sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

ARTIGO DE EUGÊNIO SANTANA

BOS OLHOS DO TEMPO (*)
O tempo nos avisa que ele está passando. Não, ele não está indo embora, ele só está passando, por nós, diante de nós.
E ele nos olha, para que o notemos.
Não é o tempo quem passa rápido demais, somos nós que passamos rápido demais por ele.
Não respeitamos nossos limites, porque não usufruímos o tempo para reconhecê-los. Literalmente, não temos limite.
Nos vemos desnorteados num campo aberto, onde exigimos que haja um caminho pavimentado, uma estrada pronta e decidida por nós. Mas o caminho quem constrói somos nós. E isso o tempo insiste em nos lembrar, pondo em nossos caminhos escolhas, questionamentos e decisões.  Ele confia na gente.
Antes de reclamar do velho, e ansiar pelo novo que, na verdade chama-se desconhecido, devemos abraçar o tempo e nos segurar à dádiva do presente.
Agarre suas mãos as mãos do tempo e entrelacem seus dedos. Sinta o cheiro do tempo, e do que vocês dois juntos são capazes de produzir e edificar.
Antes de ansiar por um ano que ainda não existe, aproveite o momento, pois o tempo é encarregado de missões drásticas. Ele traz, mas também leva.
Eu, quando criança, esperava pelo ano novo a fim de pensar que os próximos  365 dias seriam os melhores.  A esperança por novos dias nos mantém firmes, mas fixar-se num futuro sem ater-se ao que fazer agora, torna-o  menos promissor.
Mas hoje, olhando a decoração Natalina de Macapá, a seriedade da vida adulta me engolindo, o ano que vem que eu não sei mais, os amores que talvez (esse maldito talvez) não estejam mais aqui.... Ah, meu caro, eu desejo que o ano não acabe nunca mais.
Nenhum ano é ruim. Há épocas  devastadoras, fases terríveis e desanimadoras.
Mas o mesmo tempo abominável que nos abala, é o mesmo pai que nos consola, sem se incomodar se notamos ou não a sua presença.
O tempo chega, fica e vai.
Feliz Ano Novo!
(*) Eugenio Santana é membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, ocupante da cadeira número dois; Sócio da UBE – União Brasileira de Escritores; da ACI – Associação Catarinense de Imprensa, Florianópolis/SC. É redator publicitário, ensaísta, revisor de textos, biógrafo, blogueiro e romancista. Autor de nove livros publicados.



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