Seguro Defeso no Amapá
No período eleitoral cresce os picos de inscrições de
segurados
Reinaldo Coelho
Federação dos Pescadores do Estado do Amapá (Fepap) após
tomar conhecimento da denúncia da Controladoria Geral da União (CGU) ao divulgar
que 85% dos pagamentos de seguro defeso no estado apresentaram irregularidades
entre 2013 e 2014, defendeu atuação conjunta para ampliar a fiscalização
visando coibir a concessão indevida do benefício, pago no período de reprodução
dos peixes.
Apesar da proposta de parceria entre entidades e órgãos
federais, a Fepap discorda dos números apresentados pela controladoria, que
obteve o relatório após realizar entrevistas em três municípios com pessoas
cadastradas como pescadores artesanais. Entre os beneficiários, estavam pessoas
que não exerceram a pesca no período pesquisado. Entidade que representa os pescadores no
estado diz discordar dos números da controladoria, que apontou 85% de
inconsistências nos valores pagos entre 2013 e 2014.
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Leidinaldo Gama, presidente da Federação dos Pescadores do Estado do Amapá (Fepap) (Foto John Pacheco-G1) |
O presidente da Fepap, Leidinaldo Gama, questionou o método
da CGU apontando que os moldes atuais de controle pelos órgãos federais não são
precisos quanto à delimitação da função de pescador. Gama propõe a ampliação
das informações inseridas no Registro Geral de Pesca (RGP).
"A base de dados do RGP e do Sinpesc são totalmente
falhas e não têm coerência nos dados apresentados pelos pescadores e criam inconsistências
nos dados. Se você pedir hoje relatórios dos anos 2013 e 2014 não tem. Porque
ele só defere. Inclusive a CGU sugeriu que isso fosse feito manualmente",
explicou o presidente.
O Relatório da CGU tratou do tema e o resultado da avaliação
sobre os pagamentos do Seguro Desemprego ao Pescador Artesanal (Seguro Defeso).
E foi constado pelas fiscalizações realizadas, irregularidade em 66% dos
beneficiários do Programa Seguro Defeso que, embora indicando a pesca como
atividade exclusiva, no período analisado pela entrevista (2013 e 2014), não
exerceram essa atividade ou praticaram outras analisado pela entrevista (2013 e
2014), não exerceram essa atividade ou praticaram outras pesca como atividade
de renda complementar ou subsidiária.
As tabelas e gráficos abaixo apresentam o número de inscritos por estado e por região do país,
Uma das constatações do CGU foi de que nos anos eleitorais as
inscrições tem uma alta considerável. Os controles existentes no sistema são
vulneráveis e não evitam a ocorrência de falhas no cadastro dos pescadores, nem
mitigam os riscos de exploração das vulnerabilidades. Destaca-se que logins e
senhas de acesso de servidores eram utilizadas por funcionários terceirizados,
com ou sem o consentimento dos titulares.
Tal fragilidade na base de dados do SisRGP permitiu um pico
na quantidade de registros (24.430) justamente no mês anterior ao do pleito
eleitoral de 2014. O mesmo não foi observado no mês de setembro de 2013 (3.214
inscrições). O fato reforça a tese de que o cadastro esteja sendo utilizado
para fins alheios aos que direcionam a política pública.
No caso do Amapá o resultado da auditoria levantou informações de usuários do seguro em
Macapá, Santana e Pedra Branca do Amapari. O índice de inconsistências no Amapá
ficou acima da média nacional, que de acordo com a CGU, foi de 66% entre 2013 e
2014.
O levantamento onde apontou irregularidades em 85% dos
pagamentos de seguro defeso feitos no Amapá. A auditoria ouviu beneficiários em
três municípios constatou que pescadores artesanais receberam indevidamente os
valores mesmo não se enquadrando nos requisitos do programa.
O relatório mostra ainda que de janeiro de 2010 a março de
2015, um total de 16.894 pescadores foram inscritos no Registro Geral da Pesca
(RGP) no Amapá. Nesse período, o valor acumulado de pagamentos do seguro defeso
foi de mais de R$ 706,6 milhões.
Os valores são pagos durante a piracema - período de
reprodução dos peixes - quando é proibida a pesca de várias espécies. Segundo a
CGU, o foco da auditoria foi avaliar a regularidade dos beneficiários inscritos
no RGP, a segurança da base de dados e o processo de concessão de licenças de
pesca.
Outro objetivo do levantamento foi identificar a rotina de
fiscalização adotada pelo órgão responsável – antes a cargo do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), mas, desde maio de 2017, em razão
da MP nº 782, transferida ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e
Serviços (Mdic).
Para realizar a auditoria, a CGU visitou as residências e
realizou entrevistas com 2.315 cadastrados no RGP como beneficiários do seguro
defeso, distribuídos em 126 municípios em todo o país, três no Amapá.
Embora indicados como exclusivamente pescadores, o total de
85% dos ouvidos no estado não exerceu a pesca no período analisado pela entrevista
(2013 e 2014), ou praticou outras atividades remuneradas, geralmente informais,
tendo a pesca como atividade complementar.
Recomendações
A partir das informações levantadas, a Controladoria
recomendou que no processo de recadastramento dos beneficiários sejam incluídos
no registro do pescador, elementos objetivos para caracterização de pesca
comercial.
Também se recomendou que fossem criados mecanismos de
responsabilização das entidades de pescadores quanto à veracidade das
informações prestadas, que institucionalizasse um Plano Nacional de
Fiscalização do RGP e que adotassem estratégia de divulgação local nos
municípios mais críticos e outras medidas de transparência pública visando a
esclarecer sobre as regras do registro e das situações consideradas
irregulares.
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