Carlos Augusto Gomes, o Carlitão. Professor,
musico, pesquisador e produtor musical.
Reinaldo Coelho
Depois de 26 anos, o professor Carlos
Augusto Gomes, mais conhecido como Carlitão, se aposentou da educação
amapaense. A despedida foi marcada com homenagens ao educador na Escola
Estadual Alexandre Vaz Tavares. A contribuição dele vai além da educação,
passando pelo esporte e pela música regional. O professor também faz parte do
time de músicos amapaenses que ajudaram a reforçar a identidade regional,
principalmente, na década de 1990, assim que o Amapá deixou de ser território e
virou Estado em 1988. Nessa época, surgiram muitas composições que exaltam a
identidade local, a cultura, gastronomia e o jeito de ser amapaense. É o caso
da Banda Placa, grupo que ajudou a fundar e que foi uma das bandas de maior
sucesso na época.
E Carlitão sempre manteve uma parceria de
alto nível com o Tribuna Amapaense, utilizando este semanário como meio de
informações dos trabalhos desenvolvidos por ele o Grupo Placa, tanto no esporte
quando na Cultura. E está semana, prestamos uma homenagem a este educador
cultural, desportista e professor, pela sua aposentadoria, pela superação e
pela continuidade de seus projetos culturais. Pois, Carlitão, mantém um estúdio
de gravação, onde recebe indiscriminadamente todas as vertentes musicais do
Amapá e do Brasil, para ali concretizarem seus sonhos de gravarem um CD e sair
rumo ao sucesso.
Carlitão,
superou um drama relacionado à saúde, mas a vida que lhe sempre ofereceu
obstáculos e ele sempre os superou como bom esportista que é. Todas as ações e
projetos que se envolveu Carlos Augusto os executou com galhardia e sempre foi
premiado, com as vitorias em quadra, nas escolas, nos palcos e na cultura, por
onde foi premiado pelo Ministério da Cultura pelo trabalho de pesquisa e
perpetuação das tradicionais representações culturais do Amapá.
Suas
pesquisas, especialmente sobre o Batuque, o Marabaixo e até a reza de Ladainhas
feitas por representantes da tradicional Vila de Mazagão Velho, ganharam o
registro em vídeo. Com muita seriedade e organização, a trupe comandada por
esse professor de educação física, funcionário público obstinado, segue em
frente. Com todas as limitações, conseguiu dar saltos enormes para que as
futuras gerações não percam o vínculo histórico com a cultura afro-amapaense.
Um dos
projetos pioneiros desse multiartista foi a fundação de uma banda amapaense, a
Placa Luminosa, que já veio para ajudar a cultura local e difundir o amor
musical para todos os amapaenses, os fazendo gostar do que é nosso.
E o grupo
descobriu que poderiam levar o palco de shows para qualquer local e atrair o
público. Criaram no mesmo ano da criação da anda um projeto que era “A vida e a
obra de Paulo Diniz”, onde faziam shows dentro das escolas. “Ainda no mesmo ano, já no final de 1983,
no Ginásio Paulo Conrado, nós fizemos um projeto que ficou três anos em cartaz,
que foi o “Roque Luz”, inclusive nós temos todo o acervo dele. E assim foi
acontecendo, tanto que em janeiro de 1984 nós criamos um grande projeto de
carnaval, que chama-se “Carnaval do Povo”, que também já passou dos trinta
anos”.
A ação
cultural superou o sucesso artístico da banda e o grupo após diversas modificações,
porém com a liderança dos irmãos Gomes foi criada a Associação Cultural e
Social Placa. “Essa entidade era onde
nós teríamos todo o apoio jurídico para que nós pudéssemos desenvolver algumas
atividades pelo grande número de projetos que a Banda Placa produzia”.
Projetos
Culturais superaram os shows, que continuam acontecendo, porém não é mais o
protagonista, faz parte de todos os projetos que são executados.
“Exatamente, então praticamente o
Placa viveu muito de criar projetos e executar projetos. Um deles era voltado
para os CDs da Banda Placa, que a cada ano a gente gravava um disco elevava
para dentro das escolas, com letra, com planejamento pedagógico, ou seja, a
gente tinha uma proposta pedagógica mesmo. Sobre essa história atual, da
realidade do palmito, no primeiro CD nosso tem uma música chamada
“Amassadeira”, uma composição do Bebeto Nande, que contava uma história, a
sinopse dessa música já dizia que era bem melhor você incentivar as pessoas a
tomar o açaí do que derrubar o açaizeiro, mas que da palmeira do açaizeiro você
aproveita tudo, desde a parte da Jussara, que se utiliza nos assoalhos, como
parede e o próprio cacho do açaí depois que você utiliza, que o caboclo chama
“debulhar”, que é a retirada do fruto, fica aquela vassoura, que serve para
varrer o chão das casas e os terreiros”.
Destaque-se
que o grupo Placa, que como todos as bandas queriam alçar o sucesso e ganhar
dinheiro, para si e suas famílias, o Amapá era e é um mercado pequeno para que
isso aconteça, são poucos os artistas amapaenses que vivem da música local e
ter ainda de manter projetos sociais com recursos próprios pior ainda. Mas, o
grupo fez isso durante esses 34 anos de existência. E Carlitão explica isso.
“Nós pertencíamos ao grupo “Os
Setentrionais”. Tocamos muito no Carnaval de 1983 e de lá nós decidimos sair
pela necessidade de trazer propostas diferentes para a música amapaense. Só que
naquele ano eu estava morando em Recife e decidi vir para Macapá, depois de ter
sido demitido do Sesc na época. E trouxe uma proposta muito boa de carnaval,
com uma formatação muito diferente de carnaval de rua, uma coisa que até então
Macapá não tinha. Foi então que no início de 1984 implantamos essa proposta de carnaval de rua
voltado para a inclusão social realmente”.
Esse
projeto de “Carnaval de Rua” foi elaborado para dar acesso à comunidade que
muitas vezes não tem dinheiro para comprar um ingresso, uma mesa, afinal
naquela época o carnaval fortíssimo era no Círculo Militar, mas era carnaval de
salão. E deu tão certo que passou a receber apoio institucional local e do
governo Federal através do Ministério da Cultura.
“Nós participamos em 2009 de um edital [de
subvenção] do Ministério da Cultura que foi trazido a Macapá através do
deputado Evandro Milhomen, então o Estado do Amapá abriu editais e a nossa
entidade foi contemplada com um Ponto de Cultura. Os recursos vieram no final
de 2009, na ordem de R$ 40 mil, e nós então instalamos o nosso Ponto de Cultura
dentro de Mazagão Velho”.
Esse
Ponto Cultural é um dos poucos que continuam no Amapá “Nós fizemos uma doação já em 2010 para a
comunidade através de uma entidade que se chama Raízes do Marabaixo, que é onde
fica o nosso ponto de cultura, uma doação de um recurso de R$ 20 mil todo ele
voltado para a aquisição de um kit de informática e audiovisual, formado por
dois computadores, dois notebook´s, retroprojetor, datashow, impressora,
máquina fotográfica, filmadora, caixa amplificada, onde a comunidade não tem
mais aquela dependência nossa para filmar, de fotografar, afinal eles mesmos
estão produzindo a cobertura do trabalho deles.
Em 2012 foi entregue para a comunidade em torno de 240
vídeos, que foi um trabalho de pesquisa do Placa, e que já vem com a logomarca
Ponto de Cultura. E nestes vídeos tem entrevistas com várias pessoas, algumas que
até já faleceram, de Mazagão. “Nós
repassamos 800 cópias deste CD com o grupo Raízes do Marabaixo, uma parceria
com a Banda Placa desde 1997, que foi quando levamos de volta para Mazagão
Velho a festa de fundação da Vila, pois fazia mais de 60 anos que essa festa
não acontecia mais dentro da comunidade, o que representava uma grande decepção
para aquele povo, que desde a criação do município, com a Intendência eles
comemoravam lá no Mazagão Novo, quando a criação do município de Mazagão Novo
se não me engano é 13 ou 15 de novembro, portanto nada a ver com 23 de janeiro
[data oficial de Mazagão Velho]. Foi aí que entrou a Banda Placa, desde 1997,
com um trabalho de pesquisa que já produziu o terceiro CD, com músicas de
dentro da comunidade”.
Ao
explicar sobre o seu problema com a saúde Carltão explicou que foi um grande
susto. “Sim foi um grande susto realmente, que felizmente com ajuda de Deus,
dos médicos e o apoio da família e dos amigos estamos superando sim. O pior já
passou podemos dizer e estamos retomando a carreira e os projetos da banda e
também dos projetos sociais. E o trabalho de Carlitão continua, ele tem
projetos em esporte com jovens necessitados de atenção especial. O sucesso do
Clube de Vôlei, que conquistou anos de títulos de campeão da modalidade e por
ai vai... Mas essa é outra história de grande EDUCADOR! PARABÉNS CARLITÂO!
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