sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

PIONEIRISMO




Pioneirismo

“Tem muita gente que acredita que a imagem na frente da cidade não foi a que meu pai esculpiu, mas isso não é verdade. A imagem que quebrou foi recuperada e colocada no lugar”, – ressalta seu Antônio Pereira da Costa Filho.


Antônio Pereira da Costa, escultor e ceramista português

Esta semana estaremos apresentando aos leitores dessa editoria o escultor da mais importante escultura religiosa, um marco no turismo do Amapá. A Imagem de São José, Padroeiro da Cidade de Macapá, colocada sobre a mística pedra do guindaste ao lado do Trapiche Eliezer Levy, outro ícone turístico da capital. Essa obra foi feita pelo luso-brasileiro Antônio Pereira da Costa.


ANTÔNIO PEREIRA DA COSTA – Nascido a 17 de fevereiro de 1901, em Valadares, Vila Nova de Gaia, Porto – Portugal, Antônio Pereira da Costa era filho de Joaquim Pereira da Costa e Maria Rosa Costa, também portugueses.  
Seu pai, integrando um grupo de artistas imigrantes portugueses e italianos, veio para o Brasil (Rio de Janeiro) por volta do início da segunda década dos anos 1900, a fim de executar trabalhos da sua arte, já que era escultor e estucador nato, aqui se naturalizou brasileiro.
Com a morte de sua mãe, Antônio Costa deixou sua terra-pátria e veio também para o Brasil, onde chegou a 24 de setembro de 1914, então com treze anos e meio de idade, passando a ajudar seu genitor, a essa altura já em Belém, na execução de ornatos do Palacete Bolonha, nesta cidade.
Ao perceber que precisava aperfeiçoar a sua arte foi para o Rio de Janeiro, matriculando-se na Escola de Belas Artes, onde permaneceu de 1917 a 1920, quando, por falta de recursos, teve de abandoná-la e retornar a Belém. Antes, porém, executou trabalhos artísticos no prédio do Rio Cassino, dentro do Passeio Público, ao lado do Palácio Monroe.
Em 1921 viajou para São Luís do Maranhão com a incumbência de esculpir a imagem de Nossa Senhora da Conceição, no frontal da Catedral da cidade. Ainda em 1921, juntamente com seu pai, foi para Manaus, onde os dois realizaram trabalhos de restauração na fachada do Teatro Amazonas.
Antônio Costa casou-se em 1922 com a pernambucana Lydia Bezerra da Silva, com quem teve oito filhos: Erotylde, José, Elza, Maria Rosa, Joaquim Agostinho, Antônio Filho, Mário e Terezinha.
Em 1923 foi chamado novamente a São Luís para esculpir o busto do então governador do Maranhão, época em que nasceu a sua primeira filha, Erotylde, a única maranhense. Ainda em São Luís esculpiu também o busto do Dr. Tarquínio Lopes Filho, proprietário e diretor da “Folha do Povo” do Maranhão. Instalando-se em São Luís, seu pai, Joaquim Costa, lá montou uma fábrica de artefatos de cimento, como mosaicos e marmorites, transferindo-a, anos depois, com toda a maquinaria, para Belém do Pará, com o nome de “Plástica Paraense”, à Tv. Três de Maio, passando a fornecer mosaicos e outros produtos de melhor qualidade para casas comerciais, igrejas (Capuchinhos, p.ex.), Colégio Santo Antônio e várias outras construções. Muito tempo depois, com o falecimento de Joaquim e com a venda do prédio da fábrica, por motivo de força maior, Antônio removeu as máquinas para um modesto barracão no quintal de sua residência, à Tv. Mercedes, no Marco, onde com o nome de Fábrica “São José” continuou a fornecer aqueles artefatos para obras de construção no Estado.
No Amapá, então Território Federal, a primeira viagem de Antônio Costa deu-se à época da Segunda Guerra Mundial, levado pelos americanos, com quem havia trabalhado na construção da Base Aérea de Belém, para participar da construção da Base Aérea do Amapá. Mais tarde retornou ao Território e ali deixou várias obras.
Existe em Macapá uma rua com o nome de Antônio Pereira da Costa, no Bairro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, homenagem da Câmara àquele que contribuiu com o seu valioso trabalho para o crescimento do Território Federal do Amapá, depois elevado a Estado.
O artista, humilde por natureza, pois permaneceu pobre até os últimos dias, faleceu aos 82 anos de idade, em 1983, no mesmo hospital que construíra em Macapá, exatamente a 3 de julho, dia em que, por “ironia do destino”, estaria retornando a Belém para conviver definitivamente com seus filhos, netos e bisnetos (a esposa já era falecida). Voltou para Belém, sim, mas para lá ser enterrado.
Como legado aos seus descendentes, deixou o exemplo maior de dignidade, integridade moral e amor ao trabalho.
Texto de Erotylde Costa Leite – filha de Antônio Costa – extraído do blog Antônio Pereira da Costa (Velho Costa)

Antônio Pereira da Costa riscava as plantas dos prédios e administrava os projetos das edificações em Macapá, entre esses: RESIDÊNCIA GOVERNAMENTAL, HOSPITAL GERAL DE MACAPÁ, MATERNIDADE E PAVILHÃO INFANTIL DE MACAPÁ.

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