sexta-feira, 9 de março de 2018

UM CONVITE À FÉ RACIOCINADA


UM CONVITE À FÉ RACIOCINADA

                             *Flávio Nunes Brito. MSC.
        A Ciência vem escrutinando os livros considerados sagrados de algumas das maiores religiões do mundo (judaísmo, cristianismo e islamismo). Desse modo, à luz da razão, muito dos conteúdos das escrituras não passam de narrativas lendárias. E sob o prisma   científico, esses textos não de ter inegável valor histórico, cultural e literário.
        Entre os profissionais da ciência, que se debruçam sobre o estudo de escrituras   sagradas, arqueólogos e antropólogos apresentam aqueles textos provas concretas da existência da visão cosmológica de povos antigos como os hebreus e os árabes, descendentes do personagem Abraão. Diz-se personagem porque os estudiosos não garantem cientificamente ter existido de fato um homem real chamado Abraão.
         Um indivíduo na condição de adepto, qualquer que seja seu credo religioso, pode e deve, caso se permita, aprofundar nos estudos da crença que professa. No entanto, ao fazê-lo de um ponto de vista científico, consultando os pesquisadores, a fim de superar a visão superficial, própria do senso comum. E para superar o reducionismo na compreensão das ‘’coisas divinas’’, não precisamos ser todos cientistas ou teólogos. É só colocar sua crença entre o polo da razão e da fé cega.   
Em sã consciência, isto é, livre das amarras dos dogmas, seria necessária uma boa dose de coragem para permitir colocar sua fé ou crença, na condição de objeto de uma análise baseada nos critérios de cientificidade, no mínimo, fundada num bom senso.
 O indivíduo, em geral, embutido de uma orgulhosa, e nem sempre fé sincera, só excepcionalmente teria motivos para pôr em questionamento suas convicções religiosas. O risco seria demasiadamente grande, pois o que para ele hoje representa uma verdade inabalável, amanhã poderá se transformar num castelo de areia.  
         É possível, dada a evolução do pensamento religioso, adotarmos uma fé que não se baseia mais no princípio: “não compreenda, creia’’, e passarmos a adotar o princípio inverso: ‘’antes de crer, compreenda’’. Trata-se do princípio da fé raciocinada. A fé cega, infelizmente, tem conduzido milhões de pessoas ao fanatismo e à loucura. Haverá um tempo no qual não existirá mais espaço para a cegueira da fé irracional.
 A fé irracional, vale lembrar, tem sido usada desde tempos imemoriais, por alguns inescrupulosos, para ludibriar as pessoas. Eles transformam o sagrado em profano, isto é, fazem da religião uma mercadoria que aumenta seu valor na medida em que aumenta os adeptos da fé cega. Esse tipo de fé levou milhares de pessoas ao crime coletivo como nas Cruzadas. Atualmente, pelo menos nas sociedades democráticas, todos temos opção de escolha.
 É preciso notar que não se está aqui questionando a existência de Deus. Questionar a Bíblia, o Alcorão, a Torá, o Talmude ou qualquer escritura considerada sagrada, não corresponde negar a existência da religiosidade humana. Acreditar em Deus diz respeito à opção religiosa de cada um garantida constitucionalmente.
A questão diz respeito à fé que não se fundamenta mais numa religiosidade cega, irracional. Mas sim na razão, na fé raciocinada. Ela é necessária, sobretudo em nossos dias, porque os atuais falsos profetas deixarão de ter plateias e terão que mudar de profissão. A fé raciocinada acaba com a vulnerabilidade frente à falácia, à demagogia, ao sofisma, ao engodo, à mentira e à retórica mesquinha dos oportunistas de plantão.
         Faço lembrar, para concluir, as palavras cunhadas no campo do espiritualismo científico: ‘’NÃO HÁ FÉ INABALÁVEL SENÃO AQUELA QUE PODE ENCARAR A RAZÃO FACE A FACE, EM TODAS AS ÉPOCAS DA HUMANIDADE’’.   
Autor: Flávio Nunes Brito.MSC. Estudos Linguísticos pela UFPA (2005).Acadêmico de Direito da Faculdade Estácio-AP


       
       
       
       

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