sábado, 27 de janeiro de 2018

DIREITO ELEITORAL

Lula tornou-se inelegível, ao vivo, aos olhos da Nação

                            Besaliel Rodrigues


            Lula está juridicamente inelegível. O resto é eufemismo e a prisão é questão de tempo.
            Por ter sido presidente do Brasil, por dois mandatos, as autoridades e a imprensa em geral estão cautelosos com a repercussão do desfecho final do processo, em vista de que Lula ainda tem grande popularidade entre as classes mais pobres do país, que ainda vivem dos favores estatais concedidos por ele – Lula – quando chegou ao topo do poder anos atrás.
            Este cuidado também existiu em relação a outro ex-presidente, Juscelino Kubstschek. O governo militar e a imprensa agiram sempre com cautela com ele, até sua drástica morte, pois, mesmo fora do poder, o povo ainda o tinha com muita estima.  
            Lula será o 1º presidente da República Federativa do Brasil a ir para a cadeia depois do mandato, por ter se utilizado do cargo mais alto da Nação para se corromper. Os tempos estão mudando. O Poder Judiciário está consolidando cada vez mais sua independência constitucional.
            Somente uma reviravolta de natureza política, uma decisão monocrática, isolada, de algum ministro do STJ ou do STF poderá viabilizar uma eventual candidatura de Lula, que poderá concorrer às eleições deste ano como candidato “sub judice”.
            Mesmo que concorra “sub judice”, será uma campanha trágica. Concorrerá “sangrando” politicamente, sofrendo retaliações exatamente por aquilo que lutou a vida toda e que o levou à presidência: o combate à corrupção!
            Joaquim Falcão, professor da FGV Direito Rio, escreveu um artigo que julgo muito oportuno para este momento importantíssimo da História do Brasil:     
            “A transmissão ao vivo do julgamento do TRF4 permitiu ao público compará-lo com os julgamentos que se tem visto no Supremo Tribunal Federal. A postura dos magistrados, raciocínio, método de análise, forma de se comunicar, tudo é diferente.
            Não há competição pessoal ou ideológica entre eles. Nem elogios recíprocos. Cada um é si próprio. Não há troca de críticas veladas, ou aplausos desnecessários. Ou insinuações jogadas no ar. Mais ainda: não há exibicionismo.
            Não querem mostrar cultura. Não discutem com jargões jurídicos. Não se valem de doutrinas exóticas plantadas e nascidas no além mar. Não é preciso, embora seja legitimo e, às vezes, indispensável buscar amparo em autores ou abstrações estrangeiras. Em geral ultrapassados.
A argumentação é toda fundamentada nos fatos. Vistos e provados. Não se baseia apenas em testemunhos ou denúncias. Fundamentam seu raciocínio no senso comum que emanam dos fatos. Provas materiais. Ou como diria Ulysses Guimaraes: com base em suas excelências, os fatos. Que de tão evidentes e intensamente descritos não deixam margem a qualquer dúvida razoável.
            Não é preciso muita argumentação para dizer o que é simples. Ninguém manda mudar um apartamento, manda comprar utensílios, faz visitas com o construtor, não pergunta preço, e não paga – só o dono de um imóvel procede assim.
            A prova da propriedade está no comportamento registrado ao vivo. E não no papel, na escritura A ou B. Simples assim. Os magistrados de maneira informal tentaram transmitir o que a linguagem jurídica, formal, muitas vezes oculta.
            A transmissão ao vivo permitiu a cada um de nós formar a própria opinião. Escolher um lado. Quase pegar a justiça com as próprias mãos, com as mãos do seu próprio entendimento. Restou provado que o Tribunal Federal da 4ª Região pretendeu ir muito além de simplesmente julgar o ex-presidente.
            Apresentou ao Brasil uma nova maneira de pensar, expressar e construir a justiça. Provavelmente a maneira de magistrados se comportarem na televisão, na internet e até nos julgamentos sem transmissão nunca mais será a mesma.
            Uma nova geração pede passagem.”. Joaquim Falcão é professor da FGV Direito Rio. Seus artigos podem ser encontrados em www.joaquimfalcao.com.br


Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...