macapá, foram fazer testes em um clube do interior
paulista. Evaldo Darlan Dias embarcam para participar de uma peneira no São
Bernardo, onde poderiam integrar a categorias de base da equipe, caso passem no
teste.
As jovens promessas se destacaram e conseguiram
atuar em algumas competições jogando no Oratório, Santos e Trem, equipes
locais. Os atletas tiveram a oportunidade de fazer o teste graças ao Claudio
Rodrigues que é 'olheiro' de jovens talentos e já conseguiu levar outros
jogadores para o clube do interior paulista. Ele garante que os garotos terão
as mesmas oportunidades de outros jovens que também irão participar dos testes.
Muitos desses jovens não conseguem completar
os seus sonhos e retornam as origens, mas com experiência e disposição de saber
que para conquistar tem que lutar.
A satisfação dos professores e técnicos
dessas escolinhas é ver que um de seus pupilos se destaca e é a resposta do
projeto que vem a anos, apesar das dificuldades, tirando dezenas de garotos da
vulnerabilidade social. “A gente tem tentado fazer com que eles tenham a
oportunidade e quem sabe, obterem o sucesso”, afirma Wilson.
Atacante Luciano Marba |
Ele explica que os projetos sociais, bancados
pelos próprios técnicos, ajudam muito os jovens que não tem como pagar uma
escolinha particular, a maioria desses jovens estão na periferia. “É um
trabalho voluntário, os encargos saem de nossos próprios bolsos, precisamos da
ajuda do poder público para alavancar as atividades e ampliar os projetos,
podendo agregar mais jovens”.
Federação
As escolinhas de futebol espalhadas pela
capital do Amapá trabalham no desenvolvimento social de crianças, em sua maioria
carentes. Em busca de mais apoio os projetos resolveram se unir e criar a
Federação Amapaense de Futebol das Escolinhas. Na última semana 24 escolinhas
se reuniram na Praça Floriano Peixoto para resolver a questão de legalizar a
federação.
“Só falta legalizar juridicamente para que a
federação comece a funcionar, esperamos que em dezembro já possamos ter nossa
federação existindo de fato e de direito. Cada bairro de Macapá tem um monitor
de escolinha e o poder público dificilmente olha o nosso trabalho. Então a
gente se uniu para montar a federação das escolinhas para buscar parceria com
os nossos governantes, disse o monitor Wilson dos Santos Ataíde, de 49 anos.
Ataíde é conhecido em Macapá por incentivar o
trabalho das escolinhas de futebol do estado. Em 2014 ele fez um protesto
solitário no monumento Marco Zero do Equador, durante a exposição da taça da
Copa do Mundo no Amapá. O objetivo foi chamar a atenção do poder público para a
falta de apoio aos projetos sociais esportivos.
Apesar da Federação Amapaense de Futebol das
Escolinhas ainda não ter sido legalizada, a Instituição já está realizando um
campeonato sub-17, envolvendo 24 projetos sociais. Os jogos acontecem no campo
do São Paulo-AP, no bairro Infraero I, na Zona Norte de Macapá.
A força da Base no futebol alemão
A elasticidade do placar do jogo entre Brasil
x Alemanha, na Copa do Mundo de 2014, surpreendeu. Mas para os alemães a
superioridade do time de Joaquin Löw é apenas o resultado de um plano conduzido
com detalhes por mais de uma década e que, agora, colhe seus frutos. A meta foi
sempre muito clara: acabar finalmente com o jejum de 24 anos sem um título
mundial.
Tudo começou em 2000 depois de uma humilhante
eliminação da Alemanha da Eurocopa daquele ano. Naquele torneio a Mannschaft
não venceu um só jogo e saiu da competição sem ter marcado um só gol.
Clubes, federações locais e jogadores se
reuniram para uma constatação preocupante: o futebol alemão não era mais
competitivo e não havia conseguido fazer a transição.
Um plano foi montado para reerguer o futebol
alemão e a prioridade não seria trazer estrelas estrangeiras. Mas criar uma
base de jovens para que dez anos depois pudessem brilhar. A meta era de atrair,
em cada cidade, jovens talentos e formá-los, mesmo que isso levasse anos para
dar resultados.
Todos os clubes foram obrigados a montar
escolinhas de futebol como exigência para que pudessem participar do campeonato
nacional.
Os resultados começaram a aparecer ainda em
2013, quando pela primeira vez a Alemanha enviou na atual temporada sete clubes
para as duas competições europeias. Todos passaram para as oitavas de final.
Na Liga dos Campeões, Bayern de Munique,
Borussia Dortmund e Schalke terminaram em primeiro lugar em seus grupos e a
final foi entre Bayern e Borussia nesta temporada.
Ao contrário do futebol espanhol, onde apenas
quatro times venceram a Liga Nacional, nos últimos 20 anos, na Alemanha a concorrência
é forte. Em dez anos cinco clubes levantaram o troféu da Bundesliga.
Ao contrário do futebol inglês, mais de 80%
dos jogadores na primeira divisão alemã são locais. Ao contrário do futebol
italiano os estádios estão lotados a cada rodada.
Desde então US$ 1 bilhão foi gasto no
desenvolvimento de jovens estrelas. Hoje são 366 centros de treinamento de
menores, empregando mil treinadores e dando espaço para 25 mil alemães tentarem
a sorte no futebol.
Atualmente alguns desses garotos que se
beneficiaram dos investimentos são verdadeiras estrelas, como Thomas Muller e
toda uma legião de jovens que já estão na seleção alemã.
Para muitos não tinha como não pensar que o
principal título podia estar próximo e seria justamente na Copa do Mundo do
Brasil, 16 anos depois. “Estamos prontos”, declarou o presidente da Federação
Alemã de Futebol, Wolfgang Niersbach, e o resultado todos nós sabemos e nunca
mais vamos esquecer – 7 x 1 no Brasil, e a Alemanha levou o Caneco de 2016.
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