sexta-feira, 3 de novembro de 2017

ESPORTE




Carlitão
“Vivendo para a cultura e para o desporto”

Carlos Augusto Gomes, o Carlitão. Professor, musico, pesquisador e produtor musical.


Reinaldo Coelho
Depois de 26 anos, o professor Carlos Augusto Gomes, mais conhecido como Carlitão, se aposentou da educação amapaense. A despedida foi marcada com homenagens ao educador na Escola Estadual Alexandre Vaz Tavares. A contribuição dele vai além da educação, passando pelo esporte e pela música regional. O professor também faz parte do time de músicos amapaenses que ajudaram a reforçar a identidade regional, principalmente, na década de 1990, assim que o Amapá deixou de ser território e virou Estado em 1988. Nessa época, surgiram muitas composições que exaltam a identidade local, a cultura, gastronomia e o jeito de ser amapaense. É o caso da Banda Placa, grupo que ajudou a fundar e que foi uma das bandas de maior sucesso na época.

E Carlitão sempre manteve uma parceria de alto nível com o Tribuna Amapaense, utilizando este semanário como meio de informações dos trabalhos desenvolvidos por ele o Grupo Placa, tanto no esporte quando na Cultura. E está semana, prestamos uma homenagem a este educador cultural, desportista e professor, pela sua aposentadoria, pela superação e pela continuidade de seus projetos culturais. Pois, Carlitão, mantém um estúdio de gravação, onde recebe indiscriminadamente todas as vertentes musicais do Amapá e do Brasil, para ali concretizarem seus sonhos de gravarem um CD e sair rumo ao sucesso.

Carlitão, superou um drama relacionado à saúde, mas a vida que lhe sempre ofereceu obstáculos e ele sempre os superou como bom esportista que é. Todas as ações e projetos que se envolveu Carlos Augusto os executou com galhardia e sempre foi premiado, com as vitorias em quadra, nas escolas, nos palcos e na cultura, por onde foi premiado pelo Ministério da Cultura pelo trabalho de pesquisa e perpetuação das tradicionais representações culturais do Amapá.

Suas pesquisas, especialmente sobre o Batuque, o Marabaixo e até a reza de Ladainhas feitas por representantes da tradicional Vila de Mazagão Velho, ganharam o registro em vídeo. Com muita seriedade e organização, a trupe comandada por esse professor de educação física, funcionário público obstinado, segue em frente. Com todas as limitações, conseguiu dar saltos enormes para que as futuras gerações não percam o vínculo histórico com a cultura afro-amapaense.
Um dos projetos pioneiros desse multiartista foi a fundação de uma banda amapaense, a Placa Luminosa, que já veio para ajudar a cultura local e difundir o amor musical para todos os amapaenses, os fazendo gostar do que é nosso.
E o grupo descobriu que poderiam levar o palco de shows para qualquer local e atrair o público. Criaram no mesmo ano da criação da anda um projeto que era “A vida e a obra de Paulo Diniz”, onde faziam shows dentro das escolas. “Ainda no mesmo ano, já no final de 1983, no Ginásio Paulo Conrado, nós fizemos um projeto que ficou três anos em cartaz, que foi o “Roque Luz”, inclusive nós temos todo o acervo dele. E assim foi acontecendo, tanto que em janeiro de 1984 nós criamos um grande projeto de carnaval, que chama-se “Carnaval do Povo”, que também já passou dos trinta anos”.
A ação cultural superou o sucesso artístico da banda e o grupo após diversas modificações, porém com a liderança dos irmãos Gomes foi criada a Associação Cultural e Social Placa. “Essa entidade era onde nós teríamos todo o apoio jurídico para que nós pudéssemos desenvolver algumas atividades pelo grande número de projetos que a Banda Placa produzia”.
Projetos Culturais superaram os shows, que continuam acontecendo, porém não é mais o protagonista, faz parte de todos os projetos que são executados.
“Exatamente, então praticamente o Placa viveu muito de criar projetos e executar projetos. Um deles era voltado para os CDs da Banda Placa, que a cada ano a gente gravava um disco elevava para dentro das escolas, com letra, com planejamento pedagógico, ou seja, a gente tinha uma proposta pedagógica mesmo. Sobre essa história atual, da realidade do palmito, no primeiro CD nosso tem uma música chamada “Amassadeira”, uma composição do Bebeto Nande, que contava uma história, a sinopse dessa música já dizia que era bem melhor você incentivar as pessoas a tomar o açaí do que derrubar o açaizeiro, mas que da palmeira do açaizeiro você aproveita tudo, desde a parte da Jussara, que se utiliza nos assoalhos, como parede e o próprio cacho do açaí depois que você utiliza, que o caboclo chama “debulhar”, que é a retirada do fruto, fica aquela vassoura, que serve para varrer o chão das casas e os terreiros”.

Destaque-se que o grupo Placa, que como todos as bandas queriam alçar o sucesso e ganhar dinheiro, para si e suas famílias, o Amapá era e é um mercado pequeno para que isso aconteça, são poucos os artistas amapaenses que vivem da música local e ter ainda de manter projetos sociais com recursos próprios pior ainda. Mas, o grupo fez isso durante esses 34 anos de existência. E Carlitão explica isso.
“Nós pertencíamos ao grupo “Os Setentrionais”. Tocamos muito no Carnaval de 1983 e de lá nós decidimos sair pela necessidade de trazer propostas diferentes para a música amapaense. Só que naquele ano eu estava morando em Recife e decidi vir para Macapá, depois de ter sido demitido do Sesc na época. E trouxe uma proposta muito boa de carnaval, com uma formatação muito diferente de carnaval de rua, uma coisa que até então Macapá não tinha. Foi então que no início de 1984  implantamos essa proposta de carnaval de rua voltado para a inclusão social realmente”.

Esse projeto de “Carnaval de Rua” foi elaborado para dar acesso à comunidade que muitas vezes não tem dinheiro para comprar um ingresso, uma mesa, afinal naquela época o carnaval fortíssimo era no Círculo Militar, mas era carnaval de salão. E deu tão certo que passou a receber apoio institucional local e do governo Federal através do Ministério da Cultura.
Nós participamos em 2009 de um edital [de subvenção] do Ministério da Cultura que foi trazido a Macapá através do deputado Evandro Milhomen, então o Estado do Amapá abriu editais e a nossa entidade foi contemplada com um Ponto de Cultura. Os recursos vieram no final de 2009, na ordem de R$ 40 mil, e nós então instalamos o nosso Ponto de Cultura dentro de Mazagão Velho”.
Esse Ponto Cultural é um dos poucos que continuam no Amapá  “Nós fizemos uma doação já em 2010 para a comunidade através de uma entidade que se chama Raízes do Marabaixo, que é onde fica o nosso ponto de cultura, uma doação de um recurso de R$ 20 mil todo ele voltado para a aquisição de um kit de informática e audiovisual, formado por dois computadores, dois notebook´s, retroprojetor, datashow, impressora, máquina fotográfica, filmadora, caixa amplificada, onde a comunidade não tem mais aquela dependência nossa para filmar, de fotografar, afinal eles mesmos estão produzindo a cobertura do trabalho deles.
Em 2012  foi entregue para a comunidade em torno de 240 vídeos, que foi um trabalho de pesquisa do Placa, e que já vem com a logomarca Ponto de Cultura. E nestes vídeos tem  entrevistas com várias pessoas, algumas que até já faleceram, de Mazagão. “Nós repassamos 800 cópias deste CD com o grupo Raízes do Marabaixo, uma parceria com a Banda Placa desde 1997, que foi quando levamos de volta para Mazagão Velho a festa de fundação da Vila, pois fazia mais de 60 anos que essa festa não acontecia mais dentro da comunidade, o que representava uma grande decepção para aquele povo, que desde a criação do município, com a Intendência eles comemoravam lá no Mazagão Novo, quando a criação do município de Mazagão Novo se não me engano é 13 ou 15 de novembro, portanto nada a ver com 23 de janeiro [data oficial de Mazagão Velho]. Foi aí que entrou a Banda Placa, desde 1997, com um trabalho de pesquisa que já produziu o terceiro CD, com músicas de dentro da comunidade”.
Ao explicar sobre o seu problema com a saúde Carltão explicou que foi um grande susto. “Sim foi um grande susto realmente, que felizmente com ajuda de Deus, dos médicos e o apoio da família e dos amigos estamos superando sim. O pior já passou podemos dizer e estamos retomando a carreira e os projetos da banda e também dos projetos sociais. E o trabalho de Carlitão continua, ele tem projetos em esporte com jovens necessitados de atenção especial. O sucesso do Clube de Vôlei, que conquistou anos de títulos de campeão da modalidade e por ai vai... Mas essa é outra história de grande EDUCADOR! PARABÉNS CARLITÂO!
   


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