SAÚDE
NÃO É PRIORIDADE HÁ 30 ANOS NO BRASIL
Para avaliarmos a atual situação da
assistência em saúde brasileira devemos rever o contexto sócio-político que
ensejou a criação do sistema oficial: o SUS. Antes o INAMPS, atendia apenas os
empregados que contribuíam com a seguridade social. A universalidade e
integralidade foram princípios que incorporaram toda a população, de acordo com
a CF/88, que preconizava a assistência à saúde como direito do cidadão e dever
do estado.
A lei complementar 8.124/1990, que
corrigiu os vetos da CF/88, introduziu uma inovação: o controle social, como um direito da população em participar nas
discussões. Advieram os Conselhos de Saúde, as Conferências e as regras do
financiamento. Temos certeza que a atual situação porque passa a saúde jamais
foi respaldada pelo controle social, mas sim resultado de descumprimento das
leis pelos gestores e governantes.
Uma prova concreta foi a recente 15ª CONSA, promovida pelo MS e CNS, ocorrida
de 1 a 4.12. 2015. Já se passaram dois anos e os objetivos ao discutir o tema “
Saúde pública de qualidade para cuidar
bem das pessoas: direito do povo brasileiro” passam longe de se
concretizar. É curioso, mas o tema foi quase uma repetição da 8ª Conferência,
que ocorreu em 1986, dois anos antes da criação do SUS e da CF/88, com todos os
princípios da chamada Reforma Sanitária.
O temário central de 1986 -- Saúde como Direito, Reformulação do Sistema
de saúde e Financiamento do Setor -- hoje, há 29 anos depois, retorna na 15ª
CONSA. Seria um retrocesso rediscutir o
que já deveria estar sendo cumprido há décadas? Seria como assumir e reconhecer
de que não foi cumprido plenamente pelos governos e gestores? A resposta é
clara: porque não foram cumpridos por
todos os governos desde 1986 até hoje.
Outra confirmação dessa afirmação foi a realização
recente, em Macapá, dia 17.11.2017, do
17º Movimento Popular pela Saúde-MOPS, que congregou entidades da sociedade civil, gestores da
SESA e órgãos de controle externo como o Ministério Público . Como explicar que
esse fórum é anterior à criação e realização das conferencias e conselhos de
saúde, pois já houve 15 CONAS e 17 MOPS, e as decisões e resoluções continuam a
serem descumpridas?
Tanto é verdade esse descaso das leis que o próprio
governo e os órgãos de vigilância reconhecem e vão realizar a 1ª Conferencia
Nacional de Vigilância em Saúde de 28/11 a 01.12.2017. Vão querer agora
discutir a omissão dos órgãos, instâncias de controle interno e parlamentares,
que deveriam fiscalizar e garantir as conquistas. Outro retrocesso é a vigência
da PEC 241 que alterou a CF/88 e que
reduzirá recursos da saúde, a partir de 2018, prova inconteste de que estamos
sendo ludibriados há vários anos e a saúde não é prioridade.
Mas vamos nos basear nos fatos. No Amapá, a decretação no
início da gestão atual (Jan/2015) de “estado de emergência nacional na saúde”
foi avaliada pelo MS e a Vigilância em Saúde-SVS, que negou o pedido, alegando
que não havia motivos para a emergência, pois o Estado tinha condições, através
de um planejamento e gestão mais competente, de administrar os recursos
existentes nas unidades de saúde.
Essas deficiências, constatadas pelas entidades médicas
em todo o território nacional foram entregues ao Ministro da Saúde, Ricardo
Barros, em 19.07.17, mostrando o “abandono” do SUS. As várias deficiências
elencadas pelo CFM são constatadas pela população e fruto de “fiscalização de
2.936 unidades básicas de saúde, das quais 768 apresentaram mais de 50 itens em
descumprimento às normas sanitárias”. Um resumo das deficiências foi descrito
em artigo do TA (“Saúde Precária e Nada
Alentadora para os Médicos”), em 09.10.2017. JARBAS ATAÍDE, 20.11.2017, Dia da Consciência Negra.
Dados da crise no SUS foram
apresentados ao Governo e à imprensa. Na foto Carlos Vital, Presidente do CFM.
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