sábado, 14 de julho de 2018

ARTIGO DO GATO



Sob a égide da desconfiança

Chegou definitivamente a campanha eleitoral. Legalmente estamos na pré-campanha, mas a caça ao voto está a todo pano, creiam.
Claro que essa não é a novidade. Até porque novidade em eleição é muito difícil, mas nessa, em particular, comportamentos se acentuam. Com a deflagração da Lava Jato e o natural descrédito dos políticos com mandato, os novatos estão apostando todas as fichas no discurso mais óbvio do Universo, o da honestidade. A turma acha que a fórmula é a desqualificação dos veteranos. Isso pode funcionar ou gerar uma desconfiança muito grande naqueles que fizeram do discurso da honestidade seu mantra, até porque muitos dos que estão hoje na berlinda usaram esse mesmo discurso quando estrearam.
Logo... A questão brasileira não está no político, está no brasileiro desapegado da educação moral e do civismo. Desapego às coisas coletivas. A má formação da sociedade brasileira nos coloca muito na lógica do “quem cozinha e reparte e pra si não tira a melhor parte é burro ou não entende da arte”. Se é que me entendem.
Fico olhando de longe e quando algumas figuras que conheço de priscas eras vêm com o discurso de que vão fazer diferente, saio de perto. Estou sim muito descrente, até porque como já afirmei anteriormente o buraco é mais embaixo. Todos sabem que o comportamento inadequado à frente da coisa pública não está restrito ao Executivo e Legislativo, não é mesmo?
Quando olhamos pela ótica antropológica percebemos que caminhamos muito atrás das sociedades do Velho Mundo (Europa) e do Oriente (China e Japão) organizadas secularmente antes da brasileira. Desde Heródoto, na Grécia, até o movimento iluminista deflagrada na Inglaterra, com a Revolução Gloriosa, e consagrada da França com a Revolução Francesa, que a sociedade mundial se organiza e se multiplica, através das conquistas, como foi o caso dessa porção de terra dominada pelos portugueses. Mas, nesse sentido, é importante frisarmos que a colonização nacional foi de exploração, no início os portugueses não demonstraram nenhum interesse de se assentar por essas bandas. Se não fosse Napoleão Bonaparte colocar D. João VI pra correr de Portugal nosso atraso deveria ser muito maior.
Vejo nossa sociedade ainda em maturação política, política no sentido amplo, não apenas pela ótica partidária, que, aliás, cumpre apenas a exigência da Lei, pois a pulverização de partidos não assegura ideologia distinta entre um partido e outro.
Fico muito ressabiado quando vejo os salvadores da pátria abordarem o eleitor cansado da corrupção e da sacanagem, mesmo sendo percebido as escancaras que o eleitor também gosta dos favores pessoais que lhe são ofertados de forma generosa. Aí a eleição é mesmo uma relação promíscua entre eleitor e candidato, e o pior que muitas das vezes que propõe a relação espúria é o próprio que depois com a maior cara de pau reclama do mau desempenho daquele que lhe pagou o voto. É isso, ou estou vendo fantasma.
Num paradoxo a justiça eleitoral propõe festa democrática, impondo a obrigatoriedade do voto, fala de liberdade de expressão, mas me restringe falar o nome do meu candidato, a Constituição garante a propriedade do sujeito, mas o proprietário não pode pintar seu muro, e a parede da casa dele do jeito que ele quer e pretende, e sob a égide da isonomia o TSE distribui a verba do Fundo Partidário dando mais para quem tem mais e menos para quem tem menos. Isso é isonomia? Vamos votar, gente, e participar desse processo que apesar de todos os pesares é a única forma capaz de transformar uma sociedade, desde que, votando com consciência.

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