Prédio histórico do Mercado Central de Macapá – 65 anos
Da Editoria
O Mercado Central foi construído no governo
de Janary Gentil Nunes e inaugurado em 13 de setembro de 1953, dez anos após a
criação do Território.
O prefeito do município de Macapá era o
Senhor Claudomiro Moraes (pai do radialista Euclides Moraes). Para uma cidade
que estava sendo erguida, a arquitetura era suntuosa para o tempo e para a
humilde população, com casas de pau a pique e barro.
Ele encontra-se erguido em um local de
importância histórica da cidade de Macapá, bem em frente à Fortaleza de São
José de Macapá.
Os detalhes da construção são um passeio na
arquitetura do tempo. A estrutura que suporta o telhado e a fachada são exemplos
disso.
Logo após a conclusão do Mercado também foi
erguido, em frente a um ponto de ônibus que ficou conhecido na cidade como Clip
Bar, que na verdade era um estabelecimento comercial (um bar) que servia de
abrigo de passageiros para os ônibus circulares da cidade.
A frente do Mercado Central de Macapá fica
para a Cândido Mendes, a principal rua do comércio local.
A Praça onde está o Mercado é denominada de
Theodoro Mendes. Em homenagem ao ex-prefeito de Macapá no período de 1896 a
1916, juntamente com o Coronel Coriolano Jucá, que foi de Intendente a
prefeito.
Na parte interna foram construídos 16 boxes
para a comercialização da carne verde e as “marrons”, salgados e verduras em
geral. Nos outros 20 boxes internos funcionavam para venda de gêneros alimentícios
oriundos de hortifrutigranjeiros, rios e florestas.
Pelo lado interno do prédio existia um box
que durante longos anos foi local da Banca de Revistas Cinelândia, do conhecido
Nena Leão.
Me lembro bem que na lateral direita, pela
parte interna do prédio, existia um box onde funcionava a Mercearia do Chaquib.
Eu sempre comprava “gêneros de primeira necessidade”, lá com ele.
Além dos primeiros japoneses que vendiam
verduras e legumes lembro-me dos nomes de alguns açougueiros que tinham
“talhos” (boxes) de “carne verde”: a memória ainda me permite lembrar de alguns
deles: Filomeno, Navegante, Mafra, Mamão, Jucelito, Armando, Viana, Bengala e
muitos outros.
Situação atual do Mercado Central de Macapá |
Existia ainda na parte interna um boxe onde funcionava a economia popular. Havia uma balança preta, na qual a população podia conferir se o peso das mercadorias estava correto. Os policiais fiscais eram José Maria Gomes Teixeira (Manga), Pompeu, Amadeu Gama (Belisca Lua), Pereira (pai do Policial Civil Marivaldo), Tito Amanajás, Evangelista, Olavo e Pedro Sabe Tudo.
Na parte externa, pela lateral da Avenida
Antônio Coelho de Carvalho, situa-se o Bar Du Pedro, o mais antigo em
funcionamento. Começou sob a responsabilidade de um comerciante, primo do
Senhor Miguel Pinheiro Borges, que resolveu trabalhar na construção de Brasília
e passou para o Senhor Clóvis Dias. Foi ele quem colocou o nome de Bar de São
Luiz Gonzaga. A partir da década de 60 passou para o Senhor Pedro Nery da Cruz,
que adotou o nome de Bar Du Pedro, que funciona até hoje sob a coordenação do
filho. Ao lado, no beco dos sapateiros, funcionava a barbearia Rio Chic, cujo
proprietário era o Benedito, que tinha como sócios: Maurício, Moacir, Leobino e
Afuá. A Sapataria do Irmão e Sapataria Chic, de propriedade do Bira, filho do
barbeiro Benedito.
No canto que faz frente para o mercado de
peixe tinha a Ervanaria Amazônia, de propriedade do casal Martiniano e Benta.
Na parte externa, que dá para a Avenida
Henrique Galúcio, funcionou o Salão Latino Americano, onde trabalhavam os
barbeiros Manoel Brito, Alvim, Timboteua, Quincas.
Naquele box do canto também funcionou, entre
outros, a Farmácia do Hernani Guedes.
A construção do Mercado Central foi um marco do
Governador Janary Nunes
Nessa época a área comercial de Macapá ficava
restrita à Doca da Fortaleza e a Rua Candido Mendes. Com a inauguração do
Mercado Central o espaço nas laterais foi tomado por ambulantes. Isso fez com
que o governo municipal iniciasse a construção de pequenas lojas, nas laterais
do mercado.
Pelo lado da avenida Henrique Galúcio,
funcionavam: a Farmácia Droga Norte, de propriedade do saudoso Marlindo
Serrano; também a Ourivesaria Estrela de Jesus; a Relojoaria Mido, de
propriedade do Zé da Mido, e muitos outros.
Passaram pela direção do Mercado os seguintes
administradores: O primeiro deles foi o Sr. Meton Jucá; os demais foram Aurino
Borges de Oliveira, Raimundo Pessoa Borges (Marituba), Raimundo Nonato da Penha
(Laxinha), Pai Faca (irmão do ex-prefeito Azevedo Costa) e Pedrinho. (Texto de
Edi Prado)
Mercado Central, hoje.
Em 2015 com festa e promessas a atual
administração da capital amapaense deu início a um projeto faraônico que seria
a revitalização do Mercado Central, um dos maiores patrimônios dos macapaenses
e que é marco da cidade de Macapá como capital. E está paralisada.
A falta de disponibilidade de recursos
federais é o fator que impede a conclusão da reforma do Mercado, informou a
prefeitura de Macapá, ressaltando que executou a primeira parte das obras
dentro do período estimado, a entrega chegou a ser prevista para março, porém a
situação econômica do país impediu a captação de novos recursos.
Essa foi a terceira data de reabertura
anunciada. A primeira era para maio de 2016 e a segunda para setembro do mesmo
ano. A obra foi orçada em aproximadamente R$ 2 milhões.
“Nosso mercado é um monumento histórico que
está abandonado. Muitas cidades conservam seus mercados e mantém a tradição,
mas o de Macapá está esquecido. Muitos trabalhadores dependiam da renda aqui no
mercado e agora não tem onde fazer suas vendas. A falta de segurança e
saneamento dificulta quem ainda permanece com seus negócios aqui”, reclamam os
comerciantes desalojados que estão em frente ao mercado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário