sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Marven – Um poeta da fronteira





Marven – Um poeta da fronteira


O Tribuna Amapaense teve a honra de descobrir na fronteira norte do Brasil, e recomendado pelo poeta Paulo de Tarso Barros, no município de Oiapoque, um poeta e escritor, MARVEN JUNIUS FRANKLIN. O TA fez uma matéria cultural sobre esse ‘poeta da fronteira’ e pronto, sua qualidade reconhecida no restrito meio literário foi expandida e hoje está nas páginas de compêndios nacionais e internacionais. Nascido santareno e oiapoquense por adoção, Marven é formado em Educação Física pela Universidade de Brasília (UNB) e pós-graduado em Educação Física Escolar pela Universidade Candido Mendes do Rio de Janeiro. Já publicou no Overmundo e Recanto das letras. Acompanhe a entrevista.




Reinaldo Coelho




TRIBUNA – Caro poeta Marven Junius Franklin, para começar gostaríamos de saber como se deu sua paixão pelo tear da escrita?



MARVEN JUNIUS FRANKLIN – Minha avó paterna nos contava histórias e lia poesias para nós – me falou de Cervantes. A literatura me foi apresentada por meu pai quando eu recebi dele de presente o livro “O LIVRO DO RISO E DO ESQUECIMENTO” do escritor theco Milan Kundera – não deixei mais a literatura. A poesia logo surge como a minha forma favorita de expressão literária. Lembro que nosso pai montou uma acanhada biblioteca na sala de casa. Uma estratégia que funcionou. Em momentos de tédio – próprio da infância/final da adolescência – eu recorria aos livros como uma forma de viajar, sair e conhecer o mundo. Depois veio a influência de meu irmão Benny Franklin (poeta) que mantinha uma pequena estante com livros de poesias em sua casa. Eu simplesmente os devorava! Nessa fase já confeccionava pequenos fragmentos sem saber que já esboçava minhas primeiras composições literárias.

TRIBUNA – Poderia nos falar sobre como surgiu sua relação com a literatura, especificamente a poesia? Como aconteceu seu processo de escrita? De que modo aproxima a chama e o cristal na materialização de seus poemas?


MARVEN JUNIUS FRANKLIN – A literatura surge da influência familiar como já disse. Acho que a literatura caminha comigo desde a infância, através das histórias contadas por minha avó e pelas confabulações acerca do mundo, da cultura e das coisas sobrenaturais que mantinha com meu pai. A característica de minha obra é a poesia, pois foi com ela que tive o primeiro contato com a literatura efetivamente, quando passava marés lendo os livros na estante de meu irmão. Meu processo de escrita é simples: esboço fragmentos mentalmente, depois os materializo no papel (esboço) e logo os organizo no computador – dando a forma final.

TRIBUNA – Sabido que tem uma parte de seu material poético publicado em blogs e sites de cultura virtual e publicações em revistas literárias. Pergunto: você acha que os meios eletrônicos são uma forma de divulgação moderna que ameaça o livro impresso? Como a partir desses meios podemos pensar numa modernização literária?


MARVEN JUNIUS FRANKLIN – A internet trouxe – a meu ver – a democracia literária (que me perdoem os conservadores). O autor desconhecido passa a ser lido, mesmo sem ter lançado um livro. O autor da internet passa a ser respeitado dentro do processo literário nacional e mundial. As redes sociais são o exemplo máximo disso e não vislumbro que isso possa ser tornar uma ameaça ao livro impresso – ao contrário – a internet ajuda os autores a divulgar livros, lançamentos, eventos literários e etc. Digo sempre que a literatura se modernizou e passou a atingir um público maior.

TRIBUNA – Você escreveu um livro Blues em Oiapoque, como se deu essa ideia?


MARVEN JUNIUS FRANKLIN – Na verdade o nome do livro é ‘RIO OIAPOQUE IN BLUES’ e foi uma forma de homenagear minha cidade do coração – minha Arcádia literária. O blues surge no momento em que atraquei em Oiapoque... Estava vindo de uma vida despedaçada, sem destino e sem perspectivas após uma longa jornada pelo Brasil e América Latina (munido de mochila e sonhos, um andarilho). E foi na chegada – em uma madrugada densa - que ouvi um blues vindo de uma barraca de lanche na Praça da cidade, em meio a uma neblina surreal – uma característica das noites em Oiapoque. Isso marcou a minha vida... Pois o blues, o rio (que conheci no dia seguinte), foi decisivo na minha efetivação como poeta. A cidade me abraçou e eu não a alarguei mais. Nessa cidade eu me estabeleci e hoje sou parte dessa paisagem... Em meio a catraias, o verde da mata, o burburinho do mercado municipal e a neblina que me inspira muito.



TRIBUNA – Marven gostaria de saber como você vê a Literatura no Amapá e, para ser mais específico, em Oiapoque?



MARVEN JUNIUS FRANKLIN – Me considero um poeta amapaense... nortenho... amazônico. O Amapá tem grandes escritores como Fernando Canto, Paulo Tarso Barros, Herbert Emanuel, por exemplo. Penso que a literatura do Amapá vive um momento de afirmação de todo o seu potencial. Passa a ser nacional, através da conquista de prêmios nacionais e em publicações em revistas literárias por escritores que estão se afirmando no contexto literário amapaense e a nível nacional (poetas de grande talento, diga-se de passagem). A literatura de Oiapoque – a literatura de fronteira, como eu gosto de falar, está em fase de estruturação e apesar de ter escritores de qualidade, ainda falta essa aparelhamento como a estruturação de uma associação literária para que se possam efetivar eventos e coletâneas, por exemplo.

TRIBUNA – Gostaria que nos falasse mais desse seu envolvimento com a música e se tem mais algum trabalho ainda no prelo, ou engavetado?



MARVEN JUNIUS FRANKLIN – Na verdade, essa aproximação com a música surge de um convite do poetinha Osmar Junior que visualizou dois poetas que ele considera contemporâneos dentro da literatura amapaense, no caso eu e o Bruno Muniz, poeta de muita qualidade e escrita audaciosa. O projeto é lítero-musical e está em fase de pesquisa e composições. Em 2018 a coisa deve acontecer efetivamente.

TRIBUNA – Se pudesse recomendar um livro aos leitores, qual seria?

MARVEN JUNIUS FRANKLIN – Eu venho de uma influência da geração Beatnik, sempre que me fazem essa pergunta eu sugiro livros dessa escola literária da contracultura americana como "Pé Na Estrada", de Jack Kerouac, "Uivo", de Allen Ginsberg.



TRIBUNA – Qual a sua maior preocupação ao escrever?

MARVEN JUNIUS FRANKLIN – Ser verdadeiro é minha maior preocupação. A literatura voltada à resistência contra tudo que afronte a dignidade humana. Oiapoque espera muito de mim e isso me torna imune a tudo que não seja verdade dentro do processo literário. Tenho compromisso social com o meu Estado e com o meu município.

TRIBUNA – Quem é o escritor Marven Junius Franklin?




MARVEN JUNIUS FRANKLIN – Considero-me um Quixote navegando a esmo – buscando a cura para a solidão... Sou o poeta da névoa densa e dos girassóis imaginários e que espera todos os dias os pores do sol na sacada da Marripá Tour. Sou um Quixote contemporâneo que, em vez dos galopes, viaja em catraias multicoloridas em direção do quimérico.



BIOGRAFIA:


Marven Junius Franklin nasceu em Santarém/AP. Descendente de confederados norte-americanos – que aportaram no Norte do Brasil na segunda metade do século XIX. A adolescência ocorreu em Belém do Pará quando seu pai foi transferido para a capital do Estado. Santarém e Belém têm uma grande influência na obra do poeta. Atualmente mora em Oiapoque/AP, Extremo Norte do Brasil – fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa – cidade que despertou no poeta uma grande admiração. É professor de Educação Física da Rede Pública Municipal. Formado pela Universidade de Brasília (UNB/DF) e pós-graduado em Educação Física Escolar pela Universidade Candido Mendes (RJ). Em 2016 e 2017 teve trabalhos publicados na Mallarmargens- Revista de poesia e arte contemporânea. Em 2016 foi agraciado com a classificação no X CLIPP – Concurso Literário de Presidente Prudente (Ruth Campos) promovido pela Secretaria de Cultura de Presidente Prudente/SP para participar de uma coletânea de contos e poesias. Em maio de 2017 teve trabalhos publicados na Revista Philos (Revista de Literatura da União Latina/Dossiê de Literatura Neolatina: Mostra de literatura lusófona. De 10 de julho a 06 de agosto de 2017 teve trabalhos expostos na Exposição Poesia Agora, promovida pela Caixa Cultural do Rio de janeiro. A exposição exibiu trabalhos dos principais poetas em atividade no Brasil. Em setembro de 2017 foi selecionado para participar da edição do livro Vozes de Aço (XIX Antologia Poética de Diversos Autores que homenageia o escritor/Acadêmico Geraldo Carneiro. Em setembro de 2017 foi premiado em 2° lugar no Concurso Nacional Novos Poetas, Prêmio CNNP 2017 integrando a coletânea. Em outubro de 2017 foi agraciado com Menção Honrosa no 4º Concurso de Poesia promovido pela ALACIB - Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil de Mariana/MG. Em 2018 vai participar da Coletânea  Poesia, poemas e outros versos realizada pela Associação literária do Estado do Amapá(ALIEAP) e da coletânea do V Concurso Nacional Cidade Poesia, promovida pela Associação dos Escritores de Bragança Paulista/SP.


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