domingo, 7 de janeiro de 2018

Pioneirismo

“O Amapá é um lugar especial para se viver, mas infelizmente depois da transformação em Estado passou a imitar o resto do Brasil com as mazelas políticas, mas somos um Estado jovem e com uma sociedade em formação, ainda dá tempo de escrever uma história diferente por aqui”.
Hercílio da Luz Mescouto



Roberto Gato
Um paraense de Bragança que veio para o Amapá; venceu e ganhou merecida cidadania amapaense em 2010 após propositura do deputado estadual Rosemiro Rocha Freire. “Mãe! Vou jogar futebol. Não! Só depois de tecer pelo menos 16 braças de corda Misio.” Assim foi a infância do bragantino Mescouto, que, franzino, corria atrás da Maricota pelos campos de chão batido de Bragança. Vamos conhecer a história desse pioneiro.
Hercílio da Luz Mescouto, nasceu no município paraense de Bragança, no dia 4 de abril de 1934. Sexto filho de uma família de 8 irmãos. José Maria (Zeca), Gumercindo (Jupira), Beatriz (Itize), Ângela (Gila), Raimundo (Biro), Mescouto (Mizio), Nazaré (Nazi) e Terezinha (Tilita). Mizio o apelido de casa famoso na roda dos amigos e familiares de Misio. “Ah...Não sei porque do apelido. Porém em casa todos tínhamos um pseudônimo. Era uma forma carinhosa de nos tratarmos. O pai, Joaquim Diniz Mescouto, contador da Prefeitura bragantina era o Quincas. Almerinda da Luz Mescouto, a mãe, era a Belinda. “Nossa! Minha mãe era famosa pelas Pantufas. Sandálias de corda de envira que ela fazia com uma habilidade divina. Mescouto homenageou a mãe com uma crônica “As Pantufas da Belinda” eram mimos. “Sabia que meu pai quando foi pra Belém conseguiu trabalho graças à indicação do governador acreano? Ele atendeu um pedido da sua esposa que adquirira uma Pantufa da Belinda e ficou apaixonada ao ponto de fazer o apelo ao esposo.”
Mescouto um homem de 83 anos, completa em abril próximo, 84, mantém a silhueta esquia. Saudável ele faz plano de mudar de Macapá com toda a família para o Rio de Janeiro, onde irá acompanhar a filha que vai fazer um curso preparatório para a diplomacia, que deverá ser cursada na faculdade Fluminense Rio Branco.
Vamos voltar para Bragança. Com um olhar profundo, como que retornando ao seu tempo de “petiz”, Mescouto volta a falar de sua infância. “Roberto estudei no Grupo de Escolar de Bragança. Lá fiz dois anos da escola primária. No dia 11 de junho de 1945 meus irmãos José Maria (Zeca) e Gumercindo (Jupira) foram para Belém servir à aeronáutica. Papai também foi transferido para Belém e aí fui junto. Em Belém concluir meu curso primário. Estudei na Escola Reunida Raimundo Espíndola e no Grupo Escolar Dr. Freitas. Em 1949 entrei no Colégio Paes de Carvalho, fiz dois anos do Ginásio, como precisava trabalhar mudei para o turno da noite e fui estudar na Escola Abrão Levi, onde completou o ginasial. Com 20 anos ingressei na aeronáutica. Lá passei três anos na função de Almoxarife, onde fiz curso para a função. Ao sair da aeronáutica ingressei na Petrobrás como chefe do almoxarifado. Foram 5 anos de uma experiência riquíssima. Naquele tempo os “vermelhinhos” queriam já se organizar para comandar a empresa mas não deixamos, o princípio nacionalista trazido das forças armadas falava mais alto.” Sentencia Mescouto.
Gato eu sai da Petrobrás porque passei no vestibular para a Faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Pará. Começa aí minha história com o Amapá. Formei, lembro bem, no dia 19 de dezembro de 1970. Ano que ficou marcado pela conquista do tri campeonato de futebol pelo selecionado brasileiro. No dia 13 de maio de 1971 cheguei ao Amapá. Recebi um convite do engenheiro Clark Charles Platon para assumir o canteiro de obras da Platon Engenharia. No Amapá obras aconteciam em todos os cantos. Mescouto, aliás, o engenheiro Mescouto, comandou a construção do Quartel Plácido de Castro da Polícia Militar, do Pronto Socorro de Macapá, o 3º Pavimento do Hospital Geral de Macapá,3º                                         Pavimento do Instituto Nacional de Seguridade Social, 12 casas do Banco do Brasil e etc.  No dia 1º de fevereiro de 1974 entrei no governo do Território Federal do Amapá. Fui convidado por um ilustre engenheiro. Joaquim de Vilhena Neto. Esquecido pelo Amapá. Joaquim de Vilhena, diz Mescouto, cuidava da BR 156. Ele guardava na sua gazeta com todo zelo o projeto da BR e sabia ponto a ponto daquela Rodovia. Mas é assim, as pessoas são ingratas com a história de alguns.
Mescouto que foi um bom peladeiro nos campos paraenses, chegando a formar nas equipes do Águia e Olaria, lembra que no ano que entrou no governo territorial, o Brasil perdia a Copa de 1974 amargando um quarto lugar. Perdeu para a Polônia por 1 x 0, gol de Lato. “Joguei futebol, sempre adorei o esporte”. Afirma que não podia seguir carreira profissional, pois tinha que trabalhar e estudar. Futebol era apenas uma diversão.
Família
Gato; tive dois casamentos. Conheci minha primeira esposa no dia 11 de setembro de 1957, dia em que entrei na Petrobrás. Casei no dia 17 de outubro de 1958. Tive cinco filhos desse matrimônio. Marco Antônio, Denise, Maurício, Marcelo e Márcio. Casamento é bom até quando estamos felizes. Cuidei dos meus filhos, possibilitei a todos estudarem. Todos estão bem graças a Deus. Dificuldades todos passam, é normal. Terminado essa relação conheci uma moça amapaense, Delma e com ela casei em 21 de agosto de 2012. Mas já tínhamos uma relação estável antes de oficializarmos essa relação. Com a Delma tenho duas filhas. Caroline e Natália. Sou feliz.
Amapá
Sinto-me satisfeito em ter dado minha contribuição para o desenvolvimento do Amapá, mas ao mesmo tempo lamento por não ter tido a oportunidade fazer tudo aquilo que eu poderia fazer pelo Amapá. E se não fiz, com certeza foram as oportunidades tungadas por questões políticas.
Creio que a política não pode ser mais da forma como está. Espero que todos esses acontecimentos das sucessivas operações que combatem a corrupção no País sejam pedagógicas para que os políticos mudem seus conceitos e o povo também tenha consciência da necessidade de mudança. Esse ano é um ano eleitoral, o Brasil precisa de ordem e progresso #fica a dica.
Estou indo para o Rio de Janeiro acompanhar minha filha, mas não vou cortar o cordão umbilical com o Amapá, afinal tenho filhos, netos e bisnetos amapaenses. Vou de lá de o Rio estar vigilante as coisas que estiverem acontecendo no Amapá. O Amapá é um lugar especial para se viver, mas infelizmente depois da transformação em Estado passou a imitar o resto do Brasil com as mazelas políticas, mas somos um Estado jovem e com uma sociedade em formação, ainda dá tempo de escrever uma história diferente por aqui


2 comentários:

  1. Excelente documentário; fiz um rápido estágio de técnico em edificações sob a batuta deste grande mestre da engenharia engº Hercílio Mescouto em meados de 1971 no escritório da Platon Engenharia; na época eu era estudante na Escola Técnica Federal do Amapá e minha mãe Maria Helena Amoras conseguiu este rápido estágio; meus agradecimentos pela atenção que me foi dada na época e principalmente em conhecer o início das obras da construção do quartel para a policia militar do Amapá, uma obra que tem suas fundações perfeitas até para terremotos; como calouro de primeira viagem eu só tenho que agradecer, valeu; conclui meu estágio em Belém do Pará na construção de 420 casas do cj Jardim tropical. Heraldo Amoras_Monte Dourado-Pará.

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  2. - História linda que para muitos surge de uma "estória"!. Como é bonito o relato de quase toda uma vida contada com riqueza de particularidades. Merece parabéns e a nota máxima do leitor.

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